Sem revisão
Bruno
Morto. Meu pai estava morto. O choque da notícia me impediu de pensar com clareza o quanto isso afetaria minha vida.
- Bruno, precisamos ir.
Alexandre tinha cuidado de tudo e ligou avisando que o velório teria início no horário do almoço.
- Vamos.
Lira estava parada na porta de meu quarto. O motorista nos esperava na entrada da casa. O velório seria fechado e receberíamos apenas poucos amigos e conhecidos. Ele estava certo, não queria que um momento de despedida se tornasse um circo.
Durante todo o percurso até o local onde seria o velório, me mantive quieto. Lira até tentou conversar comigo, mas acabou desistindo. A imprensa estava em peso nos esperando na entrada. Um bando de abutres!
Algumas pessoas vieram nos cumprimentar assim que entramos. Lira seguiu em direção ao caixão, mas me mantive ali parado no meio do salão. Não queria ver meu pai dentro daquela caixa. Me recusava a ter essa lembrança dele.
- Venha ver seu pai.
- Não. - digo me afastando dela.
Me sentei em um canto e aceitei uma dose de uísque que me foi servida. Um burburinho se formou na entrada e então Alexandre apareceu acompanhado de Eli. Lira foi ao encontro deles e claro foi ignorada por meu irmão.
- Sinto por sua perda.
Levantei a cabeça para me deparar com Eli me estendendo a mão.
- Sei extamente o que está sentido nesse momento. - acrescentou ela.
- Obrigado.
Alexandre se posicionou do lado dela e tratou de desfazer nosso comprimento cordial. Ela era realmente especial para ele. Se afastaram de mim e voltei a abaixar a cabeça.
- Bruno.
Dessa vez era Fabiana que estava do meu lado.
- Meus sentimentos.
Apenas acenei a cabeça e fiquei em silêncio. Ainda não havia chorado por meu pai e a cada minuto meu peito se apertava. Não suportaria ficar muito tempo ali. Mais e mais pessoas vieram me cumprimentar e Fabiana permanecia do meu lado. Continuei bebendo ao ponto de ficar muito tonto.
- Beba essa água. - pediu ela.
Aceitei o copo que me estendeu e bebi todo o líquido. Fechei meus olhos e foi impossível não me lembrar de minha mãe. Foi doloroso assistir a vida a deixando aos poucos. Só que ao mesmo tempo, foi uma preparação para sua perda. Agora meu pai foi algo inesperado que nos deixou sem chão.
Levantei minha cabeça e procurei por meu irmão. Estava do outro lado, sentado ao lado de sua namorada. Estavam com as mãos unidas e conversavam baixinho. Me lembro que a morte de minha mãe foi a primeira e última vez que vi meu irmão chorar. Alexandre sempre foi forte, duro e não demonstrava nenhum tipo de emoção. Queria ser como ele agora, mas senti a primeira lágrima rolar por meu rosto e então um soluço escapar de meus lábios.
Algumas pessoas se viraram para mim e me levantei para sair. Encontrei uma sala e entrei. Deixei que toda a dor que estava sentindo fosse embora através daquelas lágrimas. Não me virei quando escutei a porta sendo aberta e muito menos quando senti uma mão apertar meu ombro.
- Estamos órfão, eles se foram. - digo entre soluços para meu irmão.
Não precisava me virar para saber que era Alexandre.
- Nós vamos ficar bem. - me assegurou ele.
Me virei e o abracei. Não me lembrava da última vez que havia o abraçado. Não sei quanto tempo ficamos ali, mas partiu dele a iniciativa de se afastar. Limpei meu rosto e o encarei e para minha supresa também havia chorado.
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Envolvida
RomanceCresci sendo alertada o quanto as pessoas podem más, e deveria tomar cuidado com quem se aproximasse de mim. Só que esse mal não consegui enxergar, e se aproximou de mim sem que eu percebesse. Ele vestia roupas caras e detinha um poder tão grande na...