Capitulo 1- A NOITE MAIS LOUCA DE MINHA VIDA COMEÇA COM UMA ENTREGA DE PIZZA

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  • Dedicado a Valéria Souza
                                    

Bem...

Meu nome é Hector, tenho 15 anos, pele clara – não curto muito muito andar à luz do dia, logo minha pele não é só clara, é pálida, "é carente de um bronzeado", segundo meu pai–, tenho cabelos e olhos pretos – já sei até que você vai falar que não existem olhos pretos e tal, mas pode crê, pergunte à qualquer um que me conhece, meus olhos são pretos! Tanto que é difícil notar a pupila no meio da íris. Minha professora de biologia até me aconselhou ir no médico uma vez por isso–, e quanto à altura... bem... faz muito tempo desde que a medi a última vez... considero minha altura mediana para os caras da minha idade.

E quanto a minha vida?!

Vejamos... eu sempre gostava de ficar pensando em o quanto a minha vida era normal. Eu me refiro ao fato de nada estranho acontecer - espera... soou redundante isso

aí... mas está certo -, não que a minha vida fosse aquela coisa monótona, muito pelo contrário, monotonia era impossível quando se tinha um pai igual ao meu... minha vida era muito legal... enfim... - do que eu estava falando mesmo?! Ah sim, lembrei! -, quando eu falo em normal, eu me refiro aos padrões, sim, vidas normais têm padrões... a minha tinha!

Era sexta à noite. E eu estava assistindo TV, como era comum àquele horário. - Tchau, Hector! Vou-me já! – Meu pai passou quase correndo assim que o táxi buzinou lá fora –, volto ainda hoje... talvez... provavelmente! – Ele estava atravessando a porta quando gritou isso, e antes que a fechasse, inclinou a cabeça para dentro –, juízo, meu bebê! – Então fechou a porta, me deixando sozinho.

Eu sempre ficava sozinho em casa nas sextas à noite. Bom... pelo menos desde que não precisei mais de babás. A noite de sexta para meu pai era sagrada, era o momento que ele tirava pra ele... e olha... eu não tinha problemas com isso, achava até legal ele tirar esse tempo para si. Antes que você o critique, deixa eu lhe contar um pouco da nossa história:

Eu, desde que nasci, moro com meu pai... ele se chama Yaacov - É, eu sei. É um nome bem estranho, ele diz que é hebraico. -, tem 40 anos, cabelos pretos, é alto, esbanja alguns músculos, apesar de não praticar nenhum esporte... deve ser alguma boa herança genética – mais uma das muitas que eu não herdei -, e a sua característica que provavelmente mais chama atenção é sua personalidade. Para os meus colegas da escola meu pai era o máximo, isso porque simplesmente ele é o cara mais extrovertido que eu conheço... sabe aquele cara que não para quieto, que não te deixa em paz e aonde chega as pessoas não param de sorrir? Pois é, meu pai é igualzinho. Nasci, e moramos desde então, em um pequeno apartamento, numa cidadezinha no sudeste do Pará chamada Parauapebas. Você deve estar se perguntando agora: "Mas e a mãe do Hector, será que ela é legal assim também?!" ... cara, eu adoraria saber. Minha mãe havia morrido no dia do meu nascimento, ela se chamava Angelina, e pela foto – sim, só tínhamos uma foto dela -, ela era muito bonita... mas sabe, isso me incomodava muito... não o fato de que ela fosse bonita, mas o fato de eu quase não saber nada sobre ela, o fato de não ter mais nada para contar sobre ela... geralmente os filhos devem saber coisas sobre suas mães... cor predileta, animal favorito, comida favorita... essas coisas íntimas. O maior culpado por eu não saber de nada, era meu pai. Ele sempre ficava estranho e mudava de assunto quando tentava conversar sobre ela... isso era frustrante, pelo que me lembro, das poucas vezes que brigamos, esse havia sido o motivo. O pior é que falando nisso, nós quase não tínhamos parentes... na verdade, só tínhamos duas parente: a tia Laura – que eu nunca tinha visto– , ela era a irmã mais velha do meu pai, e a sua filha, a minha priminha, Luna. Enfim, apesar de tudo, minha vida era boa. Meu pai era um bom pai e eu era um garoto feliz.

Estava passando um filme de guerra na TV, geralmente eu gostava de filmes de guerra, mas naquela noite eu não estava muito focado nele. Sei lá... minha mente não estava em lugar nenhum. Eu pensava em coisas aleatórias. Eu me lembro que costumava ficar assim mesmo quando Luna avisava que vinha nos visitar, pois é, Luna deveria chegar no dia seguinte. Ela costumava vir todo ano, desde pequenininha, mas já faziam uns quatro anos que ela não vinha nos visitar, logo, eu estava um pouco ansioso. Muito ansioso, na verdade. Nós costumávamos ser muito amigos antes, e ela era sem dúvidas a melhor amiga que eu tive em toda minha vida. Eu me identificava muito com ela, tinha a minha idade, me entendia, eu a entendia, ela era engraçada, eu gostava de pessoas engraçadas... cara, a gente se dava muito bem. Até conversávamos sobre ir morar juntos quando crescêssemos, desbravar esse mundo como os dois maiores biólogos que já existiram. Mas já havia passado tanto tempo que eu nem sabia mais o que eu queria pro futuro.

Chama Negra - A origem do símbolo do infinito Onde histórias criam vida. Descubra agora