Poucos instantes depois, consegui me deitar no sofá e dei graças a Deus por Camila não estar ali pra presenciar absolutamente nada do que havia acontecido, mas esse também era um sentimento que me chateada, porque se Beatriz já estava superada, não era pra me sentir tão incomodada com tudo isso.
Respirei fundo enquanto apertava os olhos tentando controlar as lágrimas que forçavam para descer. Não queria chorar, não podia, mas meu peito ardia tanto que estava sendo difícil segurar e isso me gerava ainda mais raiva de mim mesma porque, normalmente, eu já odeio chorar, quanto mais em momentos como aquele.
Minha cabeça estava um furacão de pensamentos, inclusive sobre a última informação lançada por Beatriz, onde ela dá a entender ter ciência a respeito de Camila, já que mencionou eu ter estado na praia naquele mesmo dia. Na verdade ela não deu a entender, ela foi quase objetiva ao mencionar a praia, ou seja, ela sabia sim o que eu estava fazendo lá e com quem.
Meu celular apitou e comigo mesma disse:
– Deve ser Camila.
Inevitavelmente as lágrimas desceram e eu sentia como se fosse toda aquela angustia transbordando de dentro de mim. Meu choro era denso, era sofrido e incontrolável. As lágrimas não escorriam, elas jorravam por meu rosto e molhavam o que estivesse em seu caminho.
"O que eu faço? É justo fazer isso com essa menina? É justo deixar ela entrar na minha vida desse jeito? Eu não sei o que faço... não sei o que quero... não sei o que devo fazer. Eu gosto tanto dela... eu estrago todas as relações que eu toco... não posso ser egoísta... não quero fazer Camila sofrer" – Pensava eu compulsivamente.
Me sentei ofegante e encharcada, olhei ao redor em busca do meu celular, que estava sobre a mesa de jantar. Busquei-o e o desbloqueei enquanto me sentava novamente. Realmente era ela, que havia me mandado uma simples mensagem, dizendo que gostaria de ainda estar ali comigo.
Não consegui responder. Coloquei o telefone ao meu lado, no sofá, e voltei a chorar de forma soluçante. Ainda sentada, apoiei minha cabeça em minhas mãos enquanto explodia por dentro de uma forma que a muito tempo não acontecia. Tudo era tão intenso que me sentia realmente como um vulcão entrando em erupção.
Por fora, no dia a dia, dizem que pareço ser como um iceberg, fria e calculista, uma pessoa que não parece ter sentimentos, mas por dentro, sem que ninguém saiba, eu me importo de uma maneira absurda sobre muita coisa e guardo, absolutamente tudo que posso, eu guardo, até um momento que não consigo mais segurar e simplesmente transbordo, ou explodo.
Peguei novamente meu celular, olhei pra mensagem já lida e fiquei imóvel, congelada, doida pra dizer que era exatamente isso que queria, que ela estivesse ali comigo, mas como aqueles pensamentos gritavam alto dentro de mim, eu simplesmente não conseguia me mexer, não conseguia fazer nada, não conseguia dizer nada.
Fechei o telefone, novamente sem responder, e o coloquei ao meu lado no sofá. Me encostei, praticamente me jogando pra trás, e deitei minha cabeça. Eu olhava pro tento enquanto sentia meu corpo começar a se acalma e ser tomado por uma exaustão tão grande, que parecia que eu havia feito uma maratona de corrida, sem nem ter saído da sala.
O sol foi se pondo enquanto nuvens tomavam conta dos céus e, ao fim de tarde, uma tempestade começou a cair. Haviam duas tempestades caindo, uma dentro de mim e outra lá fora. Trovoadas, raios e relâmpagos. Era exatamente assim que me sentia há poucos instantes, embora já estivesse no pós tormenta, exausta e destruída... realmente, graças a Deus por Camila não estar ali pra presenciar tudo isso.
Era muita chuva, eram muitos clarões, e eu ali sentada, de olhos fechados, sendo apenas um corpo largado sobre o sofá. Minha respiração já estava mais calma, meu peito já estava menos angustiado, mas a tristeza ainda era presente e voltava de vez em vez, enquanto ainda pensava, mesmo que com menos força, sobre as mesmas coisas.
Meu telefone começou a tocar, ele vibrava ao meu lado e, de início me recusei a olhar, pois não queria ver seu nome escrito no visor, então o deixei chamar até cair, mas a ligação recomeçou e eu sabia que teria que olhar, embora não quisesse atendê-la no estado que estava, mas, pra minha surpresa, não era Camila quem estava me ligando.
– Lúcia?
– O que houve?
– Como assim o que houve? Você que me ligou.
– Letícia, eu to aqui angustiada e você não sai da minha cabeça, então vamos, me fala logo o que aconteceu, porque eu sei que aconteceu alguma coisa e essa sua voz de choro só me deixa ainda mais angustiada.
Realmente nós tínhamos disso, não era sempre, mas de vez enquando acontecia, principalmente da parte dela pra mim, ou seja, quando algo muito sério e ruim acontece comigo, Lúcia parece sentir isso, é como se fosse um alerta que fica piscando na cabeça dela, sempre mandando que entre em contato comigo e, pra minha surpresa, mais uma vez aconteceu.
Respirei fundo e, vencida pela circunstancia, disse:
– Beatriz apareceu de novo dizendo que me ama e que não vai desistir de nós, ela deu a entender que eu contribui pro que houve por deixá-la muito sozinha em casa e...
– Letícia. – Me interrompeu ela. Eu me silenciei e Lúcia disse. – Nesse tempo todo quase não falamos do assunto porque você sempre foge dele, mas acho que ta na hora de você ouvir algumas verdades.
– Que verdades? – Perguntei, emocionalmente exausta e realmente disposta a ouvir.
– Pra começar, Beatriz é tóxica e eu vou te explicar o porquê.
– Me conta.
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LGBT - Quando Acontece
RomanceLetícia é uma empresária rígida e bem sucedida que se vê obrigada a tirar férias de seu trabalho. O destino? A Cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá, enquanto descobre e explora novos lugares da região, ela conhece Camila, que é a leveza em meio ao...