Capítulo 7

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                —Então estavas certa, conheces mesmo a nossa hóspede? – Greta começou a abordagem subtilmente porque sabia que Walkiria não gostava muito de dar explicações sobre sua intimidade. Ainda que fosse apenas uma hóspede, a cena que vira há momentos parecera-lhe íntima demais.

—Acreditas que eu a conheci há 5 anos, no Sal? Eu não acreditei nesse reencontro, aliás, ainda não acredito.

—Ela vivia lá?

—Não...passamos algumas horas juntas no dia que ela ia embora...

—Horas? Que incrível! Parecem tão íntimas...

—Pois é...coisas que não se explicam. E ela veio parar aqui, com tantos hotéis por essa ilha...

—Viveram um romance de algumas horas na maravilhosa ilha do Sal?

—Hã? Não! A mulher é casada. Não!

—Ah sim, território proibido. E onde está o marido?

—Sei lá. - Riu. - Eu realmente não perguntei, mas ela não mencionou...

—No hotel, ela está sozinha. É ela que sai hoje?

—Exatamente. Mas vai ficar um mês. Veio a trabalho.

—Que bom, Wiki. Pelo menos tens alguém interessante para conversar, além de mim, claro.

Riram.

—Sim, assuntos entre nós não se esgotam...

—Ela é bonita. No dia da chegada não prestei atenção porque estava mais preocupada em remediar o teu destempero, mas hoje eu notei, que mulher linda.

—Sim, ela é desse tipo de gente que não precisa fazer nenhum esforço para ser bonita. E já pedi desculpas pelo meu comportamento do outro dia.

—Ah, mas eu tenho certeza de que ela nem se lembra...

—Depois eu te conto a história do nosso primeiro encontro. Se hoje estamos aqui, se temos esse hotel, muito se deve à Nahima e seus conselhos.

—Sério? Salve, Nahima. – Sorriu. - Quero saber tudo.

—Sim senhora, mas agora vamos ao nosso assunto. Analisaste os emails?

—Sim! As coisas parecem um bocado complicadas, mas vamos encontrar uma solução.

—Só não sei como. Não temos mais onde inventar receitas e com o facturamento atual, conseguimos pagar a parcela do empréstimo, meia dúzia de contas e ficam outras tantas por pagar. A gerente marcou uma reunião para hoje à tarde...espero que não seja para despejar mais péssimas notícias. Vamos?

—Marquei duas aulas extraordinárias para hoje e os horários não casam. Mas posso cancelar uma das aulas...

—Não, nem pensar. Eu vou e depois repasso-te tudo. Vou ver se consigo um milagre. Já sabemos que é difícil, mas não custa tentar...

—Não vamos perder o nosso hotel. Nem que...

—Para. Já conversamos sobre isso, sabes a minha decisão e ela é irrevogável.

—Walkiria, tudo que é dos meus pais, é meu também.

—Teus pais, não meus. É muito fácil sonhar em cima do dinheiro dos outros...

Nas brumas do PicoOnde histórias criam vida. Descubra agora