Cap 20.1 | Uma maneira de começar é contando

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Annabeth

Estou no meu quarto quando escuto a chave na porta da frente. Digo um oi alto, mas nenhuma resposta. Ou meu filho chegou em um humor de poucas palavras ou estou sendo assaltada por um ladrão que tem as chaves. O encontro na cozinha, um copo de água já na mão.

- Feliz ano novo, filho.

Ele se vira, quase se assustando. Recebo um sorriso, um abraço e um "feliz ano novo" de volta.

- Você está bem?

- Tô sim. Por que?

- Está meio quieto.

- Dormi tarde. - Ele dá de ombros, um verdadeiro ator. - O idiota do Lester me acordou cedo por motivo nenhum. Tô com um pouco de sono.

Assinto, penteando os cachos dele para trás com as duas mãos.

- E como foi a festa?

- Ok.

- Só ok?

Novo dar de ombros. É claro que ele não ia simplesmente me contar o que houve. Sobrava pra mim insistir de um modo delicado, já que David era um verdadeiro sabonete quando pressionado.

- Não aconteceu nada de divertido ou esquisito que você queira contar?

Ele parece pensar, colocando o copo na pia.

- Teve uma garota que passou a festa toda falando igual a uma personagem de Jane Austen. Achei isso divertido e esquisito ao mesmo tempo.

Ok, vou tentar de novo. Puxo uma baqueta perto dele e me sento.

- David, aconteceu algo com Marina?

Os olhos dele se arregalam e rapidamente se desviam de mim.

- Olha, não sei como ficou sabendo disso, mas aqueles garotos tiveram o que mereciam. E eu nem fiz nada! Só contei pra Marina o que aqueles merdinhas estavam falando dela e foi ela quem jogou ponche neles. Mas acho que ela tava certíssima. Então se os pais desses otários vieram falar com você, pode mandar eles se fo...

- David. - Ergo as mãos, tentando acalmar a tempestade de palavras despejadas em mim. - Pode contar essa história melhor? Do que está falando?

Ele volta a me olhar, mais confuso.

- Os pais deles não vieram falar com você?
- Não. Deveriam?

- Não. Eles foram babacas com a Marina, mas ela já deu um jeito neles.

- David, que coisa horrível. O que houve, ela está bem?

Um suspiro beirando o dramático.

- Sim. Ouvi uns babacas falando dela, contei e ela jogou ponche neles. Só isso. - A impaciência sai de seu rosto, dando lugar pra desconfiança. - Espera. Não era sobre isso que tava falando?

- Não. Só ouvi que Marina estava meio pra baixo e você também poderia estar.

- Ouviu de quem?

Acho incrível o quão rápido a desconfiança mudou pra irritação. Piso em gelo fino agora.

- Você sabe que Percy e eu somos amigos, temos amigos em comum. Ele apenas me enviou mensagem dizendo que Marina queria vir pedir desculpas pra você e imaginei que algo tivesse acontecido.

- Ele é realmente muito prestativo.

- David...

Mas ele já está indo embora, passando pelo batente da cozinha e indo pra sala. Não suspiro. A vontade de suspirar já passou há muito tempo. Levanto calmamente e o sigo.

Take it Lightly | au Percabeth Onde histórias criam vida. Descubra agora