THE START

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POV CASSIOPEIA

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POV CASSIOPEIA

Já faziam dois anos que eu tinha fugido de casa. Pulei de cidade em cidade por dois anos. Dormindo em motéis barato, e comendo o que conseguia achar na floresta. Caçar, era a única coisa boa que meu pai já havia me ensinado.

Nesse momento, eu tinha decidido que ia dar um jeito na minha vida. Vim para Dawsonville por isso. Uma cidadezinha no interior da Geórgia. Me parecia um bom lugar para morar. Aluguei um pequeno apartamento em um prédio antigo, pelo menos ele era mobiliado. Consegui um emprego como garçonete na lanchonete local, e até me matriculei em um curso de enfermagem.

É, vamos ver no que isso vai dar.

Coloquei a mochila com as únicas coisas que eu ainda tinha no chão do quarto,  e sai pra floresta. Agora não era só uma questão de sobrevivência, caçar clareava minha cabeça. Perambular pela floresta me relaxava, rastrear a caça, me dava um propósito, um caminho para seguir.

Estava na cola de um coelho. Não era muito, quase nada na verdade, mas ainda era alguma coisa. Segui seus rastros, faca na mão, pronta para o arremesso. Avistei o coelho, mirei e lancei. A faca o acertou certeiro no meio do corpo, em seguida, uma  flecha se cravou ao lado da minha faca.

Olhei ao redor. A uns cinquenta metros de mim, um homem se escondia atrás de uns arbustos, crossbow na mão, olhava ao redor, procurando por mim, mas não conseguia me achar. Sorri de canto, sempre fui boa com camuflagem.

Ele era bonito, os braços torneados, os olhos azuis cerrados, barba rala, o colete de couro preto o dava um ar de menino mal, porém as calças jeans também pretas, mostravam o caipira que ele era.

Sai de trás da árvore, e me dirigi até o coelho. Me abaixei ao lado do corpo do animal, e retirei minha faca, pegando a flecha do caçador, e limpando junto da minha faca em um pano, depois me virei para o homem atrás de mim. Obviamente agora ele já sabia onde eu estava, me encarava com os olhos azuis parcialmente cobertos pelo cabelo que caia em seu rosto. A besta sendo sustentanda pelos braços musculosos, ao lado do corpo.

— Aqui sua flecha — disse estendendo para ele. — Mas não ache que eu vá te dar o coelho. Atirei nele primeiro, ele é meu.

Ele afirmou com a cabeça concordando.

Um galho se partiu a nossa esquerda, um esquilo começou a subir por uma árvore. Lancei minha faca e o acertei bem no meio do corpo, logo sendo fincado na árvore pela flecha do caipira.

2x0 pra mim.

Ele me encarou irritado enquanto eu repetia o mesmo processo outra vez.

Ele se virou pra ir embora, e começou a andar. Sem dar importância, peguei minha garrafa d'água que ficava presa ao cinto por um gancho, e tentei beber água. É, tentei. Não tinha nem mais uma gota de água lá dentro.

— Merda! — praguejei. — Ei! Caipira — chamei ele, que se virou furioso pra mim. — Sabe onde tem um rio por aqui? Minha água acabou

— Nunca mais me chame desse jeito! — ele exclamou.

A voz era rouca, forte, sensual até.

Revirei os olhos.

— Sabe ou não? — questionei cruzando os braços.

— Dois quilômetros para o leste — ele apontou pro mato.

— Certo. Obrigada — agradeci.

E me virei caminhando na direção certa, e passando por ele.

— Eu tava indo pra lá de qualquer jeito. Pode ir junto se conseguir me acompanhar — ele disse. — Mas se me chamar de caipira outra vez...

— Se não quer que eu te chame assim, então vai ter que me dizer seu nome — interrompi ele.

— Dixon, Daryl Dixon.

— Cassiopeia Mcbride — disse erguendo minha mão pra ele, que pegou apertando com força. Ele tava tentando me intimidar? — Meus amigos me chamam de Cassie. Mas eu não tenho amigos, então pode me chamar assim se quiser.

Dei de ombros, e segui caminho. Ele disse leste certo? Acho que sim. Percebi que estava certa, quando percebi ele apertar o passo pra me alcançar, e depois desacelerar para manter o meu ritmo.

Ficamos em silêncio até chegar ao riacho.

— Bosta — ele xingou quando viu a cor do rio. Estava marrom, pura lama. — Tinha um barranco de terra, 4 quilômetros pra cima. Choveu a semana toda, ele deve ter caído no rio — esclareceu.

Assenti concordando. Mesmo assim, fui até o rio e me abaixei pegando um pouco de água do rio com a minha garrafinha d'água.

— Tá maluca de beber isso? — ele questiona espantado.

— Me empresta sua bandana? — perguntei ignorando a pergunta anterior dele.

— Pra que?

— Sério? Pra um caçador, você não saca muito de truques não é? — debochei. — Vou fazer um filtro de água, mas vou precisar da sua garrafa também. Depois a gente dá uma fervida na água, e daí da pra beber dela tranquilamente. Vou aproveitar o fogo e comer o esquilo e o coelho também.  Quer dizer, vou dividir um pouco com você se tiver afim. Afinal, eu já tinha o coelho, mesmo assim roubei seu esquilo. O que acha?

Ele deu de ombros. Parecia seriamente contrariado, mas mesmo assim, minha intuição dizia que ele iria ficar. Ele ficou. Sentou de frente pra mim no chão, e começou a acender uma fogueira.

E então foi assim. Limpei a água, e ele limpou o esquilo e o coelho, colocando ambos em gavetos que tinha achado por ali, e então estendendo sob o fogo para que cozinhassem. A gente não conversou, não tinha o porque, então só ficamos lá, em silêncio. Um silêncio confortável.

Aproveitei a brisa suave que passava por nós, e joguei a cabeça para trás olhando para as estrelas. Acabei de comer, e me levantei. Notei os olhos azuis me acompanhado em cada movimento meu. Passei as mãos pela parte de trás da minha calça jeans tentando tirar a terra, peguei minha faca que estava em um canto qualquer junto da minha garrafa de água, e me virei para Daryl.

— Deu minha hora. Até mais, caipira — provoquei, começando a caminhar para longe.

— Patricinha ridícula — o ouvi praguejar.

Eu ri baixinho enquanto continuava a andar para casa. Estava de noite, e eu estava sozinha em uma floresta completamente desconhecida por mim, isso deveria me apavorar. Acho que qualquer pessoa em sua sã consciência estaria apavorada agora, mas eu não era muito sã. Então simplesmente continuei andando.

Patricinha. Já tinham me chamado de muitas coisas, mas patricinha? Essa era nova. Ri outra vez, Daryl Dixon era um péssimo leitor de pessoas.

 Ri outra vez, Daryl Dixon era um péssimo leitor de pessoas

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