Antônio dormia profundamente quando ela despertou. Ele a tinha beijado e a levado para o quarto, onde ficaram apenas se encarando e sorrindo, sentindo a presença um do outro. Não apenas a presença física, as almas percebendo que estavam juntas novamente. Conectadas pelo elo invisível do pertencimento.
Ela o observou. Ele parecia sorrir enquanto dormia. Ela também sorria. Naquele momento, ela se perguntava o porquê de ter ido embora, a razão da vida dela estava tão presente ali naquele momento. Ali, ao lado dele, ela sentia que era quem realmente deveria ser.
Antônio abriu os olhos lentamente e a viu sorrindo. Estendeu a mão e a aproximou para um beijo longo e cheio dos milhares de sentimentos que partilhavam.
Não havia nada que ele quisesse mais na vida do que ela ali. Do que ela ao lado dele.Ficaram ali por minutos enquanto de reencontravam nos sussuros abafados pelo querer estar próximo. Estar junto. Quando o telefone tocou, Antônio sequer discutiu, era a profissão dela e ela sempre atenderia.
- Certo! - Amanda disse séria com expressão de choque. - Estou a caminho.
Antônio se levantou enquanto observava ela organizar as coisas, ele percebeu que as mãos dela tremiam.
- É um paciente. Marido de uma senhora de quem gostou muito. - Amanda disse tentando explicar a urgência.
Arthur tinha falado sério ao telefone. Ela precisava ir.
- Não precisa me explicar e eu levo você. - Antônio disse já trocado.
Amanda o encarou. Ela podia ir dirigindo, era médica e lidava com todo tipo de pressão externa, mas não queria de afastar dele naquele momento. Então, apenas assentiu e eles partiram rumo ao hospital.
Quando Arthur os viu eles estavam de mãos dadas. Ele não podia evitar a decepção, mas sabia que era o certo, eles se amavam e era isso que importava. Amanda já estava de jaleco e Antônio parou ao seu lado.
- Como ele está? - Amanda perguntou para Arthur séria. Ela sabia que ele faria o possível.
Arthur apenas balançou a cabeça. E Amanda soube. E não havia dor maior.
- Ele precisa de um transplante, mas na idade dele é complicado. Nós vamos fazer o possível. - Arthur disse mostrando todos os dados para Amanda por meio do iPad.
Amanda sabia de todos os empecilhos. O senhor tinha uma saúde delicada. E pelo que Arthur mostrou ele tinha poucas horas.
- E a dona Lourdes? - Amanda disse com os olhos marejados. - Você já falou com ela?
- Não, achei que você quisesse dar a notícia. - Arthur saiu, deixando Amanda nos braços de Antônio.
Amanda enxugou as lágrimas. Ela tinha que fazer isso. Era o justo. Ela se encaminhou até o quarto onde dona Lourdes segurava a mão do marido e o observava em silêncio. Antônio estava parado ao lado de Amanda em completo silêncio. Apenas segurando a mão dela para saber que ele estava ali.
Que ele estaria ali enquanto pudesse. Observar esses momentos nos faz refletir sobre a imensidão da vida e fragilidade das pessoas.
- Amanda, minha filha. - Dona Lourdes encarou Amanda percebendo a presença dela. A senhora sorria para a médica. - Como você está?
- Dona Lourdes, eu é quem deveria perguntar sobre isso. - Amanda disse de aproximando na senhora e deixando Antônio na porta.
Dona Lourdes não soltou a mão do marido, mas estendeu a outra mão da médica que sempre demonstrou tanto amor.
- Eu sei. – Dona Lourdes disse sem encarar Amanda. – Ele precisa ir.
Os olhos de Amanda se encheram de água enquanto Antônio observava na porta. Dona Lourdes apertou a mão de Amanda com a mesma intensidade em que apertava a mão do marido na cama.
- Está tudo bem. – Amanda viu a lágrima escorrer pelo rosto da senhora enquanto ela se virou para encarar Amanda. – Para tudo tem um tempo.
Amanda não sabia o que dizer quando a senhora beijou a testa do marido e sussurrou palavras para ele.
- Eu deixo você partir, meu amor. Obrigada por tudo.
Amanda abraçou a senhora enquanto o marido partia sem fazer alarde. Talvez aquilo fosse o mais puro amor, agradecer a vida. Deixar partir.
Mais tarde, Dona Lourdes encontrou Amanda no corredor sentada.
- Dona Lourdes, eu sinto tanto. Gostaríamos que pudéssemos ter feito mais.
Dona Lourdes segurou a mão da jovem.
- Eu tive sorte. Muita sorte. Tive um amigo e um companheiro para a vida toda. Nem todas as pessoas podem dizer o mesmo. – Ela dizia entre as lágrimas. – Eu vivi um amor enorme. E só posso ser grata. Não há mais nada a se desculpar. Você fez o possível. O que pode fazer por mim é viver, menina. Viva! E estará homenageando ele comigo.
Amanda chegou ao apartamento de Antônio e ele abriu a porta. Os dois se abraçaram e ela sussurrou.
- Obrigada por me esperar por 32 anos.
- Obrigada por existir para mim.
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O universo de nós dois - Amanda (DocShoes)
Fiksi PenggemarAmanda Meirelles se consagrou a campeã do Big Brother Brasil, mas não deixou de lado a profissão que escolheu seguir e depois de dois anos de flashs e câmeras, ela voltou para o plantão da UTI no Sírio Libanês em São Paulo. Enquanto divide uma cober...