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Sem revisão

Eli

Alexandre não chorou em nenhum momento e me preocupei com isso. Mesmo que a relação deles não estivesse boa. Ainda assim era seu pai e a morte foi um tanto inesperada. Fiquei do seu lado como fez comigo quando mais precisei e tentei lhe passar meu amor e carinho. As vezes palavras não são necessárias.

Só que acordo e estou sozinha na cama e me lembrei que hoje seria a leitura do testamento. Ele falou que não havia motivos para adiar isso. Achei sua atitude um tanto fria, mas não disse nada. Não entendia a relação que tinha com sua família e por essa razão não o julgaria por suas decisões.

Devido a tudo que aconteceu, não tive tempo de ir olhar a casa. Seria um bom momento pra ir até lá e me distrair. Só que queria estar em casa quando Alexandre chegasse e por essa razão fiquei.

A manhã passou, o horário de almoço chegou e por fim o final da tarde veio. Alexandre não atendeu nenhuma de minhas ligações. Nem mesmo Sônia Maria sabia onde estava. Não gostava de ficar sem notícias, só que não tinha o que fazer que não fosse esperar que voltasse para casa.

Já havia jantado e estava deitada quando entrou no quarto. Sua expressão estava fechada e parecia que estava a ponto de explodir. Entrou direto para o banheiro sem dizer uma única palavra.

Me sentei na cama e esperei que voltasse. 

- Pode me contar o que está acontecendo?

Fui ignorada por ele que saiu do quarto. Fui atrás, pois mesmo que não me contasse a verdade, no mínimo poderia me dar alguma explicação sobre seu sumiço.

- Alexandre! - o chamei o seguindo até seu escritório.

- Lira matou minha mãe.

Paralisei na porta para processar o que havia me dito.

- A envenenou durante seu tratamento contra o câncer. - continou ele. - Confessou tudo que fez e Bruno quase a matou por isso.

Fiquei em silêncio sem saber o que dizer.

- Até tentei segurar Bruno, mas estava tão fora de si que conseguiu se livrar de mim e bateu muito nela. Precisou ser levada para o hospital e deixei Bruno sedado em casa.

- Nem sei o que dizer.

- Meu desejo era deixar que Bruno a matasse. - confessou ele me encarando. - Que a fizesse sofrer tanto quanto nos fez sofrer no passado. E foi por muito pouco que não o deixei fazer isso. Meu lado racional me fez parar antes. Precisou de três seguranças para tirá-lo de cima dela.

Continuei parada perto da porta completamente hipnotizada com o que estava me contando. Nunca tinha visto Alexandre daquele jeito. Cheio de ódio e raiva. Esse era um lado que não conhecia.

- O que pretende fazer com ela? 

- Não sei, só quero que pague por tudo que nos fez.

- A polícia pode cuidar disso e...

- Eli, mesmo depois de tudo que aconteceu. Ainda vai me dizer que acredita na justiça? - disparou ele me interrompendo. - Vou fazer o que precisa ser feito. A morte deles não vai ficar impune!

Ele bateu a mão com força na mesa e isso me fez pular para trás. Quem era esse homem que estava diante de mim?

- Então é isso? Vai matá-la e ponto final?

- Não antes de fazê-la sofrer por dias. - respondeu ele direto. 

Dentro de mim entendia a raiva que estava sentindo. Lira tinha matado sua mãe. Em seu lugar talvez desejasse o mesmo para quem matou meus pais. Só que aquilo não era certo. Simplesmente não era!

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