Cap 5.2 | Escolha suas batalhas

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Percy

Puxo o freio de mão e tiro a chave da ignição. Não é sempre que consigo vir buscar Marina na escola, mas sabendo que hoje ela iria conversar com seu “arqui-rival”, pensei que uma carona melhoraria seu humor. Cerca de três carros estacionados à minha frente, vejo que outra pessoa teve a mesma ideia. Paro por só um segundo antes de abrir a porta e sair. A vozinha interior que me perguntou porque eu havia decidido ir comprimentar Annabeth Chase sendo colocada de lado rapidamente. Piper sempre diz que eu ignoro meu Bruno interior com muita rapidez. Como se ela não fizesse o mesmo.
A mulher está do lado de fora do carro, encostada na porta do carona, os olhos no celular. Com os cabelos soltos nos ombros, admito que tenho que concordar com Marina sobre ela ser bonita. Não que eu tenha dito isso antes, mas Marina disse, e tenho que ver que ela tem razão.

– Ansiosa em saber se os dois sobreviveram?

Ela levanta os olhos atordoantementes cinzas para mim, a confusão sendo substituída pelo reconhecimento e logo depois pelo riso. Acho que estamos levando toda a situação com bastante bom humor, considerando o quanto os ânimos de nossos filhos podem ficar, hum, alterados, digamos assim. Mas a ideia de adolescentes de catorze anos terem arqui-inimigos na escola é bastante engraçada. Pelo menos pra mim. A Sra. Chase já é um pouco mais difícil de ler. Não consigo deixar de ter a sensação que devo estar com a coluna reta perto dela. Mas o sorriso que me dirige é gentil e o brilho que colore seu cinza é de diversão.

– Olha, David é bastante criativo pra resolver as encrencas que se mete, mas eu apostaria na Marina hoje. Ela parece que sabe se cuidar.

A piada me pega desprevenido. Meu sorriso é mais largo do que provavelmente deveria ser ao responder.

– Eu tenho a impressão de que ela estava praticando exercícios de respiração hoje de manhã antes de sair de casa, pra se acalmar. Então minha aposta de quem manteve a situação sob controle, hoje, vai nela também.

Ela assente, tentando fazer cara séria, mas o canto dos lábios ainda treme dos músculos do sorriso.

– Você tinha isso na escola também? Implicâncias e rivais? Porque pra mim é curioso demais. Acho que eu sempre fiquei mais na minha, sabe?

É difícil acreditar em um cenário onde ela não chamasse atenção, mas vai saber. Adolescência acontece diferente pra cada um. Tomo a liberdade de me apoiar no carro também, ao seu lado, meus olhos acompanhando o movimento no portão da escola.

– Pra ser sincero, minha vida escolar foi bastante agitada. Eu não era exatamente calmo e tranquilo. Uma vez, causei uma explosão no banheiro, tinha água por todo lado. Mas a garota estava tentando colocar minha cabeça na privada. Foi puramente em autodefesa.

– Não estou surpresa. – Eu me viro em falsa indignação e ela só ri, não me levando a sério. É curioso. Parece que ao desbloquear a permissão de chamá-la pelo primeiro nome, veio no pacote poder compartilhar piadas e risadas. Eu não esperava por isso, mas estou agradavelmente surpreso. – Assim, a parte do banheiro me pegou, admito. Mas consigo te visualizar, não sei, andando de skate pelo corredor. – Volto a encarar os portões, dessa vez eu mesmo rindo, porque eu, de fato, fazia isso. Ela continua. – Então me diga, como alguém que tem mais experiência em explosões escolares. Eles vão ficar bem, certo?

– Vão sim. – Minha voz mais firme agora, embora eu não saiba se faz diferença. Cada vez mais adolescentes saem pelos portões, bicicletas circulam, grupos vão para o ponto de ônibus, buzinas de pais soam avisando seus filhos da posição de seus carros. Barulho. – Eles não querem realmente o mal um do outro, só não tem muita paciência. Não sei se porque são muito diferentes ou muito parecidos.

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