Uma lembrança daquelas que dói

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Amanda estava no quarto do hotel quando ele chegou. Eles não iam conseguir dormir, teriam o dia 101. A equipe de produção já havia feito os cílios dela novamente, e arrumado deu cabelo.

Eram exatamente 03:00 da manhã quando ele bateu na porta e Lucas atendeu sendo abraçado por ele.

- Bom, eu vou indo. – Lucas disse sem graça e sorrindo ao mesmo tempo. E fechou a porta atrás dele.

- AMANDINHA. – Antônio a abraçou durante cinco minutos. Eles ouviram a respiração um do outro. – Eu falei que você iria ganhar esse programa.

Amanda sorriu e apertou o abraço mais forte. Ela se sentia segura ali, naquele abraço. O lugar onde ela podia ser ela mesmo. Um lugar de respeito e afeto. Eles se amaram naquela noite, mesmo cansados. Eles precisavam desesperadamente um do outro.

Tudo que não puderam viver em confinamento viveram a partir daquele dia. Os primeiros seis meses foram complicados. Haviam entrevistas, fotos e publicidades. Antônio voltou para Miami para treinar e Amanda ia e voltava sempre que necessário.

Amanda amava vê-lo treinar, amava vê-lo feliz. O relacionamento deles era tão leve e real. Quando de encontravam só conseguiam sorrir.

Ela havia acabado de chegar em Miami. Ela não tinha contado para ele, porque ela chegaria madrugada. Ao entrar na casa, tudo estava em silêncio e só entrar no quarto ela o viu deitado com um camiseta no rosto. Ela sorriu que ele havia adquirido esse costume.

Mas ela se surpreendeu quando viu que o porta retrato com a foto deles estava no travesseiro dela e as mãos dele o segurava. Ela sorriu e os olhos lacrimejaram. Ela não merecia tanto, ele era tão perfeito e o que era para ser uma cena de puro amor trouxe para ela a insegurança de não merece -lo.

Ela chegou próximo da cama e ele despertou. Quando Antônio a viu sorriu e estendeu a mão como sempre fazia para chama -la para o abraço que secretamente ela chamava de lar.

- Amor, eu podia ter ido te buscar ou pedido para alguém. – Ele sussurrou no ouvido dela.

Ela estava em cima dele e ele mexia no cabelo dela a olhando sorrindo.

- Eu aluguei um carro, amor. Tudo bem, eu bem sabia se ia conseguir vir. – Amanda disse dando um selinho nele. – Desculpa te acordar.

Antônio sorriu e olhou para os olhos dela.

- Você está em casa agora. – Antônio disse beijando os cabelos dela num abraço.

E era verdade, não importava onde ela estivesse e vice e versa. Quando eles estavam juntos, eles lar, casa e moradia um do outro.

- Amanda? – A enfermeira Maria a acordou da lembrança. Ela estava segurando um prontuário para um jovem que daria alta naquele dia.

- Oi, Maria, desculpa, estava distraída. – Amanda respondeu ajeitando os cabelos que caiam sob a face.

- Arthur perguntou de existe algum caso mais grave por aqui hoje. Algo que seja necessário uma UTI. – Maria continuou enquanto Amanda a encarava chocada.

- Arthur Figueiredo Andrade Albuquerque Sonnem perguntou isso? – Amanda disse observando os lábios de Maria de contrairem em um sorriso discreto e assentiu – Por que Arthur perguntaria isso? Ele não trabalha aqui. Nessa ala quero dizer.

- Agora eu trabalho. – A voz completamente cheia de certeza irritava Amanda. – Eu solicitei a mudança de área para a diretoria e eles acham uma boa propaganda um Sonnem aqui

Amanda o encarou com um ar de desgosto. Propaganda? Ele era realmente um rico mimado. Arthur percebeu o desgosto da médica e o constrangimento de Maria.

- Mas quem me convenceu foi você. – Arthur disse enquanto Amanda o encarava com desprezo e dúvida. – Eu não me importo com esse sobrenome. Mas você disse que tínhamos realidade diferentes e eu vejo o quanto você está sempre cansada, mas ainda assim parece feliz no seu trabalho. Eu não me sinto assim quando conserto o joelho do filho do milionário que estava dirigindo um jet sky bêbado.

- Não temos tantos suprimentos. – Amanda disse séria. – Nem leitos o suficiente. – Arthur assentiu mostrando que sabia. – Bom, se vai ficar aqui, pelo menos tente melhor as condições, Doutor Sonnem.

Amanda saiu e o deixou ali com Maria.

O avião irá pousar em instantes, coloquem o cintos por gentileza.

Antônio despertou da memória do quarto com Amanda e ajeitou o cinto. Encarou as mãos. Ele ainda usava a pulseira do espírito santo que ambos tinham no programa, mas também usava a aliança em ouro, fina e quadrada na mão direita. Quem a retirasse das mãos dele veria a gravação Amanda Alice - Para sempre casa.

Mesmo quando saiu com outras mulheres ele não retirou aquele anel. Ele precisava dele como quem precisava de ar. Ao chegar na plataforma e no saguão, Antônio os viu

Alface, Fred, Paula, Aline, Guimê, todos eles o vieram buscar.

- Campeão – Todos o abraçaram e decidiram sair para almoçar.

- Como você está? – Aline perguntou enquanto todos estavam distraídos.

- Há um ano que eu tento responder essa pergunta. – Antônio disse sincero segurando as mãos de Aline. – Penso que eu devia ter vindo para o Brasil, ter focado menos nas lutas. Devia ter estado mais ao lado dela.

- Você fez o que pode e continua fazendo. Vai dar tudo certo, menino. – Aline abraçou Antônio e sussurrou – Ela sempre vai amar você. Fique tranquilo.

Era isso que ele esperava do fundo do coração.

Era a única luta que ele queria verdadeiramente ganhar.

O universo de nós dois - Amanda (DocShoes) Onde histórias criam vida. Descubra agora