Passei em uma loja de celular, de uma destas operadoras que temos, para comprar um novo aparelho e chip. Em todo o tempo eu simplesmente me sentia estranha, culpando o quase acidente, óbvio, mas não era ele que estava indo e voltando de minha mente. O sorriso de Camila era um sorriso que preenchia, pois ele era leve, e seu olhar acompanhava daquela energia.
Naquele fim de tarde enviei uma mensagem para Lúcia antes que a mesma surtasse de preocupação avisando que havia quebrado meu celular, mas não quis entrar em detalhes e, por sorte, como ela estava ocupada com sua família, não pôde me fazer uma de suas tradicionais chamadas de vídeo.
Aquela noite eu escolhi ficar reclusa, aproveitando do silêncio do apartamento enquanto fugia da lembrança sobre minha ex ter me enviado uma mensagem, o que, consequentemente, me fazia reviver todos os demais acontecimentos daquele dia, inclusive quando me foi entregue um certo papel, o qual mantive quietinho no mesmo lugar desde que o peguei.
Pro dia seguinte resolvi que acordaria cedo pra poder aproveitar melhor o dia e principalmente a praia, que ficava tão perto de onde estava. Acordei então às 07h, tive meu momento de preguiça e levantei às 07:30h. Tomei meu banho matinal ao som de uma boa música, passei meu protetor solar, me vesti, arrumei minhas coisas, tomei meu café da manhã, lavei minha bagunça e 09:30h saí de casa.
O dia estava lindo e relativamente quente. Acredito que uma das melhores partes de ser uma terça-feira era que a praia não estava cheia... graças a Deus, eu diria. Estendi minha canga o mais próximo possível de um chuveiro, tirei minha roupa ficando apenas de biquíni, me molhei por ali mesmo, pus meus óculos escuros e me deitei. O fato de já ter andado por ali no dia anterior me foi muito útil, pois já tinha mais ou menos em mente tanto o que fazer, quanto o onde ficar.
– Alô. – Falei ao atender uma ligação.
– Não salvou o meu número por quê? – Me perguntou Lúcia.
– Ai amiga, esqueci.
– Onde a senhora está, Madame?
– Estou na praia cumprindo suas ordens de aproveitar meu tempo livre. – Respondi sorrindo.
– Acho bom mesmo. – Riu. – Vai me contar o que houve com o seu celular, ou não?
– Mais tarde te conto, agora to aqui pegando sol.
– E não consegue fazer as duas coisas, não? – Reclamou.
– Depois eu te conto, mais tarde, se você puder a gente conversa. Como está a sua mãe?
– Ta ótima, está reclamando de tudo e todos, então já sei que está perfeita.
– Que bom. – Sorri. – E a casa ta cheia?
– Jesus! E como! Já estou surtando aqui nesse fim de mundo, afinal, eles resolveram morar no interior do Estado depois que saíram daí. Não sei se agüento ficar aqui até o final não, mas qualquer coisa te aviso e te encontro aí no Rio.
– Ta bom. – Sorri. – Vou desligar e curtir um pouco mais do meu sol.
– Curte mesmo, aproveite e não se esqueça, se permita CONHECER as pessoas, saia dessa bolha fingida que você vive e realmente VIVA.
– Ta bom. – Respondi revirando os olhos, mesmo sabendo que ela não estava me vendo.
"Conhecer as pessoas". Inevitavelmente a lembrança do sorriso de Camila me tomou a mente e fez comichar meu coração. "Conhecer as pessoas". Eu não queria conhecer as pessoas, não queria me aprofundar em nada relacionado a ninguém e andava me esquivando disso com todas as minhas forças, mas, enfim, talvez estivesse precisando de uma companhia. Estava?
O tempo foi passando e, além de entediada, porque, por mais maravilhoso que fosse estar ali com aquela brisa, o sol e a vista, sinceramente, praia não é e nunca foi algo que me enchesse os olhos. Como disse, o tempo foi passando, a hora do almoço foi se aproximando e, com ela, uma pergunta chegou. Onde eu iria almoçar naquele dia?
Olhei ao redor e percebi que, de todos os lugares que vi ontem, mesmo que tenham sido poucos, por fim acabei me posicionando justamente onde seria mais perto do restaurante onde havia almoçado no dia anterior. Consciência? Destino? Ou quem sabe o meu próprio inconsciente querendo me mandar alguma mensagem, que obviamente estava sendo ignorada?
Eu precisava almoçar, isso era fato e não pretendia voltar para casa e ainda me enfurnar na cozinha para preparar algo, isso não era muito do meu feitio. Por que se ter trabalho quando já se trabalhou bastante para se ter dinheiro e não precisar mais ter trabalho com coisas simples da vida? Não é uma questão de ostentação, pra mim era apenas a ação de me devolver de forma positiva todo o esforço que fiz ao longo daquelas anos.
Enfim. Me levantei, me lavei rapidamente no chuveiro, vesti minha roupa de praia e comecei a sair de lá. Caminhei pelo calçadão até o local onde quase poderia ter acontecido uma desgraça e me senti levemente nostálgica. Como pode se sentir assim com algo que aconteceu em tão pouco tempo?
Atravessei a rua, desta vez com bastante atenção e calma. Adentrei ao restaurante enquanto sentia meu coração palpitar de forma diferente. Havia uma certa ansiedade em meu corpo e percebi meus olhos a procurá-la pelo salão. Me sentei e respirei fundo. Estava ligeiramente tensa.
– Você por aqui novamente?
Aquela voz era familiar e era justamente a voz que vinha querendo escutar desde que saí daquele local no dia anterior. Ergui meus olhos e lá estava ela, sorrindo com um ar debochado, mas também uma surpresa no olhar. Acho que Camila não esperava me ver ali novamente e lá estava eu.
– Sim. – Respondi olhando-a fixamente com os olhos cerrados enquanto sorria. – Eu vim porque o prato favorito de Camila me conquistou. Pode me trazer mais, por favor?
– Com certeza. – Respondeu ela.
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LGBT - Quando Acontece
Storie d'amoreLetícia é uma empresária rígida e bem sucedida que se vê obrigada a tirar férias de seu trabalho. O destino? A Cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá, enquanto descobre e explora novos lugares da região, ela conhece Camila, que é a leveza em meio ao...