Capitulo 25 - EU SENTI A DOR DE UMA FLECHADA.

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O sol havia nascido há pouco tempo. Eu já estava sentado próximo à fogueira tomando café.

Apenas Yaacov e eu havíamos levantado.

Não que eu fosse de acordar cedo. Ainda mais que na noite passada havíamos ficado acordados até tarde, até Caleb começar a cochilar sentado e Yaacov nos mandar ir dormir. Naquela manhã, sem nenhum motivo aparente, eu consegui despertar com o cantarolar de Yaacov enquanto preparava os sanduiches, o que pra mim foi estranho, Yaacov tinha uma preguiça enorme de cozinhar!

- Vai querer um de queijo com frango ou mais um de frango com queijo? - Ele me perguntou com aquele sorriso maroto no rosto.

Yaacov estava usando avental atrás de uma chapa grande próxima a fogueira. Ele estava fazendo piadas desde a hora que eu havia saído da barraca, piadas sobre o fato de ele ter levado apenas dois recheios para os sanduíches. Eu havia até perguntado o porquê de ele não fazer aparecer outros com sua mágica, ele respondeu, com suas palavras: "Eu não sou o deus da comida, meu bebê!". O que me fez pensar sobre o refeitório da Vila, mas deixei pra lá.

- Não, já cheio -, respondi antes de tomar o ultimo gole de café.

- Ótimo... então olha isso aqui pra mim - ele começou a tirar o avental -, vou ali na frente olhar uma coisa que tá me incomodando desde cedo

- Não tem banheiro na tua barraca também? - Perguntei. As barracas que Yaacov havia feito eram enormes por dentro, tinham até banheiro!

- É claro que tem, mas não é isso não -, ele me entregou sua espátula -, é uma presença familiar próxima daqui -, ele encarou a floresta com o cenho franzido como se estivesse confuso-, não me parece algo ruim... mas é bom conferir, né?

- Tá bom, não quer que eu vá?

Yaacov deu dois tapinhas no topo da minha cabeça sorrindo.

- Não precisa não. É perto. E é só uma.

Yaacov saiu andando, seguindo uma trilha à frente, enquanto eu vestia o avental.

Não demorou muito até que Sofia saísse da barraca. Ela havia ficado na barraca de Luna. E como de costume, já saiu impecável... cabelos soltos, usava jeans e uma camisa azul de mangas largas, e provavelmente estava usando algum tipo de maquiagem, pois no seu rosto não havia um resquício de que acabara de acordar, eu fiquei impressionado. Tanto, que fiquei a encarando.

Ela saiu calada, me encarando também, deu a volta, se sentou próximo a fogueira, inclinou a cabeça e então deixou aparecer um sorriso no canto da boca.

- O que foi?

Eu virei um montinho de frango desfiado e queijo na chapa.

- Que tipo de maquiagem vocês usam?

Sofia sorriu.

- Nenhuma em especial... eu nem estou usando agora.

- Caraca... - eu fiz o último sanduiche -, tu tá sempre assim... tipo, nem parece que acabou de acordar.

- Obrigada -, ela desviou o olhar para o chão quando agradeceu. "Eu nem tinha percebido que estava à elogiando".

- Enfim... -, eu queria mudar de assunto logo -, café da manhã?!

***

Sofia já havia terminado de comer. Nós estávamos sentados próximo a fogueira conversando, esperando os outros acordarem.

- Mas como você se sentiu? - Sofia perguntou.

Luna havia contado à ela sobre o que acontecera na noite anterior, quando aquela fumaça negra saiu do meu corpo. Nós estávamos conversando sobre isso.

Chama Negra - A origem do símbolo do infinito Onde histórias criam vida. Descubra agora