Trinta e três

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Eu: Ah...

Dinis: Eu sei que vais ficar chateada, mas, aquelas são da minha turma e... o professor disse que eu ia ficar com elas no trabalho e... estávamos a combinar ir para minha casa... era só isso.

Eu: Duas raparigas no teu quarto... que me ameaçaram... é normal?

Dinis encolheu os ombros e fez uma cara de "mais ou menos..."

Deitei-me no sofá, virei a minha cara para o outro lado, para Dinis não me ver chorar.

Dinis: É só um dia! Mas...

Respirou fundo.

Dinis: Lá por namorar contigo, não quer dizer que... não possa estar com outras raparigas! Eu gosto de ti. Mas também gosto de estar com outras, quer dizer, amigas!

Eu: Desculpe, se o impedi de ter outras melhores amigas, não foi por mal, pensei que estar comigo era o suficiente para o senhor...

Dinis: Mor, não é isso!

Normalmente Dinis não me chama de "mor".

Eu: Então é o quê?

Dinis: É só que... às vezes sinto que perdi os meus amigos por estar o tempo todo contigo...

Eu: Se eles fossem verdadeiros não se separavam de ti, por exemplo os do basquetebol.

Dinis: Mas esses são irmãos!

Eu: Queres acabar comigo é isso?

Dinis: Olha para mim.

Não olhei, não lhe ia mostrar que estava a chorar.

Dinis: Como queiras, mas... claro que eu não quero acabar contigo! Eu gosto de ti!

Eu: Antes dizias que me amavas.

Dinis: É a mesma coisa!

Eu: Para ti...

Dinis respirou fundo e ficamos num silêncio absoluto, estava pouca luz na sala. Aquele sítio era muito branco, era agradável, também estávamos iluminados com as luzes da piscina.

Dinis estava muito triste, dava para ver pelo seu comportamento, olhar baixo, não falava.

Eu: Diz a verdade, toda.

Dinis: É... é esquisito...

Olhei para ele com cara de "conta".

Dinis: Sabes? Eu amo-te de verdade, todos os teus defeitos, feições maneira de ser... é por isso que somos como a Catarina diz, casados.

Olhei agora com cara de "a sério... conta o que eu quero saber!".

Dinis: Okay! É fácil, eu começo a ter saudades da minha vida de antes sabes? Eu ir ter com os meus amigos e... sei lá? Fazes porcaria! Fumar, fazer aquelas caras parvas na parede, andar de skate dentro do shopping, deixar rasto como nós chamávamos, nas paredes ,também no chão, com tinta e o caraças, quando vires linhas de tinta nas estradas, passeios e isso, fomos nós, mas... quando começamos a namorar, isso desapareceu... foi chato... e bom, porque... começamos a namorar!

Eu: Queres um tempo?

Dinis: Não, só queria, juntar! Como os outros...

Eu: Fazemos assim, amanhã, vais, nos intervalos, falar com esses, não vens ter comigo, nada disso, só, vais ficar... com eles! Combinam fazer os cenas de antes, fazer essas coisas todas, mas, nada de meninas abraçadas a ti, certo?

Dinis: Certo, eu não ia fazer nada disso...

Eu: Então pronto, está tudo feito e tal, até... depois de amanhã.

Sou o azar em pessoa... ou nãoOnde histórias criam vida. Descubra agora