Capítulo 16

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A vida no hotel Pedras do Vale seguia numa rotina mais frenética que o habitual. Walkiria, cada dia mais empenhada em melhorar o espaço e as finanças, dedicava-se de corpo e alma à remodelação e apetrechamento do espaço multiuso. Depois de muita insistência de Nahima, chegara à conclusão de que mais uma vez ela estava certa e então, mergulhou a fundo nos trabalhos. Todas as tardes Nahima aparecia no hotel para saber como andavam as obras e mostrar a evolução das redes às quais dedicava parte do seu tempo. Era inquestionável o aumento da procura depois do trabalho de promoção, e mais, uma procura de melhor qualidade. Parecia que a mente de Nahima era uma fábrica inesgotável de boas ideias, isso sem falar na capacidade de transformar simples fotos em verdadeiras obras de arte. O hotel era muito mais bonito e aprazível pelas lentes dela.

Greta tinha regressado ao trabalho após o conflito com Walkiria e tudo seguia normal. Não tinham sentado para conversar com o intuito de limar arestas, mas cada uma seguia fazendo o seu trabalho em prol do objetivo comum.

*****

—Não sabia que precisava tanto desse chá...que delicia. Minha garganta estava ressecada...

—E tu sabes o motivo...passamos muito tempo naquele espaço em meio à poeira. Mereces muito mais do que um chá com torradas. Mereces um jantar preparado pelas minhas mãos, acompanhado pelo melhor vinho da minha adega. E as forças para fazer alguma coisa além de cair morta na cama?

Risos.

—Hoje foi mais cansativo mesmo, mas pense que já vai terminar e o teu espaço de eventos vai revolucionar o mercado.

—Ah esse teu otimismo contagiante. Queria tê-lo sempre por perto...

—O otimismo ou a otimista? – Nahima provocou já rindo da cara de Walkiria.

—Não se pode ter tudo e a otimista sei que é mais difícil, então...queria tomar uma injeção diária desse teu otimismo. – Sorriu.

—Não penses que escapas desse jantar. Fiquei com água na boca...

—A minha dívida contigo é tão extensa que terei de oferecer-te um jantar por noite e ainda assim, ficarei em dívida.

Nahima riu às gargalhadas.

—Exagerada! Mas a ideia me agrada...

—É sério, Nahima. Vou encontrar uma forma de pagar-te. Já sabes que dinheiro não abunda por aqui, mas hei de encontrar uma forma. Imagina se eu tivesse que pagar por cada minuto que dispensas do teu tempo para me ajudar nesse negócio.

—E olha que essa é uma das minhas formas de ganhar a vida...talvez a mais rentável. – Sorria.

—Meu Deus... - Wiki segurou a cabeça entre as mãos, dramatizando a situação. As duas riram muito.

—Ainda descubro uma forma justa de te cobrar...

—Só não me deixes sem as minhas calças.

—Hmmm...interessante. Se bem me lembro, tuas pernas são lindas...- Provocava descaradamente.

—Ah, para. É só uma expressão que usamos aqui...não era nesse sentido...ai, que horror.

Nahima ria às gargalhadas.

—Tu ainda ficas mais linda com essa cara envergonhada e essa expressão tímida...charmosa...

—Oh mulher, o que tem nesse teu chá?

—Pergunte à Diana.

Gargalhadas altas.

Nas brumas do PicoOnde histórias criam vida. Descubra agora