Cap 3.1 | Saudades

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Piper

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Piper

Acredito que uma das coisas que me impeliu a continuar no trabalho como repórter correspondente mês após mês, ano após ano, mesmo nos dias em que a saudade de casa apertava, era como cada lugar me deslumbra. Quando é um lugar novo, eu sinto como se devesse absorver todos os mínimos detalhes que entram em meu campo de visão. E quando começo a me acostumar com o lugar, quando lembro qual rua devo virar para chegar em uma padaria que já estive antes, a familiaridade do gesto é como se transformasse aquela imagem absorvida com tanta ânsia no início em um quentinho no peito de pertencimento. Nunca deixei de amar isso. De amar um lugar novo e continuar amando-o até que se transforme em um lugar velho para mim. Amar preencher meu mapa mental de ruas no mundo que foram alcançadas por mim. Sinto isso aqui, na Califórnia, novamente. No banco do passageiro de Percy, Marina cantarolando no banco de trás uma música do The Weeknd que soa da rádio, observo a paisagem mais familiar que meu cérebro já guardou. Sorrio com o parque perto da casa de Percy onde Marina andou de bicicleta pela primeira vez. A rua com um bar de frente para o outro, onde havia tanta gente nas noites de sexta e sábado, que tomava a rua toda e as pessoas de um bar se misturavam com as do outro. E também a sorveteria que vende o sabor favorito do…

Os músculos da minha bochecha desmancham o sorriso quando esse pensamento os alcança. Bom, eu estava preparada para isso. Estar perto da minha família também queria dizer estar perto de muita coisa. Muitas memórias. Eu já vinha me preparando psicologicamente para a enxurrada que viria desde que tomei a decisão de voltar de forma mais permanente. Aparentemente, não me preparei o suficiente. Não que importasse já que as chances de encontrá-lo são tão pequenas. Droga eu nem deveria estar me preocupando em encontrá-lo ou não. Já fazem o que, oito anos? Eu deveria ser capaz de falar bom dia e atravessar a rua. 

Percy me olha esquisito devido a risada que escapa de mim com a imagem mental de mim mesma cruzando a calçada ao ve-lo. Estou exagerando, é claro. Com certeza já o superei, já se passaram muitos anos. Estou apreensiva, só isso, porque vai ser constrangedor. Se eu de fato encontrá-lo, vou notar que ele ainda está muito bonito, reparar na aliança de casamento que ele muito provavelmente vai ter e seguir com a minha vida, como sempre fiz. 

Take it Lightly | au Percabeth Onde histórias criam vida. Descubra agora