Capítulo 22- MEU TUTORIAL DE COMO FICAR MUITO TRISTE EM UMA NOITE.

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Max saiu pela porta sem nem se despedir direito... fez apenas um aceno com a cabeça, me deixando sozinho no quarto.

Os Senhores Elementares haviam sido unânimes em uma reunião "às escuras" - sem a minha mãe - ... "Hector Black não é confiável, ele deve ser vigiado". Eu perguntei perplexo para Max o porquê disto, o porquê desta desconfiança... ele disse que provavelmente a causa principal desta medida seria o pânico. Há tempos eles não sofriam tamanha ameaça, e ainda por cima tão repentina... eles foram pegos totalmente despreparados. A outra causa, que segundo eles - dissera Max- era a principal, havia sido o meu encontro com Apoliom na Terra. Aquele encontro havia sido muito estranho... nisto eu concordava com eles, eu não encontrava um motivo lógico sequer, para ele ter se dado ao trabalho de entregar uma pizza, me aterrorizar com visões horríveis - aquelas imagens nunca sumiam da minha mente - e depois partir me desejando boa sorte... isto não fazia muito sentido, mesmo que fosse para assustar... o Basilisco, na minha opinião, seria o suficiente. De qualquer forma, nós teríamos mesmo que retornar... Luna havia ido para minha casa aquela noite apenas para levar a mensagem para Yaacov... os Senhores já haviam tomado a decisão quanto ao nosso retorno... ou seja, não existia nenhum motivo para a presença de Apoliom ali, na Terra.

A única explicação lógica que os Senhores encontraram - para o meu azar -, foi que Apoliom foi a Terra para me recrutar para o seu lado. Max me disse que essa foi uma especulação muito radical, uma conclusão desesperada da parte dos Senhores Elementares. E que mesmo discordando, era a minoria na reunião. O fato é que eu seria vigiado por seus generais.

O mais impactante, para mim, quando soube disto, foi que se eu já estava preocupado em como sairíamos com os generais na vila, agora eu estava mais ainda, sabendo que eles estariam de olhos em mim, me vigiando. Eu o perguntei o porquê de ele estar contando aquilo para mim... segundo ele, estava me contando aquilo, primeiro, porque não achava justo... e segundo, porque poderia atrapalhar, de alguma forma, em meu cotidiano - ele deu uma risadinha maliciosa quando disse isto -. Eu quase tive certeza que Max conhecia nossos planos, que ele sabia o que estávamos fazendo às escondidas. Mas como ele não disse nada mais "direto" à respeito, eu apenas o agradeci. Ele também me disse para não contar para minha mãe... ela ficaria revoltada se soubesse, e aquele não era um bom momento para os Senhores se atritarem entre si, eles deviam continuar focados em Apoliom... ele se levantou, agradeceu a bebida, depois de um rápido aceno com a cabeça, saiu pela rua de pedra da Vila.

Depois disto, eu não consegui mais focar em nada, muitos problemas para uma cabeça adolescente só... eu coloquei minha espada na bainha e saí pela Vila... não ia mais conseguir tirar a minha "soneca".

...

Passei quase todo o resto da tarde treinando espadas com um grupo grande de Mistos que Yaacov estava ensinando. Táticas de combate, estratégias para defesa, estratégias para ataque, táticas para fuga, estratégias para montar estratégias - achei que era algum tipo de brincadeira do Yaacov, mas não era... para falar a verdade foi até bem proveitoso aprender isso-... e assim eu preenchi minha mente, essa foi a forma que eu encontrei para relaxar naquela tarde... treinando duro. Durante este tempo não vi Luna e nem Sofia, deviam estar com o seu pai em algum outro lugar.

- Ok pessoal por hoje é só! Amanhã vamos explorar um pouco mais os seus poderes, nos vemos no jantar! - Ao final da aula Yaacov despediu-se de nós, se retirando imediatamente para dentro do Forte. Eu pude notar que ele estivera meio estranho durante a aula... com devaneios muito frequentes... às vezes fitava sério o horizonte por alguns segundos, depois olhava ao seu redor, para a vila, como se estivesse "absorvendo" a imagem, admirando a sua criação, logo em seguida piscava rápido e voltava sua atenção para nós, mostrando-nos uma sequência de golpes nova... ele teve vários dessas "viagens" durante a aula. Isso não era normal, Yaacov sempre fora tão enérgico, atento e brincalhão... agora ele vivia distraído e tenso quase o tempo todo, até suas brincadeiras já não pareciam mais tão espontâneas... era como se ele estivesse atuando para esconder algo... podia até funcionar com os outros, mas eu o conhecia muito bem... algo lhe preocupava... lhe preocupava muito.

Chama Negra - A origem do símbolo do infinito Onde histórias criam vida. Descubra agora