Capítulo 28 - HEBE NOS DÁ A CHANCE DE IMPEDIR APOLIOM

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Meu coração disparou, minhas pernas enfraqueceram, a minha boca secou. Eu tive que me apoiar com as duas mãos na mesa após ouvir aquilo. Luna, no mesmo instante, colocou a mão sobre a minha. Ela deve ter percebido o quão em choque eu estava.

Tudo o que eu conseguia pensar era que aquilo estava acontecendo por minha culpa. Eu sabia que ele ainda não havia ido até Hebe e não avisei a todos. Eu estava a ponto de chorar. Olhei ao redor, todos pareciam assustados, mas nenhum parecia estar em pânico como eu estava. Além da culpa e medo, as imagens que ele me mostrara na Terra iam invadindo a minha mente. Eu tive que sentar novamente.

- Melpômene, Traga o convidado! - Hebe ordenou a musa que tinha tranças no cabelo. Esta, por sua vez, assentiu e seguiu até sumir no corredor. Caleb veio para trás da minha cadeira depressa, mesmo embriagado ele estava me protegendo.

Alguns segundos se passaram até que Melpômene aparecesse novamente à entrada do corredor. Eu nem havia percebido quando havia começado a tremer.

- Apoliom, senhor e soberano dos magos em Lukia! E com ele, alguns de seus generais! - A musa os apresentou com sua voz rouca.

Então, o primeiro que entrou foi Hyan, que fez uma cara de surpresa total quando me viu. Pareceu-me que eles também não estavam esperando por aquilo. Logo após ele, vieram mais três homens e por fim, em passos lentos, o homem negro e de cabelos compridos; desta vez, ele usava um manto escuro, a tatuagem estava mais nítida em seu pescoço, era Apoliom. Ele entrou cumprimentando a musa no corredor com um sorriso, e então passou os olhos por todos, parando-os em mim. Seu sorriso vacilou por um instante, talvez por surpresa, mas então se transformou em um sorriso assustador. Eu não conseguia sequer piscar, me sentia como um ser indefeso. Não conseguia entender o porquê, ou quando aquilo começou, mas naquele momento eu percebi que sentia muito medo de Apoliom, muito mais medo do que eu pensava.

- Quando me disseram que a senhora tinha convidados, não esperava que fossem seres tão ilustres, soberana Hebe. - Ele disse sem tirar os olhos de mim.

Caleb pôs a mão segurando meu ombro direito, mas mesmo aquilo não me acalmou.

- Nada que deva lhe preocupar, ou muito menos ser da sua conta, Apoliom. - Hebe havia assumido a sua versão ríspida novamente. Apoliom gargalhou, e, finalmente, tirou os olhos de mim quando seguiu até a deusa e fez uma reverência.

- Uma graça como sempre, minha senhora. Então -, o homem empertigou-se -, com base em seus convidados, imagino que minha senhora saiba o motivo da minha visita.

- Correto. - A deusa se sentou em sua cadeira, indiferente. - Me mostre logo quem lhe fez digno!

- Aqui na frente de todos, m'lady? - O sorriso de Apoliom transformou-se em algo mais próximo do deboche.

- Não me incomodo.

- Eu pensava que isso era algo mais sigiloso, minha Senhora.

- Eu não já lhe ordenei que me mostrasse?! - Hebe levantou a voz nesse momento, acredito que tenha revelado a sua aura também, tanto que até podia sentir aquela dormência especifica das áureas divinas. Aquele calor fez com que eu me acalmasse um pouco. Hebe era tão poderosa quanto Yaacov e havia nos prometido proteção. Não tinha como Apoliom ir contra ela.

Ainda com um sorriso no rosto, o homem ajoelhou-se aos pés da deusa e mostrou o pescoço, deixando a tatuagem exposta. Eu pude notar que o símbolo do infinito em seu pescoço, além de mais nítido, tinha agora uns traços dourados em algumas partes. Era, com certeza, por causa da parte de Geras. Hebe tocou a tatuagem. Imediatamente, em resposta ao toque da deusa, a marca começou a brilhar em um tom arroxeado.

Chama Negra - A origem do símbolo do infinito Onde histórias criam vida. Descubra agora