THE VIKI'S

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POV DARYL

Que mulher irritante!

Dei graças a Deus quando ela foi embora, na verdade nem sei porque me ofereci pra vir junto com ela. Quem ela pensava que era pra ficar me chamando de caipira?

Resmunguei, me levantei e arrumei minhas coisas pra voltar pra casa. Era uma merda. Com Merle me enchendo o saco de cinco em cinco minutos pra que eu fosse com ele beber, ou então me drogar. As vezes até pra traficar com ele. Sem contar meu velho bêbado. Mas ainda era a minha casa.

Cheguei em casa, e agradeci por não encontrar ninguém. Eu estava sozinho, e em silêncio. Joguei tudo o que eu levei pra caçada em um canto qualquer do quarto, e adormeci na velha cama de casal.

(...)

Alguns dias se passaram, e embora eu tenha ido caçar quase todo dia, não encontrei mais a garota loira. Ainda bem.

Nesta tarde, resolvi que iria tentar conseguir um emprego na oficina do Steven. Eu precisava muito da grana, ainda mais, porque noite passada meu velho, avisou a mim e a Merle, que tinha uma dívida grande para pagar em um dos bares da cidade. Outra vez.

Metade eu já tinha pagado com o dinheiro da caça, outra parte Merle havia conseguido com as drogas que vendia, mas ainda faltava um pedaço da grana. Então além desse emprego ajudar com essa dívida, ainda continuaria ajudando todo mês.

Mas, como o esperado, Steven não quis me ceder o emprego, mesmo precisando muito de outro mecânico. Afinal, ninguém naquela merda de cidade queria empregar um Dixon.

Estava discutindo com Steven, quase implorando, quando uma tosse forçada chamou nossa atenção. Me virei em direção do som, dando de cara com a loira da floresta.

Observei toda a cena que se desenrolou a partir disto, calado em um canto. A garota era, ou muito corajosa, ou muito estúpida. Isso eu não podia negar.

Observei como, mesmo Steven sendo maior e obviamente mais forte, ela não se deixou intimidar. Na verdade acho que quem se assustou foi o próprio homem, já que recuou assim que percebeu que irritou a mulher. Ela era do tipo que a primeira vista, todo mundo achava que era uma santa, mas se você olhasse bem, se a encarasse de verdade, veria que por baixo da carinha de boa moça, existia uma encrenqueira. A garota, definitivamente, era problema.

Fiquei tempo demais pensando nisso, me dei conta disso, assim que notei os cabelos loiros saindo a passos pesados e rápidos da oficina. Acho que alguém ficou irritada.

Não sei o que me deu, acho que não pensei direito. Na verdade tenho certeza disso. Porque quando percebi, estava a meio metro da garota irritante lhe oferecendo meus serviços em troca de seu dinheiro. Eu com certeza estava muito desesperado por aquela grana.

Fechamos o acordo, ela foi embora e eu voltei para casa.

Talvez eu não devesse ter aceitado aquele trabalho. Quer dizer, eram apenas 50 dólares, eu podia ter conseguido de outro jeito. Eu devia ter conseguido de outro jeito, e isso ficou bem claro, na primeira vez que eu fui até a casa dela pra concertar a maldita picape.

Eu cheguei alguns minutos atrasados, porque precisei levantar meu pai da sala e arrastar o velho até seu quarto, mas ela não pareceu se importar de que eu não era a pessoa mais pontual do mundo. Quando me viu, ela sorriu e mandou eu entrar.

Fomos pra garagem, e ela pegou um livro e se sentando em um canto, sem perguntas, sem conversas. Eu gostava assim. Fiquei surpreso quando ela se ofereceu para ficar me alcançando as ferramentas, depois de ter me visto sair debaixo do carro umas quatro vezes pra trocar de chave. Aparentemente ela entendia um pouco de mecânica, mas não o suficiente pra concertar o carburador.

Depois disso, até começamos a conversar um pouco. Sobre caça, e a região mais propensa a ter animais maiores e mais valiosos, mas já era algo bastante anormal para mim. Ninguém da cidade queria chegar a menos de 10 metros de um Dixon, a não ser é claro, quando eram pagas para transar com o Merle.

Acabei de concertar a maior parte, e disse que terminaria no dia seguinte. Ela concordou, e acenou em despedida enquanto eu subia na moto de Merle para voltar pra casa. Talvez esse tenha sido o meu erro do dia.

Meu velho não estava em casa, o que significava que estava bebendo em algum bar por aí. Depois de tantos anos, eu ainda a achava incrível que alguma espelunca dessa cidadezinha de merda ainda deixasse meu pai beber por lá.

Subi para meu quarto, e me joguei na cama, acabado. Coloquei as mãos atrás da cabeça, e fechei os olhos tentando dormir um pouco. Meu sossego não durou muito, pois logo em seguida Merle apareceu em casa. Minha porta foi escancarada rudemente, e seus passos pesados foram ouvidos por mim juntamente a sua gargalhada estrondosa. Chapado, concluí.

— Vamos Daryl! Vamos beber — ele chamou, puxando meu pé.

Eu chutei sua mão, e me sentei.

— Sai daqui Merle!

— Quanta agressividade Darlina! — debochou. — Levanta daí. É sexta feira, vamos 'pra algum bar, beber e se dermos sorte, agarrar algumas bundas.

Não gostava muito do jeito que Merle se referia as mulheres, achava antiquado e nojento, mas não podia fazer muita coisa além de ficar em silêncio. Não queria arrumar confusão, então apenas aceitava que meu irmão era um machista e um pouco racista até.

— Cala a boca e me deixa em paz! Agora sai daqui — mandei, mas fui ignorado.

— Vamos Darlina, eu nem lembro mais quando foi a última vez que saímos juntos — continuou a insistir.

E eu tô muito feliz assim.

Se eu for, você vai me deixar em paz por pelo menos uns dois meses, me entendeu?

— É disso que eu tô falando! — comemorou enquanto sorria vitorioso. — Se troca, 'tô te esperando lá embaixo.

E com isso ele saiu, fechando a porta em um estrondo. Eu resmunguei e me atirei de costas na cama. Mas que merda!

 Mas que merda!

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