Lutas e lutas

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Antônio sonhava muito. Todas as noites ele sonhava e, na maioria das vezes, os seus sonhos a envolviam. O que era realmente péssimo para ele, pois acordar naquela cama sem a presença dela em qualquer horário da noite o fazia sentir.

Ela não estava ali e ele se questionava o porquê. Depois de um ano, ele ainda se questionava o porquê. Eles se amavam, era tão óbvio que chegava a ser ridículo. Mesmo no programa já era óbvio e depois de beijá-la a primeira vez ele entendeu que jamais sentiria aquilo com outra pessoa.

Após, tudo acabar, ele sentia raiva, e ele fez tudo que podia para ela ficar, mas ela não quis ficar, então, não foi atrás dela. Ele foi para a luta. Onde ele se sentia bem. Os treinos traziam uma tranquilidade  que ele não conseguia encontrar em lugar nenhum. Exceto com ela, mas ela não estava mais ali. E ele precisava se virar. No segundo título da PFL logo depois do programa, ela estava lá. Ele se lembrava exatamente de sair do ringue e abraça-la. Ele estava em casa ao lado dela. Parecia um grande sonho, a mulher da vida dele em todas as lutas e ao lado dele sempre.

Comemorar ao lado dela foi a coisa mais surreal que aconteceu na vida dele. O título mais recente, ele estava cercado dos amigos e da família, mas parecia que faltava algo. Na vida dele, alguma coisa sempre faltava. Tricampeonato da PFL na categoria principal. E ele simplesmente sentia um vazio absurdo. E ele saiu com outras mulheres naquele ano. Várias ex namoradas. Mas nada era como ela.

- Antônio – Wilma chamou o filho que encarava a piscina. Em Miami Wilma ficava ao lado do filho sempre. – O almoço está pronto. Aspen mandou avisar você.

Aspen, o chef de Antonio. Ao contrário do programa, Antônio não conseguia cozinhar sempre, exceto quando ela estava com ele. Para ela, ele sempre cozinhava e lavava a louça e cuidava de tudo.

- Antônio. – A mãe disse novamente percebendo que os pensamentos dele estavam longe. Ele havia voltado da festa de Fred na noite anterior e estava aéreo. E ela sabia bem o porquê. – Vamos almoçar, tudo bem?

Após almoçar sem dizer muita coisa, ele foi agora a academia treinar. As lutas o salvavam de tantos pensamentos. E se ele pensasse demais era só treinar mais e mais.

- Irmão, como tu tá? – Cigano disse dando um murrinho carinhoso no braço de Sapato.

- Ei, tô bem. – Cara de Sapato respondeu sem muita confiança. – Eu a vi ontem.

Cigano suspirou. Ele viu o amigo em êxtase de felicidade e no fundo poço em um curto espaço de tempo. Ele entendia ambos os lados, quando Amanda saiu do BBB a exposição foi assustadora para ela. E, tudo era sempre relacionado ao relacionamento deles, tudo era sobre eles. Cigano não sabia se ele teria aguentado tudo que os dois passaram.

- Ok. – Cigano disse sério. – E como você está na realidade?

- Sinceramente? – Sapato encarou Cigano. – Não sei. Eu a vi, mas ela não me viu, Cigano. Ela simplesmente não me vê. Então, não, eu não sei como eu estou.

E ele realmente não sabia. Ele sabia que ela sentia algo. Quando se aproximou dela na noite anterior sentiu a vibração emanando dela. Ele sabia que ela sentia e ele também.

O ano que eles passaram juntos o preencheram de um amor quase desconcertante. Era tanta felicidade que eles pareciam que iam explodir. Mesmo com todas as dificuldades, ele sabia que valia a pena. Valia a pena estar com ela, valia a pena ser quem ele era ao lado dela. Afinal, o amor era sobre isso, sobre ser o melhor que podemos ser ao lado de alguém.

Mas não podia lutar contra as decisões dela. Ele a respeitava acima de tudo e respeitava ela não o querer.

Essa luta ele não podia vencer.
Ela sempre o vencia. Amanda sempre ganhava dele.

Não pela força, mas pelo coração.

(Sapatinho, Sapatinho ❤️‍🩹)

O universo de nós dois - Amanda (DocShoes) Onde histórias criam vida. Descubra agora