- Bom... – Geras tossiu, - Adrastéia não costuma dar sua benção com muita frequência... na verdade, provavelmente essa é a primeira vez que ela faz isso. Confio nela... – Adrastéia sorriu, - caso contrário, não designaria minhas defesas a ela! –
- Muito habilidosa sua ninfa...- Yaacov disse com a boca cheia com os cokkies, - ela conseguiu me capturar e trazer até você num piscar de olhos. Isso é muito até para as Melíades... meus parabéns garota! Meus parabéns por esses cokkies também... estão deliciosos! – Adrastéia agradeceu sorrindo.
Durante toda essa conversa Geras não descolou os olhos dos meus. Ele me encarava com um sorriso e um brilho sinistro nos olhos, como se estivesse vendo satisfeito além de mim... lendo minha mente talvez? Eu me lembrei da noite em que saí da Terra, quando o Carbúnculo lera minha mente na floresta. Geras era um deus, talvez pudesse ler mentes também... então ele pigarreou. E eu me assustei, é claro, o que pareceu diverti-lo. Nesse momento o cheiro de naftalina não me pareceu mais tão agradável assim...
- Loki, eu acredito que você já deve saber muita coisa sobre o que está acontecendo... – Geras voltou sua atenção para Yaacov, o que me deu um pouquinho de alívio... – afinal naquela época, se minha memória não falha, você ainda era da casa dos deuses... do panteão nórdico, ao lado de Odin, Thor... certo? Me lembro sim, você era meio rebelde... - Yaacov confirmou com a cabeça indiferente, seu passado como deus sempre o incomodava. Geras continuou, - O símbolo do Infinito amplifica o poder de quem o portar..., mas além disso, dá ao portador o que nós deuses temos de mais importante, dá a imortalidade. – Eu senti um arrepio quando ele disse essa palavra, odiava a ideia de que Apoliom poderia se tornar imortal..., - mas um deus sozinho não conseguiria ceder essa marca... ela exigia uma quantidade imensa de poder. Como você sabe, era apenas uma ideia até aí... um plano que não saiu do papel.- Ele se ajeitou na cadeira de balanço.
- Como Apoliom conseguiu o Símbolo do Infinito então? - Júlia perguntou.
- Um passo após o outro, minha jovem... irei chegar nessa parte ainda. – Geras sorriu para Júlia, que ficou meio sem graça... - o Símbolo do Infinito era impossível..., mas então eles descobriram uma forma de obtê-lo. Criaram um sistema, um sistema que seria a origem do símbolo. Eles chamaram esse sistema de Caminho dos Imortais.-
- Eu ouvi rumores mesmo..., mas pensei que fosse alguma espécie de ritual, ou uma estrada. O que seria de fato esse sistema? Ou melhor, como ele funcionaria? – Yaacov perguntou.
- É um sistema simples, se divide em duas partes... – Geras tomou um gole demorado de chá e continuou, - como era necessário muito poder para ceder a imortalidade, a responsabilidade foi, de certa forma, diluída, distribuída entre alguns deuses... na primeira etapa do sistema, era necessário que um dos grandes deuses, de qualquer panteão, concedesse o direito de percorrer o Caminho dos Imortais, dando uma marca a quem fosse digno. A segunda etapa era a mais difícil, eles dividiram a responsabilidade entre cinco deuses de panteões variados... o Caminho dos Imortais propriamente dito. Eu nem sei qual são todos os cinco deuses, mas são em sua maioria deuses relacionados ao tempo...- ele tossiu, - quem possuísse o direito de percorrer o caminho, deveria ir a cada um dos cinco deuses e provar seu valor através da realização de tarefas designadas por eles. A cada tarefa cumprida, o deus deveria completar uma parte do símbolo. Eu fui escolhido a ser o primeiro..., mas aí então tudo virou uma confusão na Terra, aqui em Lukia também... a guerra começou logo em seguida. Vários deuses lutaram, mas alguns de nós... os pacatos, justos, alguns desleais também, nos mantivemos neutros... não lutamos, não queríamos a guerra. Os grandes deuses foram banidos, e eu acreditava que o sistema havia ido com eles também. Pelo menos até agora... até Apoliom vir a mim! –
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Chama Negra - A origem do símbolo do infinito
Adventure"A antiga guerra contra os deuses, deixou para trás maus legados..." Hector, tem 15 anos e vivia uma vida normal... o mais normal possível que se consegue ter, sem uma mãe. Isso, até ele descobrir depois de uma visita inesperada a noite, que os mito...