O final alternativo

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Amanda observava Londres. Aos 40 anos, finalmente, observava o mundo como sempre e realmente desejou. Ela tinha tempo e isso era o que mais importava. Tempo talvez fosse o mais precioso da vida e ela que aprendeu a dar valor a cada detalhe da vida, amava ter o tempo para observar o mundo como ele realmente era: extraordinário.

Amanda aprendeu que a vida é feita de pequenos momentos de felicidade e que devemos sempre aproveitar todos eles, cultivando tesouros pequenos e simples todos os dias. Aproveitar cada detalhe como seus cachorros brincando sozinhos e rir de uma brincadeira de crianças.

Passamos tempo demais vivendo o que esperam de nós e Amanda sabia disso. Ela aprender a ver no detalhe a beleza da vida, a sentir cada segundo como se o universo te desse um presente. Os olhos delas olharam a neve caindo. Ela estava sentada admirando a ponte. Pensando em todos os momentos da vida que a levaram exatamente ali.

Não era fácil ser mulher. Os julgamentos, a reatividade. Em um mundo de homens ser mulher era um ato de extrema bravura. Em seu trabalho ela aprendeu isso e na vida também. Ao admirar a neve, ela sorriu.

Sorriu porque a vida apesar de todo o desgaste, julgamento, ofensas e dores valia a pena. Valia a pena tentar ser feliz quando o mundo te dizia que não deveria sorrir. Quando as pessoas que você ama te decepcionam, quando o medo e a dor tentam te paralisar. Valia a pena ser feliz, porque a vida ainda era bonita.

A vida era bonita e valia a pena continuar apesar de tudo. Ela aprendeu com o tempo e com as dores que a nossa felicidade era nossa e só dependia de nós mesmos. E era isso o que mais importava sempre.

E, naquela tarde, no inverno de Londres e no dia do aniversário dela, ela finalmente percebeu que tinha tomado todas as decisões certas. Ela tinha sido sempre excepcional com todas as pessoas, acolhedora e empática tinha escolhido se aceitar e se amar. Simplesmente, como ela era.

Amanda respirou fundo e se levantou andando ao lado daquele rio quase congelado. O irmão e os pais tinham protestado dela viajar no aniversário de quarenta anos que deveria ser um marco com a família, mas somente ela sabia o quanto precisava ver mais do mundo, mais da vida e como ela merecia isso.

Ela sorriu quando os viu caminhando em sua direção. Os seus amigos. Tina e Larissa sorriram e abraçaram. Victoria estava segurando uma champanhe nas mãos. Ela estendeu os braços e de deixou acolher pelo amor daquelas pessoas que ela tanto amava.

O amor dos amigos. É uma paixão que perdura apesar do tempo. Cada um deixa e leva um pouco de nós. Amanda respirou enfim naquele abraço e sorriu verdadeiramente.

Ela estava feliz porque alguém que fosse tão incrível quanto ela era. Alguém tão corajosa quanto ela era sempre estaria bem e isso era o que mais importava.

No restaurante, Larissa se levantou com uma taça em mãos.

- Hoje, eu queria dizer o quanto eu te amo. Amo a sua coragem e determinação. Amo o quanto você se abre para vida e não reclama. Amo o quanto você é simplesmente você e só isso já basta. Você é a luz que ilumina nosso caminho. Nossa felicidade em meio ao caos. E, mesmo no momento mais triste, você sempre se reergueu nos orgulhando ainda mais. Eu te amo. Nós te amamos.

Nem sempre um relacionamento é como esperamos que seja. Talvez por nós, mulheres, sermos criadas para procurar alguém, nós não percebemos o quão incríveis somos sozinhas. O amor romântico é um adicional na nossa vida, mas não é o único. Somos um universo todinho nosso, somos uma construção de vida que acontece, que muda, que aprende e que é. Somos quem devemos ser, somos quem desejamos ser. Amanda sempre foi a única coisa de que ela precisava para ser incrivelmente extraordinário e ela aprendeu isso, assim como todas nós deveríamos aprender.

Amanda sorriu e brindou. Talvez o melhor da vida fosse acreditar que o mais lindo ainda estava por vir. Quem visse a médica ali radiante também veria a ausência de um anel que durante alguns anos permaneceu ali. Agora, ela estava pronta para mais uma jornada fosse qual fosse ela encarava a vida de frente e com uma sensação de que a vida ainda era bonita apesar de tudo.

A coragem, a bondade e a honestidade dela a levariam e paz para qualquer caminho. E, agora, mais do que nunca ela tinha se encontrado em um universo apenas dela.

E ela também achava tão bonito quando a gente tem um sonho e não quer mais voltar. E isso era o que bastava.

🤙🏼❤️

"Aos leitores, o meu amor e agradecimento. E Amanda campeã"

O universo de nós dois - Amanda (DocShoes) Onde histórias criam vida. Descubra agora