Yaacov pousou o helicóptero em uma campina que frenteava um morro.
Assim que descemos, pude prestar mais atenção ao meu redor. Eu não havia olhado muito da paisagem durante a viagem, passei quase todo o tempo deitado de lado na maca, me equilibrando com a ajuda de Luna pra não tocar a haste da flecha em nada, evitando piorar a situação. Yaacov havia até tentado serrar a flecha, mas desistiu, eu não estava suportando a dor, não seria possível sem anestesia.
Do pé do morro subia uma escadaria larga, ela seguia íngreme até o topo. Cara, eu não sabia se conseguiria subir tudo aquilo, meu ombro esquerdo ardia, o pior era que a dor afetava todo o meu corpo.
- Jack? - Yaacov se virou para ele-, você consegue levar Hector e eu até o topo? -Perguntou. Ele sabia que eu não estava em condições de subir. Jack confirmou com a cabeça. - Pois bem-, Yaacov veio até mim -, nos leve, não podemos perder tempo -, ele pôs a mão no meu ombro direito. Nesse momento, antes que Yaacov pedisse, os outros começaram a correr em direção a escadaria, demorariam um pouco pra chegar no topo.
- Bem... - Jack me encarou-, talvez doa um pouco, as correntes de ar vão empurrar a flecha...- Jack fez uma cara de pena, como se estivesse preocupado. Ele realmente não estava se parecendo com o cara que havia me dado uma surra há pouco tempo. Eu balancei a cabeça, já estava doendo horrores, a não ser que realmente aumentasse muito a dor, um pouquinho só não faria diferença.
Jack olhou para cima, e sem prévio aviso saltou, mas ao invés de começar descer, ele continuou subindo rápido, quando estava chegando aos três metros, eu e Yaacov fomos puxados para o alto. Estávamos voando. O ar passava por meu corpo como se eu estivesse mergulhando em uma onda, era como se eu estivesse sem peso. Talvez, sob outras circunstâncias, aquela experiência fosse maravilhosa, mas naquele momento tudo que eu conseguia sentir era dor. Como Jack falara, o ar fazia uma pressão enorme sobre a haste da flecha, era como se alguém houvesse pendurado algo na haste. Eu fechei os olhos, estava a ponto de gritar. Foi então que paramos, havíamos chegado ao topo, fora mais rápido do que eu esperava. Eu abri os olhos. Estávamos começando a descer levemente.
O topo era plano, coberto por uma grama baixa e de um verde muito vivo. Existia apenas uma construção enorme ao centro, branca, toda rodeada com colunas grandes que iam do chão ao teto, se parecia com um enorme templo grego. E logo a sua frente, havia algo parecido com uma praça oval, o chão era todo coberto com pedras lisas e brancas, e haviam pequenos pilares dispostos em fila seguindo em espiral, partindo do centro até a beirada da praça. Parecia que alguém com TOC havia feito um bom trabalho, eles tinham a mesma distância um do outro, e a espiral era perfeita. Quando nos aproximamos mais, eu pude notar que em cima de cada um havia uma pedra colorida diferente, e o que mais me impressionou, é que apesar da sua disposição perfeita, os pilares estavam num estado terrível, cheio de musgo e rachaduras, pareciam abandonados.
Aterrissamos suavemente entre a praça e a construção.
No momento em que toquei o chão, me ajoelhei na grama, a dor havia aumentado muito. O local onde a flecha havia me atingido latejava. Eu senti algo escorrer pela minha costa, provavelmente sangue. Eu estava fazendo uma força imensa pra não gritar.
- Então esse é o seu novo filho, Yaacov?!
Eu me virei em direção ao templo para ver que havia falado. Havia uma mulher de braços cruzados, escorada com as costas em uma das colunas próximas da enorme porta. Eu nem havia notado sua presença até então, mas ela parecia estar nos esperando. Seus cabelos eram loiros e cacheados, ela estava vestida com um vestido branco de um tecido leve amarrado na cintura com uma corda dourada, na sua cabeça havia uma tiara também dourada, ela se parecia muito com uma rainha grega de algum filme, aquela com certeza era Hebe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chama Negra - A origem do símbolo do infinito
Adventure"A antiga guerra contra os deuses, deixou para trás maus legados..." Hector, tem 15 anos e vivia uma vida normal... o mais normal possível que se consegue ter, sem uma mãe. Isso, até ele descobrir depois de uma visita inesperada a noite, que os mito...