Musa do fingimento

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O frio que adentrava pela janela
parecia se infiltrar em suas veias.

Seu rosto se tornava mais emoldurado
Porém, ficando cada vez mais fechado
Seu sorriso não era mais sentido
Parecia um tecido cinza e sem caminho
Mas os olhos, pareciam uma porta
uma porta cheia de cores e sabores.

Falsos
E inventados
Criados para abraçar o vazio avassalador

Não eram reais
Eles nunca foram sequer sentidos
Mas a forma que ela os criava
era tão vivida e tão sincera.

Ela não falava e nem sentia
apenas se sentava no alto da torre.

Assim ela criava
criava e imaginava
era tão incontrolável que ela nem percebia.

Ela não conseguia perceber que não sentia mais,
ela não podia diferenciar o que era real ou não.

Era tão criativa que criou os sentimentos que ela queria sentir
mas esqueceu, que criando os irreais os reais não viriam até ela.

Foi dona de sentimentos banais
necessitava de afetos reais.

Foi senhora de pesadelos reais
e sentimentos mortais.

Musa do fingimento
dona da criação
que por fim perdeu a razão
demasiadamente desejando o sentimento real e mortal.

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