2° Capítulo

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NARRAÇÃO...

Já fazia um ano que a Brunna estava naquela cama de hospital. Ludmilla conseguiu se reerguer depois de um tempo, mas apenas fez isso por causa de seus filhos, que precisavam dela, se não ela continuaria no fundo do poço que estava, quando a esposa ficou naquela situação.

Para não pensar muito no que estava acontecendo, ela descontava toda a sua frustração na academia. Treinava durante quatro horas todos os dias, tirando as corridas matutinas. Sua mãe estava ficando na casa deles, com ela pois sabia que ela necessitava desse suporte e que não aguentaria ficar em casa sozinha com os dois filhos ou acabaria desmoronando por lembrar da falta que a Loira fazia naqueles momentos em família.

Silvana: Bom dia, filha - Bateu na porta do quarto delas e a abriu, vendo a filha sentada na cama enquanto encarava um porta retrato com a foto da esposa e dos filhos - Não vai ir trabalhar?

Ludmilla: Infelizmente sim - Ela suspirou - Eu queria ir lá ficar com a Bru, mas não posso abandonar meu emprego.

Silvana: Exatamente. A Brunna está sendo muito bem cuidada pelos médicos, e você sabe que eu vou lá sempre que posso e levo as crianças comigo - Se sentou ao lado do filho

Ludmilla: Eu sei, mãe - Seu tom de voz era baixo - Mas eu queria muito poder ficar o tempo todo lá, do lado da minha mulher, para ela ver que eu tô torcendo muito. Ela já deve tá achando que eu esqueci dela.

Silvana: Não fale uma coisa dessas, Ludmilla! - A repreendeu - A Brunninha sabe que você ama muito ela e, mesmo nessas condições, sabe que você não a abandonaria.

Ludmilla: Semana passada eu fui lá duas vezes só. Sabe o que é isso? - Seu tom agora era de irritação, mas estava irritada consigo mesma.

Silvana: Você estava ocupada.

Ludmilla: Ela deveria estar acima de qualquer trabalho ou projeto ridículo! - Esbravejou.

Silvana: Você tem dois filho, Ludmilla. Não pode abandonar o seu serviço para viver dentro daquele hospital, sem poder fazer nada para ajudar sua esposa.

Ludmilla: Eu sei, e esse é o motivo de eu não ter mandado tudo para o espaço, mas mesmo assim eu me sinto culpada de não poder estar diariamente com ela - suspirou - Como ela tá?

Silvana: O físico tá bem, mas o médico disse que ela ainda não deu nenhum sinal de que iria acordar - Falou a verdade.

Ludmilla: Tão lavando o cabelo dela direitinho? Você sabe da paixão que ela tem por esse cabelo - A morena olhou nos olhos da mãe, revelando o tom avermelhado denunciando o choro anterior.

Silvana: Sim, filha, a Mia faz questão de estar sempre presente nessa hora e fazer tudo que a Brunninha gostaria que fizessem - Ela acariciou o braço da mulher - Eu imagino como deve ser difícil para você ter que se manter forte na frente dos seus filhos, mas eles não entendem o que tá acontecendo e você é o ponto de referência que eles têm para saber que a mãe deles tá bem.

Ludmilla: Mesmo ela não estando - Resmungou.

Silvana: Ela tá sim!

Ludmilla: Faz um ano, mãe! - Ela exclamou - Cada dia que passa é um dia a menos de vida.

Silvana: E um dia a menos do coma! - Ela rebateu na hora - Cada dia que passa ela fica mais próxima de despertar filha.

Ludmilla: O médico disse que as chances de ela acordar são de 10%, ou seja, 90% de chance de ela ficar assim para sempre!

Silvana: Na previsão do tempo hoje disse que as chances de chover são de 10% e mesmo assim eu vou levar um guarda-chuva, pois sei que essa porcentagem, apesar de baixa, é real!

Ludmilla: Eu vou ir tomar um banho, mãe! - Ela se levantou da cama, sem falar nada a respeito do que a mulher falara.

Silvana: Se mantenha forte, filha. Por ela e por seus filhos - Ela beijou a testa da mulher e saiu do quarto.

Ludmilla se despiu e foi tomar um banho frio para despertar e tirar todos os pensamentos ruins da cabeça. Ela queria ter a esperança que sua mãe transmitia, mas a cada dia que passava ela pensava que as chances de sua esposa acordar diminuíam.

A morena se arrumou e então saiu do quarto, descendo as escadas e encontrando seus filhos na mesa com sua mãe.

Nina: Mamaaa! - Disse animada quando ela apareceu.

Ludmilla: Oi, meu amorzinho - Ele beijou a testa dela - Como você dormiu?

Nina: Bem - Ela sorriu.

Logo a mãe beijou o rosto do outro filho e se sentou ao lado dele, para tomar café.

Léo: Será que a mamãe vai demorar muito a acordar? Eu já tô com saudade de dormir com ela - Falou fazendo um bico.

Ludmilla: Tomara que não, filho - Acariciou os cabelos dele - Logo ela vai estar conosco.

Silvana sorriu ao ouvir as palavras de esperança da filha, mesmo sabendo que aquilo era apenas para que seus filhos não se desesperassem.

Eles terminaram de tomar café e então pegaram suas coisas para ir para o carro. Ludmilla ia fechar a porta, mas lembrou do que a mãe disse e resolveu dar uma chance para a esperança. Ela voltou para dentro da casa e pegou um guarda-chuva, logo indo para o carro.

Ela deixou a mãe na casa dela, juntamente com a Nina e logo foi para a escola do filho.

??: Como sua esposa está? - Um dos pais chegou perto da mulher perguntando.

À preocupação não era real, ele apenas queria uma desculpa para se aproximar da mulher, assim como vários homem e outras mulheres faziam.

Ludmilla Na mesma - Ela suspirou - Mas vai ficar tudo bem.

??: Eu espero que sim - Ele sorriu para mascarar a mentira de suas palavras.

?: Os médicos já falaram algo? - Dessa vez uma mãe chegou se metendo no assunto.

Ludmilla: Não, ela tá bem, mas nada ainda de acordar - Explicou.

??: E como as crianças estão? - O Rapaz perguntou.

Ludmilla: Estão bem, estou fazendo de tudo para que eles fiquem bem.

?: Se precisar de alguma coisa é só me procurar, tá? - A mulher ofereceu acariciando o ombro dela.

Ludmilla: Obrigada - Ela deu um pequeno sorriso e foi até o filho - A mama já vai indo, tá?

Léo: Tá bom.

Ludmilla: Pra casa do caralho ninguém quer saber de ir né? Mais saber vim até a mim com segundas intenções e fingir querer saber da minha mulher sabem né? - Pensou ela.

A mulher beijou a testa do pequeno e então partiu para seu escritório. Ela começou seu trabalho, mas não estava conseguindo se concentrar, então deu uma pausa e aproximou sua cadeira da janela olhando para a rua.

Ludmilla: O tempo ficou feio do nada - Estranhou quando viu o céu cinza.

Não deu nem dez minutos e o seu celular tocou, indicando o número da sogra.

Ludmilla: Alô...? - Ela estava esperando o pior.

Mia: Ela acordou, Lud! Ela abriu os olhos! - A mulher falou emocionada.

Nesse mesmo momento a Mulher olhou para a janela e viu as gotas da chuva caírem, fazendo um sorriso aparecer e lágrimas escorrerem.











Esqueci de deixar um avisinho, a Lud é Intersexual!

Quase Tudo Perdido...Onde histórias criam vida. Descubra agora