𝐆𝐀𝐑𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐍𝐀̃𝐎 𝐌𝐄𝐑𝐄𝐂𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐎𝐑𝐀𝐑

019 | • Abalo emocional

⏤͟͟͞͞★ 𝐆𝐀𝐁𝐘 𝐏𝐎𝐕

No sábado a tarde, Kevin veio me fazer uma visita, os olhos do garoto estavam tristes e um tanto inchados, o que me fez pensar que ele esteve chorando por um bom tempo.

- O que aconteceu, Kevin? - Perguntei preocupada. - Você está bem?

- Estou sim, será que podemos conversar?

- Claro! - Eu disse, animada - Me diga, sobre o que quer conversar?

- Vai embora? Tipo, para sempre? - Eu pude ver as lágrimas se formando em seus olhos castanhos. Aquilo me transmitiu uma sensação horrível, eu odiava o ver daquele jeito.

- Quem te contou? Foi aquele babaca do Finn, não foi? - Eu indaguei irritada.

- Eu queria me confirmasse, e parece que é verídico. - A voz chorosa do rapaz ecoou por todo o quarto. - Por que?

- Meus pais se separaram. Minha mãe quer voltar ao Brasil e me levar junto. Não tem o que fazer. - Senti minha voz falhar um pouco ao dizer aquelas palavras.

- Tem que haver um jeito. Nós sempre conseguimos dar um jeito.

- Dessa vez não. - Dessa vez, eu pude sentir minha visão embaçar e as lágrimas escorrendo dos meus olhos sem parar.

- Eu posso ir pro Brasil também. Eu tenho parentes lá. Logo eu vou ter idade para poder morar sozinho então eu poderia ficar perto de você.

- Faria isso? - Perguntei, incrédula pela proposta dele.

- Eu faria sim, você é minha melhor amiga e eu te amo para sempre.

- Melhor não. Você tem seus pais aqui, tem sua família e seus amigos. A sua vida é aqui.

- Sem você nada disso faria sentido. Eu sei, parece que estou apaixonado falando desse jeito, mas a realidade é que eu simplesmente não consigo me imaginar sem você.

- Kevin, está exagerando. Claro que consegue. Fique tranquilo, podemos manter contato, eu posso vir te visitar nas férias, vai ficar tudo bem.

- Você promete? - Meu coração se partiu ao pensar que poderíamos quebrar aquela promessa, mas eu o abracei com força por que eu queria cumpri-la a qualquer custo.

- Eu prometo. Não é meu amigo, Kevin. Você é meu irmão. Nada, nem a distância vai nos separar, entendeu? Nada! Agora venha, para de chorar, isso não combina com você.

- Tem razão, estou parecendo uma criança de seis anos. - O garoto disse após limpar as lágrimas. - Não conte isso pra ninguém.

- Eu vou contar ao criador daquela página de fofocas e ele vai espalhar para todos o seu segredo. - Eu afirmei, brincando.

- Credo Gabriely! - Ele exclamou. - Página escrota do caralho.

- O que faria se descobrisse quem a criou? - Perguntei.

- Eu o quebraria em milhões, não, milhões não, zilhões de pedacinhos.

- E se fosse uma mulher?

- Se for uma mulher, esqueça o que eu disse.

- É por isso que eu te amo.

Alguns dias se passaram, estava tudo normal, Finn continuava insistindo e eu continuava a negá-lo, embora eu sentisse que precisava perdoá-lo para finalmente o ter longe de mim, meu coração se roía de raiva somente por pensar no que ele havia feito.

Millie estava cada dia mais estranha, vivia dando desculpas para não sairmos, faltava frequentemente as aulas e eu quase nunca a via, aquilo estava me incomodando pois Millie havia se tornado uma das minhas melhores amigas e eu realmente a queria por perto.