— Não vamos lá — pediu Vicente novamente. — Theodoro não é confiável.
— Não posso negar seu chamado — argumento novamente. — Se não voltarmos, ele virá até nós.
— Beatriz, peça mais tempo a Theodoro — disse Vicente. — Você disse duas semanas, só se passaram uma semana desde que disse que estamos em missão.
— Só obedeço a ordens, Vicente — lamentou a tyfon. — Temos que voltar.
O que era para ser duas semanas de planejamento, se tornou uma.
Beatriz chegou do C.EN.T.R.O relatando que Theodoro deseja minha presença, isso há dois dias atrás. O recardo, na visão de Theodoro, já deve ter chegado para mim e estou a caminho de volta, já que pensa que eu e meus Espectros estamos em missão no Ex.Te.R.N.O.
— Vamos invadir o laboratório essa noite, então — sugeriu Vicente.
A sala principal de C.S ficou silenciosa.
Davi treinou a abertura de algumas fechaduras para testar quando chegasse a hora. Ele assentiu com o dizer de Vicente, mostrando estar pronto, embora gostasse de mais tempo. Beatriz estava ansiosa para subir, pois ela sabe o que acontece quando não cumpro com as ordens de Theodoro. Apenas eu e ela sabemos que não podemos negar, não é tão simples.
— Vamos atacar Theodoro essa noite — incentivou Ayla. — Não posso esperar vê-lo sangrar.
Seu corpo em uma semana não deixou vestígios de cortes. O tempo de cicatrização de Ayla é ampliada, e Beatriz contou que fizeram testes com sanguinários para ampliar o tempo de cura, para assim tirar deles e comercializar remédios para a população do C.E.N.T.R.O.
Não sabia que o remédio azedo que eu tomava quando ralava meu joelho possuía DNA mutagênico de sanguinários. Esse remédio foi uma descoberta revolucionário de um dos médicos da época, o mesmo que morreu no acidente do laboratório.
Muitas descobertas vieram de experimentos dos sanguinários. Ayla nasceu com mais poder do que qualquer um de sua espécie, já que os experimentos com seus pais desenvolveram a prole. O quanto o sangue de Ayla é poderoso? Apenas tomando-o foi possível limpar todo o meu corpo que venho drogando há anos.
— Temos que ir até Theodoro — insistiu Beatriz, demonstrando nervosismo. — Agir antes pode ter erro. Precisamos de mais tempo.
— Se quer ir, então vá sozinha, Algodão Doce — disse Ayla, a sonoridade sombria. — Matar Theodoro é mais importante para nós do que obedecer a suas ordens.
Olho para todos.
Dá para agir agora? É possível, embora seja complicado. Davi pode demorar mais tempo para destrancar a fechadura. Os soldados de vigia desconfiariam de tanta gente entrando lá, acionariam Theodoro. Aliás, o laboratório falso que planejamos escondidos da sanguinária não está convincente. C.S conseguiria levar seus soldados para fingir serem de Theodoro? Ayla vai nesse ficar de guarda por duas horas, mapeando os passos para encontrar uma entrada, enquanto nós estaremos no de verdade, entrando e pegando o Núcleo.
Ayla odiará para sempre C.S e seus irmãos, mas nunca saberá sobre seus pais. Vamos explodir novamente aquele laboratório e garantir que Ayla seja a última da espécie viva.
— Cruel, por favor, não podemos negar — implorou Beatriz. — Por favor.
Todos estão dispostos a agir agora, Beatriz não está nenhum pouco afim de correr o risco. Eu e ela criamos mais laço de confiança. Compartilhamos a mesma cama na hora do sexo, mas quando ela adormece, preciso limpar a cozinha do refeitório e ajudar C.S a reconstruir os móveis que eu e Ayla quebramos.
Não sei porque realmente trabalho, mas por enquanto, faço parte desse lugar. Maria vem para ordenar os cozinheiros a fazerem as receitas certas. Todos parecem mais agitados e alegres. Eu consegui sair das sombras e sentar em uma mesa mais afastado de todos na hora das refeições, só que com a luz bem em cima da minha cabeça onde as espécies possam me ver. Talis não cansa de me apresentar a todos.
Ninguém aqui, além do círculo íntimo que planejo, sabem quem eu sou. Para eles, não sou o Cruel ou Henrique, eu sou apenas alguém que foi destruída pelo mesmo homem que os arruinou. Sou como eles.
— Vamos subir — dou minha palavra final. — Está na hora de darmos um oi para Theodoro.
Vicente xingou. Os demais negaram com a cabeça, mas eu olhava nos olhos rosados de Beatriz e a serenidade no semblante de agradecimento.
Se eu não for, Theodoro pode achar que Beatriz não me enviou o recardo e a castigar por tal coisa. Não posso deixar que firam ela.
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Supremo Syton
FantasyHenrique tinha apenas 10 anos quando sua casa foi tomada e obrigado a ser o que ele nunca quis ser. Tornou-se o homem mais perigoso e temido pelos seus inimigos. Destinado a torturas e obediência ao seu pai, o Magnata, um sádico que o tortura se fi...