No meu sonho eu estava caindo...
Caindo novamente naquele constante vulto disforme. A fumaça negra ainda saía por meus poros e o barulho do vento forte soava alto em meus ouvidos.
"Hector, Hector...", uma voz macabra conhecida ecoou em minha mente, era a voz do entregador de pizzas, era a voz de Apoliom... "A Era dos Elementares está chegando ao fim. Você vai mesmo apoiar aqueles que te exilaram? Aqueles que não confiam em vocês? ", eu quis correr, parar de ouvir aquela voz, aquele cara sabia me deixar nervoso. Desde que descobrira toda a verdade sobre a minha história, a história dos Mistos, sobre a história da guerra, enfim... eu sempre evitei olhar a situação por aquele lado, não gostava de pensar no fato de que tínhamos sido exilados, de que os Elementares não confiavam em nós – na verdade, esse lado da história me enchia de ódio-, preferia olhar pelo lado mais heroico... pelo lado em que os Elementares precisavam dos Mistos, e se nós os ajudasse, eles finalmente confiariam em nós. "Eu sei como você se sente Hector, mas os Elementares nunca vão confiar em vocês... eles temem o poder que os Mistos ostentam, eles temem vocês...", ele estava tocando em minha ferida.
- Cala a boca! – Tentei soar ameaçador, – você não me conhece! Você vai ser derrotado de novo, mas dessa vez será pelas mãos dos Mistos! - Eu gritava em meu sonho, Apoliom sabia me irritar. A voz sorriu friamente, como quando ele foi entregar a pizza em minha casa. Mesmo no sonho minha cabeça doeu... "Você vai mudar de ideia meu jovem, você é inteligente... você vai se juntar ao lado certo da causa, você e todos os outros mistos..."
Ele falava com uma certeza, que me fazia "tremer nas bases".
"Você vai me apoiar Hector, ou acabará caindo...", ele disse por fim, eu quis discutir, mas de repente o mundo em vulto que eu estava caindo, se tornou apenas escuridão... a única coisa visível era o chão que se aproximava em alta velocidade. Dessa vez eu não ia cair na agua, ia dar de cara no chão duro mesmo... "Caramba! É um sonho, só um sonho... eu não estou caindo de verdade, calma. " Eu repetia em minha mente, mas o medo não diminuía enquanto eu estava em queda livre, em alta velocidade, rumo ao chão, que aliás, me parecia bem sólido... quando ia batendo no chão, graças a Deus, eu despertei assustado.
Mas que sonho estranho...
A última vez que me vi acordado, eu estava às margens de um lago imenso, com Luna, combatendo um Golem... agora, porém, eu estava deitado em uma cama confortável em um quarto que parecia uma suíte de um hotel de luxo... o chão era de madeira polida, com um tapete branco muito felpudo estendido ao lado da cama, muitos espelhos nas paredes brancas e para completar havia também um criado mudo próximo a cama com uma cesta de frutas em cima. Luna estava sentada ao meu lado segurando minha mão, ela me olhava aliviada por eu acordar.
- Hector, que bom que você acordou! – Ela abriu um sorriso radiante, apertou mais forte minha mão. Ela parecia ter tido um dia no SPA... - diferente de mim - tinha tomado banho, estava com um cheiro muito bom de flores silvestres, seus cabelos estavam soltos também - eu preferia assim -, enfim, estava mais linda ainda. Eu estava feliz em vê-la, eu ficava melhor com ela por perto. Eu apertei sua mão também.
- Você não sabe o quanto é bom te ver bem... - eu falei.
- Obrigada, Hector... você me salvou – ela entrelaçou os dedos aos meus, meu coração bateu mais rápido – se não fosse por você, eu não sei se teria conseguido me livrar daquele Golem. –
- Eu... eu nem sei o que aconteceu direito – minha boca estava um pouco seca, - eu só queria te salvar, não teria aguentado te ver sendo ferida – com um pouco de esforço, eu me sentei na cama de frente para Luna, afinal eu estava um pouco dolorido ainda. Luna segurou minha outra mão e entrelaçou os dedos nos meus também, ela me olhou nos olhos... tinha um sorriso leve no canto da boca, sua expressão era de admiração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chama Negra - A origem do símbolo do infinito
Adventure"A antiga guerra contra os deuses, deixou para trás maus legados..." Hector, tem 15 anos e vivia uma vida normal... o mais normal possível que se consegue ter, sem uma mãe. Isso, até ele descobrir depois de uma visita inesperada a noite, que os mito...