Capitulo 23 - COM A CHEGADA DO SR. MAGREZA PARTIMOS EM BUSCA DE HEBE

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Vou lhe dizer uma coisa... acordar com um susto é realmente uma droga!

Se você nunca passou por isto - sortudo -, vou lhe explicar como é: imagine um liquidificador normal, desligado... imaginou? Agora, imagine ele, de repente e sem cerimônia alguma, sendo plugado em um reator nuclear! Sim... é algo muito similar à isso.

Eu, por exemplo, explodi o teto da minha casa.

Depois de ter ficado mais algumas horas sozinho em frente à Vila, aproveitando a solidão extrema e a companhia da mais profunda infelicidade, eu havia voltado para o quarto... me lembro de ficar deitado remoendo o passado... em quando Luna ainda ia nos visitar em casa, as nossas brincadeiras despreocupadas nos parques, nossos jantares, as piadas do Yaacov... e em algum momento depois destes pensamentos, eu caí no sono. Normalmente, nestas circunstâncias, eu acordaria muito tarde e ainda meio triste, no entanto, foi um tremor enorme que me despertou em um susto! Foi como se eu estivesse em cima de um tambor gigante sendo tocado... e antes que eu pudesse ao menos abrir os olhos, minhas mãos involuntariamente se ergueram lançando rajadas enormes de energia negra para cima, deixando no teto um "megaburaco" com as bordas ainda queimando em fogo negro.

Imediatamente, saltei da cama me pondo em pé, a adrenalina estava fazendo efeito... meu coração estava acelerado, meus membros tremiam, ou melhor, todos os meus músculos tremiam.

Eu corri atordoado em direção a janela, mas antes que eu chegasse, um outro tremor fez com que eu caísse... este segundo foi muito mais forte e contínuo. Eu nem tentei ficar em pé, com certeza iria cair novamente... os móveis tremiam, as coisas caiam das estantes, o lustre no teto - que escapou por milímetros de ser fulminado por minha rajada de energia- era sacudido violentamente. Eu, sem saber o que fazer e com medo da casa cair, rolei para baixo da cama. Genial! É claro que se a casa caísse, essa sulperultramegapower cama de madeira iria suportar toneladas de escombros... tisc, tisc, mas que ideia idiota. Graças a Deus, não tive que por meu "genial" plano improvisado em prática. Depois de mais alguns segundos demorados, o tremor cessou.

Me arrastei com cuidado, saindo de debaixo da cama. Podia ouvir gritos vindo de fora, mas não eram gritos de desespero ou algo do tipo, eram gritos em coros, coordenados, como um grito de guerra... "AHÚ, AHÚ, AHÚ!", pra falar a verdade, era idêntico ao grito de guerra daquele filme... eh... aquele em que um exército luta de sungão e capa vermelha... como é que é o nome mesmo? O nome do líder deles é até Nepônidas... Platônicas... não... Leônidas! Isso, Leônidas! Como é que é mesmo o nome do filme? Tisc, não me lembro... de qualquer forma, eu, após ouvir esses gritos, corri em direção a janela, pronto para saltar por ela em direção ao combate, pois em minha mente estávamos sob ataque. Aquilo havia sido, sem dúvida alguma, um grito de guerra de um exército, mas ao ver o que realmente estava acontecendo eu quase caí para trás. Toda a paisagem da vila estava diferente. Ao invés de muros de madeira, agora estávamos cercados por muralhas altas feitas de pedras, e além disso, até o horizonte estava diferente, era como se a vila estivesse mais alta... da minha janela, agora se podia ver muito mais além do lago e da floresta, eu via agora o começo de uma cordilheira distante. Eu estava pasmo, parecia que a vila havia se transportado para outro lugar.

"AHÚ, AHÚ, AHÚ!"

***

Quando eu cheguei à frente do Forte me deparei com uma confusão, um monte de Mistos vagavam aleatoriamente observando grupos de soldados que marchavam pela praça, enquanto um cara gritava instruções para eles, do outro lado, haviam carroças cobertas chegando. A praça nessa altura se parecia com um abrigo comunitário após um desastre natural. Foi então que consegui encontrar Yaacov e Laura sentados na beirada da fonte, Yaacov estava aparentemente inconformado com a situação, usava uma regata com seu nome escrito na frente, já Laura apenas acariciava os seus cabelos, serena, olhando o alvoroço, ela estava usando jeans e uma blusa de seda com as mangas bem longas.

Chama Negra - A origem do símbolo do infinito Onde histórias criam vida. Descubra agora