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Sem revisão

Lira

A dor está sendo minha companhia constante. Durmo e acordo com ela martelando sem parar. Sempre soube que Alexandre era perigoso, pois até mesmo Antônio o respeitava demais, mas o que descobri nesses últimos dias me deixou em choque.

Alexandre era um sádico que gostava de assistir o sofrimento alheio. Até mesmo Bruno com todo aquele ódio dentro de si, em algum momento foi embora achando demais toda aquela situação, mas Alexandre ficou ali até que se cansasse.

O que antes era minha mão, agora é uma massa retorcida de carne, o cheiro de sangue era muito grande e as moscas insistiam em pousar ali. Não demoraria muito para que ficasse ainda pior. Não sei como está Juliano, mas creio que deva estar tão mal quanto eu. Não tive tempo de prestar atenção no que Alexandre havia preparado para ele, pois estava ocupada gritando de dor ao ser devorada por aqueles bichos.

Estava deitada no chão de uma pequena sala, não existia nada ali dentro. Estava tudo muito sujo e mesmo que estivesse com nojo não tinha outra opção. Em algum momento devo ter cochilado e acordei com passos pesados. Tentei me sentar e gritei a encostar minha mão no chão. A porta foi aberta e dois homens entraram.

- Novaes deseja vê-la. 

Me deixei ser arrastada por eles e fui praticamente jogada em uma cadeira na frente de Alexandre.

- Você fede. - disse ele quebrando o silêncio.

Sempre me orgulhei de ser uma mulher vaidosa e me encolhi com suas palavras.

- Seu irmão acabou falecendo. - continuou ele. - Teve um choque anafilático devido a quantidade de picadas que recebeu.

Estava tão entorpecida que não esbocei qualquer reação. Eu já não tinha esperança de sair daqui com vida, então não me importava com mais nada.

- Tenho uma nova leva dos seus amigos, o que acha de deixar tudo igual? Dar sua outra mão para comerem?

- Por favor, só me mate Alexandre e acabe logo com isso. - implorei sem me importar.

- Seu irmão já morreu, agora posso focar minha atenção só em você, acha mesmo que pretendo deixá-la ir tão facilmente?

- Alexandre...

- Não implore Lira, isso não vai me fazer mudar de ideia. - disse ele me interrompendo. - Quero que sofra muito antes de finalmente te matar.

Corri quando os guardas se afastaram para buscar a caixa. Passei pela porta e corri sem direção. Passei por todas as portas que consegui achar e quando me vi fora daquele lugar continuei a correr. Uma pequena faísca de esperança cresceu dentro de mim. Avistei o portão e disparei em sua direção. Foi quando escutei latido de cães. O pavor tomou conta de mim e mesmo que meu corpo implorasse para parar, continuei correndo.

Os latidos ficavam cada vez mais próximo de mim. Senti a primeira mordida em minha panturilha e acabei caindo no chão. Me encolhi esperando que fosse atacada, mas isso não aconteceu. Quatro cães de porte grande me rodeavam esperando pelo comando de alguém. Escutei passos e levantei minha cabeça para ver Alexandre.

- Patética sua tentativa de fuga. - disse ele. - Se levante e me siga.

- Não.

- Não? 

- Não! Me recuso a voltar para lá! - gritei o enfrentando.

Alexandre me olhava como se fosse apenas um inseto qualquer. Com breve aceno dois homens me arrastaram de volta para dentro. Fui amarrada em uma cadeira e aquela caixa foi colocada em minha frente. 

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