Percy
Estou na bancada do bar, sendo o eleito da vez pra fazer os pedidos da mesa, quando vejo os cabelos loiros passando por mim e imediatamente a reconheço. Tenho vontade de rir com a coincidência de, mais uma vez, Annabeth estar presente na minha vida. Será que sempre foi assim, eu e ela tocando partes da vida do outro sem chegar no outro em si?
Volto para a mesa com as bebidas, mas não fico por lá, determinado a encontrar a mulher. Percebo que talvez tenha chegado a hora de admitir que eu esteja interessado nela. Uma conversa casual com piadas na porta da escola não indicava isso. Nem o nó na garganta que senti quando ela estava próxima demais de mim no mercado. Mas a grande vontade que tenho de encontrá-la que sinto agora, talvez seja um indicativo. Notei desde a primeira vez que se tratava de uma linda mulher, mas gosto de que ela sempre me pega de surpresa, seja com seu senso de humor, ou com o fato que se mostra acessível, mas também dá pra notar que ela é um livro fechado, o jeito que a presença dela parece ser leve e marcante ao mesmo tempo. Me faz gostar de ter a amizade dela, se é que já chegamos no ponto de chamar assim.
A encontro na bancada do bar, acompanhada por Hazel. A cabeça dela está apoiada na mão ouvindo atentamente algo que Hazel conta. Essa postura faz seu cabelo solto escorrer pelo seu braço, deixando as costas nuas pelo corte do vestido, exposta. Ela me vê antes de alcançá-la e abre um sorriso, um sorriso genuíno que não acho que ela mesma percebe que deu. Sorrio de volta, já com a atenção das duas sobre mim.
– Agora que a gente se reconhece, vamos nos encontrar em todo lugar?
– Parece que sim. – Reconheço a referência a nossa última conversa no mercado. Cumprimento Hazel também, que nos olha divertida, a cor azul néon do letreiro acima de nós que diz “Don’t stop me now” dança nas suas maçãs do rosto proeminentes pelo sorriso.
– Verdade, vocês se conhecem, – Hazel diz, no mesmo tom fingido que usou na minha casa e sei que ela contou a Annabeth sobre a visita. Acho engraçado que elas, em algum momento, conversaram sobre mim. – A história do chinelo.
Igual na sala do diretor, sinto mais do que vejo o olhar que Annabeth dirige à amiga e me esforço para não rir. A loira volta o olhar pra mim.
– Dessa vez posso dizer que nunca te vi por aqui com mais propriedade. Venho aqui desde antes de abrir praticamente. A dona é minha amiga de infância. – Acrescenta, lendo em mim a pergunta não feita. As pessoas normalmente adivinham o que estou prestes a falar, me chamam de livro aberto. Mas Annabeth parece quase ler minha mente às vezes. Espero que não.
– Ah, é mesmo minha primeira vez aqui. Na verdade, – olho pra Hazel, – estou aqui por uma série de indicações. O pediatra que Hazel recomendou pra Juniper que recomendou pra Rachel recomendou esse lugar e elas me chamaram.
– Will? Nossa, estou ficando confusa com essas conexões todas.
– Estou achando muito divertido isso sim. Parece até coisa de filme. – Ela se levanta do banco alto e agora, mesmo com os sapatos altos, fica quase uma cabeça mais baixa que eu. – Você disse que elas te chamaram… e vieram contigo?
– Sim! Juniper e Grover estão na mesa logo embaixo daquele letreiro verde água. Não quero atrapalhar a noite de vocês, mas tenho certeza que adorariam que se sentassem com a gente.
– Atrapalha nada! Adoro Juniper. Anna, vou ao banheiro rapidinho. Você espera os drinks que a Thalia ficou de entregar, por favor? E tudo bem a gente sentar com eles depois um pouco?
– Claro. Vou adorar conhecê-los. – Essa última parte ela diz olhando para mim e quando percebo Hazel já se afastou de nós. A luz azul em Annabeth parece emoldurá-la e não consigo imaginar outra cor combinando melhor com ela. – E não liga pra Hazel, não. Ela fica animada por qualquer coisa.
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Take it Lightly | au Percabeth
RomanceHá maneiras melhores de se conhecer do que ser chamado na diretoria porque sua filha adolescente arrumou confusão com o filho de outra pessoa. Mas quando se olha a vida com leveza, essa não é a pior das maneiras. Postagem todo sábado 😊