13- Dormi

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Tê-la em meus braços e sentir o seu sabor era algo tão misteriosamente estranho e prazeroso. Nós nos conhecíamos a poucos dias, poucos mesmo, e a emoção que aquele momento me causava era algo tão surreal que me embriagava. De álcool eu estava quase sóbria, mas dela... por ela estava enlouquecendo.

Respiração ofegante, suor, calafrios, coração acelerado. Assim nós nos envolvíamos, ainda pela sala, ainda em pé, contra a parede, como se nossas vidas dependessem daquele momento. Ansiedade, desejo e... respeito? Havia um tipo de respeito entre nós, uma consideração talvez, não sei, mas creio que esta seja a melhor palavra... respeito.

Nos últimos meses o que menos senti foi respeito, ou consideração, mas não que eu fosse mal caráter, ao menos sempre tentei não ser, principalmente com pessoas que nitidamente queriam mais do que apenas um momento, enfim, era diferente e não sei explicar, apenas sei que havia um respeito por Camila que não era de mim sentir, ele ia além do físico e da pegação.

Minha mente se preenchia de medo e paixão, tanto que ao perceber já estávamos, ambas, retirando nossas blusas e ficando apenas de sutiã. Camila tinha um corpo lindo, ao menos para mim e, agora que começava a ficar mais desnudo, eu ia apenas tendo mais certeza do que já sabia.

Ela me empurrou em direção ao sofá, se sentou sobre mim e nos olhamos. Ofegante, ficamos um breve segundo assim, como quem se pergunta se o que está fazendo está certo ou errado, mas confesso, com aquela visão, estava difícil ter dúvidas. Camila se inclinou sobre mim, agora sem tanta urgência, e me beijou enquanto tocava meu rosto suavemente com uma das mãos. Aquele toque não mexia apenas com o meu corpo, ele era carinhoso, diferente... íntimo.

– Podemos ir mais devagar? – Me perguntou ela entre um selinho e outro.

Minhas mãos estavam a caminho do fecho de seu sutiã quando ouvi aquela pergunta. Minha vontade era de ir além e era o meu instinto quem me pedia isso, mas assim que ela me perguntou, de pronto, enquanto repousava minhas mãos em sua cintura, respondi:

– Podemos sim, claro. Deita aqui do meu lado. – Sugeri.

Camila se deitou ao meu lado, dentro do meu abraço, confortando seu rosto em meu peito enquanto me abraçava, não só com seu braço, mas também com sua perna, pondo-a sobre mim. Não vou dizer que há tempos não fico assim com ninguém, pois seria mentira, mas com aquele clima a nos envolver sim, fazia tempo, mas o que me serviria de "gatilho", na verdade não me afetou, pois havia algo diferente ali e eu não entendia o que era.

– Você tá bem? Te chateei de alguma forma? – Perguntei realmente preocupada.

– To bem sim, – Ergueu o rosto, me olhou sorrindo e me beijou. – você não fez nada que eu não quisesse. – Completou sorrindo, agora com um olhar mais sensual.

Eu a olhava em silêncio e com uma pequena angustia no peito. Acariciei seu rosto enquanto a mantinha firme em meu braço. Agora conseguia enxergar mais do que apenas a sua leveza e alegria. Camila tinha sua história, assim como todos temos, ela não era apenas mais um corpo, ela tinha alma, uma alma marcada pela vida, mas ao mesmo tempo alegre.

Eu sorri e, involuntariamente, disse:

– Há muito tempo que não consigo simplesmente esquecer do Mundo ao meu redor como você me fez fazer hoje.

– Eu também. – Sorriu de cantinho e levemente constrangida. – Eu tava precisando.

– Eu também. – Sorri.

Nos beijamos, com mais profundidade, mas com menos urgência. Camila chupou meu lábio inferior, segurando-o entre os dentes e o puxando-o com jeitinho. Nos olhamos novamente com carinho e eu, sem graça e sem reação, perguntei:

– Vamos tomar um banho?

– Vamos sim, preciso. – Sorriu.

Levei-a até o banheiro do meu quarto, dei-lhe uma toalha e uma escova de dentes das que haviam lá para visitas, uma muda de roupas minhas de dormir e, enquanto ela tomava seu banho, minha"ficha" começou a cair sobre o que não só estava acontecendo, mas também sobre o que havia acabado de acontecer naquela sala.

Ela saiu linda e cheirosa daquele banheiro. Eu estava sentada na cama, de frente pra porta, quando por ela, Camila passou. Em silêncio, caminhou em minha direção, parou diante de mim, colocou sua toalha aí meu lado, pôs suas mãos do meu rosto a minha nuca e, me olhando, disse:

– Obrigada pelo convite, agora vai tomar seu banho, vai. – Sorriu e saiu.

– Doida. – Brinquei enquanto me levantava.

Entrei no banheiro com minha toalha e roupa, liguei o chuveiro, mas antes de entrar, ainda fora do box, respirei fundo enquanto me olhava no espelho e me perguntava onde eu colocaria Camila para dormir. A água quente lavava minha alma enquanto escorria por meu corpo e, por alguns instantes, consegui simplesmente em não pensar em nada.

Não sei quanto tempo demorei em meu banho, até porque não olhava o relógio a bastante tempo, mas quando saí ela estava deitada em minha cama, sobre as cobertas, como quem aguardava, mas foi vencida pelo sono e foi neste momento que percebi que já eram quase 4h da madrugada.

Ajeitei as coisas que precisava ajeitar, descobri o lado vazio da cama, com jeito, consegui fazê-la se virar até lá, a cobri e, antes de deitar, parada diante da cama e com as mãos em minha cintura, respirei fundo e concluí que assim seria, mas não que eu não quisesse, apenas lutava contra, de alguma forma.

Me deitei ao seu lado após apagar todas as luzes e fiquei poucos instante, mesmo que entorpecida de sono, olhando para o nada. Camila se virou pra mim e se colocou, como antes, dentro do meu abraço. Eu congelei, foi instantâneo, e pensei em sair daquela posição, mas era tão bom que não consegui... dormi.


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LGBT - Quando AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora