023 | • Aquele ex

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⏤͟͟͞͞★ 𝐆𝐀𝐁𝐘 𝐏𝐎𝐕

— Mas mãe por que eu não posso ficar  casa?

— Não é educado recusar um convite desses, meu amor. Eric foi muito gentil de nos convidar para passar o fim de semana com eles na casa de praia.

— Mas eu não quero.

— Isso tudo é por que você e Finn tiveram desentendimentos? 

— DESENTENDIMENTOS? Mãe, ele me destruiu. Eu não quero passar um fim de semana olhando para a cara dele. Não vou.

— Ah, é? E vai ficar com quem, espertinha? Eu não posso deixá-la sozinha aqui.

— Eu chamo meus amigos. Não preciso ficar sozinha. Só não quero ficar perto daquele garoto.

— É, mas aquele garoto vai morar com você daqui a alguns meses. Não sei se você se lembra, mas eu vou me casar com o pai dele.

— E o que eu tenho haver? Eu não preciso ir. Vá você, eu fico.

— Olha, eu estou perdendo minha paciência. Se estou dizendo pra você ir, é para você ir. Nem mais uma palavra. E arrume suas coisas. Vamos ir hoje a noite.

— Não pode me obrigar.

— Eu posso sim.

Após dizer essas palavras, minha mãe saiu do meu quarto. Eu sabia que ela estava certa e que em algum momento eu teria que ver Finn todos os dias, todas as manhãs, e todas as noites. Eu não estava preparada para isso. Tenho certeza que se isso tivesse acontecido a algum tempo atrás, talvez agora eu estivesse pulando de felicidade, mas como não é o caso, eu só queria me enfiar num buraco e não sair de lá tão cedo.

Liguei para o meu melhor amigo alguns minutos depois, e pedi para que ele viesse até minha casa, pelo seu tom de voz, ele viria logo. E um tempo mais tarde, lá estava ele.

— Mas que furada, hein? — Ele disse, após ouvir a história. — Olha, eu posso falar com a sua mãe. Pedir para ela deixar você ficar lá em casa.

— Eu tive essa discussão com ela, ela está irredutível.

— E vai fazer o que? Ficar dois dias junto com aquele mocorongo?

— Não tem mais o que fazer.

— Ah, tem sim. Relaxa, Gabs. Vou salvar seu fim de semana.

— O que? Como?

— Você vai ver. Agora vamos, vou ajudar você a arrumar as suas coisas.

— Você é o melhor!

— Ah, eu sei. — Ele piscou para mim. E me estendeu a mão. — Vamos?

— Vamos. — Peguei em sua mão e ele me puxou em direção ao meu armário.

Passamos algum tempo ali arrumando as coisas, e eu me senti muito mais segura com aquela viagem. Não só por que Kevin disse que salvaria meu fim de semana, mas também porque eu sabia que meu relacionamento com Finn tinha acabado, e nada do que ele fizesse iria me conquistar de novo.

A noite, lá estavam Eric e Finn, na frente da nossa casa. Minha mãe e Eric obviamente iriam na frente, o que significava que eu passaria as próximas quatro horas ao lado de Finn. Não deu tempo de fazer muita coisa depois que eles chegaram, apenas terminamos de trancar a casa e entramos no carro.

— E ai, maninha? — Finn tentou puxar assunto. — Tudo bem?

— Não, eu não quero ir. — Respondi bem baixo, eu não queria que o pai dele se sentisse mal.

— Fique tranquila, a casa de praia é bem grande. Você mal vai me ver. Se é por isso que não queria ir.

— Eu adoraria dizer que não é, mas você sabe muito bem o que você fez.

— Se te serve de consolo, é o maior arrependimento da minha vida.

— Não, não me serve de consolo. Eu só estou tentando suportar você pela minha mãe.

— É bom você não arrumar muitas brigas comigo mesmo, ou vai ter que se mandar para o Brasil.

— Está me ameaçando?

— Não. De maneira nenhuma. Só quero te pedir para não ficarmos em pé de guerra, acho que nossos pais não nos querem brigando e tenho certeza que não faria bem para eles e nem para o relacionamento. Só... Podemos dar uma trégua? Somente pelo fim de semana.

— Eu vou ter que concordar com você. Ok, eu prometo uma trégua.

— Vai parar de me dar patadas?

— Apenas por um fim de semana.

Se passaram duas horas, minha mãe já estava dormindo, o pai de Finn estava com fones de ouvidos e nós dois estávamos completamente entediados de ficar ali. Meu celular já não me mantinha entretida e pelo que eu percebi, o de Finn também não. Já que ele pegava o celular toda hora, olhava alguma coisa e o largava de volta no banco. O garoto começou a balançar a perna freneticamente, o que me irritou um pouco, mas ele pareceu não se importar.

— Finn — O chamei.

— Sim?

— Pare de balançar a perna desse jeito. Por favor.

— Ah sim, desculpe.

— Você... Sabe quanto tempo ainda vai demorar?

— Ainda ficaremos aqui por mais duas horas. Isso se o trânsito colaborar. Sabe, nós resolvemos vir a noite porque quando vinha com minha mãe, a gente vinha de manhã, e sempre demorava mais.

— Por que não vinham a noite?

— Minha mãe odiava viajar a noite, ela achava que meu pai poderia perder o controle do carro. Sabe, por causa do sono.

— Entendi.

— E é por isso que ele dormiu pela tarde inteira. Infelizmente, eu também, agora não consigo pensar em nada que me faça passar o tempo.

— Não deveria ter dormido a tarde.

— Você acha que eu não sei? Estou me arrependendo de cada segundo que passei dormindo. A minha sorte, gatinha, é que agora você está falando comigo, então podemos conversar até chegarmos lá, e depois, só vai me ver se quiser.

— Não pense que agora eu gosto de você.

— Não estou pensando isso. Só acho que agora deveria gostar de mim, serei seu irmão mais velho. Terá de me obedecer agora. — Ele disse, brincando.

— Ah, vai sonhando.

𝐆𝐀𝐑𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐍𝐀̃𝐎 𝐌𝐄𝐑𝐄𝐂𝐄𝐌 𝐂𝐇𝐎𝐑𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora