64. Ainda te amo

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Letícia

Acordo com o meu celular vibrando com uma ligação, levo um tempo para achar ele até perceber que ele estava no meu bolso.

O Ney está me ligando, recuso a chamada e vejo que tem um monte de mensagens e ligações perdidas dele.

O Ney está me ligando, recuso a chamada e vejo que tem um monte de mensagens e ligações perdidas dele

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Depois de responder bloqueio o celular denovo e volto a dormir, bom, é isso que eu ia fazer até sentir alguém me abraçando e ficar momentamente assustada.

Abro o olho denovo e vejo que eu não estou em casa, eu tô na casa do Gavi, no quarto do Gavi, com o Gavi.

A gente não tinha brigado ontem a noite? Como eu vim parar aqui? O que aconteceu? Eu estava tentando lembrar mas não conseguia encaixar tudo direito na minha mente.

Ele ainda estava dormindo, tiro o braço dele de cima de mim e levanto a coberta só pra conferir, e sim, estávamos completamente vestidos e com a roupa da festa.

Levanto tentando não fazer barulho para não o acordar e vou no banheiro, faço xixi, lavo as mãos e o rosto e escovo os dentes.

Enquanto faço isso olho em volta e parece de nada mudou, parece que voltei a semana retrasada e estamos bem, felizes e juntos, minhas coisas permanecem no mesmo lugar de antes, tenho que lembrar de pegá-las para levar pra casa depois.

Saio do banheiro e volto para o quarto, vou em direção a cama para pegar meu celular  e ir embora mas acabo batendo na mesa de cabeceira e faz um barulhão e Gavi acorda assustado.

-Le? O que você ta fazendo aqui? -ele pergunta sorrindo e sentando na cama.

- Não sei, não lembro, pensei que você soubesse.

-O que foi esse barulho? Você tá bem? -Ele pergunta preocupado.

-Eu só bati na mesa.

-A gente transou?

- Quando eu acordei a gente estava de roupa, então eu acho que não. -falo rindo também.

-Eu tô com dor de cabeça, acho que bebemos muito.

-Eu tenho certeza que bebemos muito, não lembro o que aconteceu ontem, você lembra?

-A gente brigou, denovo.

-Disso eu lembro, fiquei chateada com o que você disse e comecei a beber e depois fui dançar.

-Isso, ai eu voltei para o bar e voltei a beber também.

-Eu pensei que você tivesse ido embora.

-Não consegui ir embora, estava vendo você. Não ia me aproximar até ver você com o Torre.

-Meus Deus, o Torre não entende que não é não, o maluco parecia que tava me perseguindo na festa. -falo e coloco a mão no pulso onde ele estava me segurando ontem lembrando que o moço que tinha feito ele me soltar, mas não lembro nem o nome do cara.

-Ai eu fiquei puto por que achei que você tinha ficado com ele e fui atrás de você.

-Verdade, acabei que lembrar. -Falo realmente lembrando o que aconteceu. -a gente ficou e fomos atrás do Pedri.

-Isso, pra vir pra cá. -Ele fala e eu concordo com a cabeça.

-Não achamos e fomos para o Bar. -Falo.

-Ai não lembro mais de nada, só de acordar agora. -Ele fala rindo.

-Ai complica, também não lembro. -falo sorrindo. -A gente não deveria ter bebido tanto.

-Isso é verdade, inclusive desculpa por falar aquilo, eu amei te conhecer e foi uma das melhores coisas que já aconteceu na minha vida, você é uma das melhores coisas da minha vida. Eu só queria fazer você parar de falar e estava ficando nervoso e só consegui pensar naquilo, desculpa. -ele fala olhando nos meus olhos.

Acabou desviando o olhar e olhando para baixo, não estava mais sorrindo, me lembro de como me senti mal quando ele disse que preferia não ter me conhecido, estou me sentindo mal denovo, sei que a intenção dele com aquilo era só me magoar mas ele conseguiu com bastante sucesso .

-Ei, não olha pra baixo. -Ele fala se aproximando e levanta minha cabeça, quando nossos olhos se encontram novamente ele me abraça. -Me desculpa  mesmo, eu espero que você saiba que não era verdade, eu só tava bêbado e com raiva, sei que isso não é desculpa nem pretexto pra ser babaca e eu não sou assim, mas quando vi já tinha falado e fiquei me sentindo péssimo por aquilo, péssimo por te magoar denovo. Me desculpa mesmo, vida, eu te amo.

Fico ali abraçada com ele, o cheiro dele me sufocando e ao mesmo tempo me trazendo paz, minha cabeça estava uma loucura, eu queria ficar, mas será que podia? Será que isso é o certo?

Depois de um minuto empurro ele de leve o fazendo me soltar. Pego meu celular que tinha deixado na cama e levando.

-Ei, tá indo onde? - O Gavi pergunta se levantando também e vindo atrás de mim.

-Você viu minha bolsa? eu levei um bolsa, será que deixei ela na festa? -Pergunto já lá embaixo.

-Eu não vi sua bolsa, mas tem outras bolsas suas lá no closet, só pegar outra.

-Mas minhas coisas estavam naquela bolsa, minhas chaves, carteira, documentos, tudo. -falo procurando pela sala.

-O Pedri deve ter visto, ele deve ter trasido a gente ontem por que a gente não apareceu aqui do nada, então só pode ter sido ele.

-Isso, o Pedri. -falo ligando para ele, que chama e chama e não me atende, então volto a procurar a minha bolsa.

-Por que você quer tanto essa bolsa? Aconteceu alguma coisa? -O Gavi pergunta preocupado me puxando para perto dele e me fazendo parar de andar de um lado para o outro mas sem me segurar, paro e olho pra ele.

-Por que eu quero ir embora, eu não quero brigar denovo, eu cansei de brigar com você então acho melhor ir pra casa.-Falo me concentrando para não chorar na frente dele denovo.

-Por que? Por que você não pode ficar aqui? Por que não pode ficar comigo?

-Por que eu bato o meu carro, aprendo a roubar, eu arranjo briga, bebo em algum bar, beijo qualquer boca e eu traço algum plano só pra não lembrar...

-Lembrar o que? -Ele me pergunta e vejo que ele também está segurando o choro.

-Que eu ainda te amo. -falo e ele sorri.

Automaticamente coloco a mão no meu cordão com a aliança de pingente, e percebo que não quero ir embora, não quero sair daqui, não quero deixar ele denovo.

Não sei se existe um certo ou um errado, e também não quero saber, ninguém nunca me fez sentir como ele me faz, eu nunca senti o que sinto por ele com outra pessoa, nunca chegou nem perto, quando estou com ele me sinto completa, me sinto em casa.

Não sei se existe uma pessoa certa, uma pessoa perfeita, uma alma gêmea, ou coisa do tipo. Mas sabia que o que a gente tinha, o que a gente tem e incomparável, é inigualável, único e especial.

Eu não tinha certeza do que era certo e do que era errado mas na vida não tem como se ter certeza de tudo o tempo todo, não tem como estar certa a tempo inteiro, não preciso estar certa sempre.

Eu só tinha certeza de uma coisa, eu protemi para ele na segunda vez que ele dormiu comigo, eu prometi que não iria sumir, e ali, olhando para ele, eu tinha certeza que ali era o meu lugar, nosso lugar era junto.

O Destino - Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora