O universo de nós dois - Amanda (DocShoes)

A festa de Alface

O aniversário de Alface era sempre um acontecimento para o deserto. Tinha tudo que Ricardo mais amava, amigos, tretas e gritaria. Um hino total.

Amanda havia acabado de chegar na festa quando o viu. De bermuda e camiseta preta. Ele odiava o fato dele ficar bonito de qualquer jeito.

- AMANDINHA - Antônio disse estendendo os braços para ela que o encarou sorrindo. - Qual é? Quando éramos amigos nos abraçavamos. E muito diga-se de passagem.

Canalha, pensou Amanda, cretino.

Amanda então foi para os braços dele. Em casa, era assim que ela se sentia. Ela percebia que ele estava tentando. Ele estava disposto a ser amigo dela. Ela queria estar o mais próximo dele possível. Queria fazer parte da vida dele. De algum jeito, ela queria estar ali. Mas será que ela realmente queria?

A festa de iniciou e todos estavam dançando quando ela decidiu ir até a mesa de doces.

- E aí? Como foi o jantar com o amigo? - Antônio ria debochado e ela o amava por isso.

- Foi ótimo. - Amanda respondeu comendo um doce.

- Percebi mesmo, mas, sei lá, comer muito rápido da indigestão. - Antônio disse rindo.

- Antônio Carlos. - Amanda disse séria. - Não deboche do meu jantar. Eu estava sem fome.

Isso preocupava Antônio, ele insistia o tempo todo para ela comer quando estavam juntos.

Antônio apesar de tudo tinha ficado chateado. Aquele era o restaurante deles. Que eles tanto amavam juntos. Que eles brigaram e se amaram. Que tinham os vinhos deles. Que tinha parte delas.

- Por que o restaurante? - Ele precisava perguntar.

Amanda entendia a chateação dele.

- Eu não sabia que ele me levaria lá. - Amanda disse mesmo sabendo que não precisava dar explicações. - Eu entendo você não gostar.

- Não é isso, AMANDINHA, você tem todo direito de ir a qualquer lugar com qualquer pessoa que você quiser. - Antônio era sempre coerente com seus sentimentos e não julgava as atitudes de Amanda. Ela era uma mulher maravilhosa e solteira e ele sabia que ela podia fazer o que quiser. - É só que é muitas lembranças.

Amanda se aproximou dele. Sentiu o perfume e fechou os olhos. O cheiro que ela amava sentir pela manhã quando estavam juntos na cama assistindo o sol nascer em Miami.

- Para mim também. - Ela quase sussurrou. - Lembra quando você me propôs as alianças? Foi lá. O que você disse mesmo? - Amanda se lembrava de cada detalhe, mas queria que ele dissesse. Ele era conhecido por ter uma memória ruim, mas quando era sobre ela, ele sempre se lembrava.

- Eu disse que a aliança era o sinal de que eu te via sempre antes de qualquer outra você. Que eu era você e você era eu, que éramos um só, como se tivéssemos apenas um universo nosso. - Ele disse a encarando.

Amanda estava cansada de mentir. Ela tinha mergulhado de cabeça no trabalho e não tinha saído para conhecer ninguém, porque ela o queria. Ela queria ele. Ela precisava dele.

Antônio se aproximou mais a vendo fechar os olhos e segurando a respiração. Conforme a encarava aproximava seu rosto do dela. Aos poucos e sem fazer alarde, a música alta parecia não existir para eles.

Eles estavam tão próximos que era como de o universo estivesse em plena harmonia. Ele pegou nos cabelos dela brincando e a vendo sorrir.

- Eu sinto tanto a sua falta, Amandinha, todos os dias, todas as horas. Quando você foi embora parece que desaprendi coisas básicas. Eu não consigo respirar Amanda e isso é um inferno. Eu só queria a sua mão comigo - Antônio olhava para ela e via os olhos marejados. - Nunca vou contra as suas decisões, mas eu preciso saber se vamos poder ficar juntos para sempre.

Amanda encarava os olhos deles emocionada. Ela queria, claro que queria, queria para sempre Amanda ia falar sobre como o queria mais que tudo quando encarou a porta da festa em choque. O que ele estava fazendo aqui? Ela não tinha o convidado, na verdade eles sequer conversaram nas últimas semanas. Mas quando viu Alface abraçar Arthur entendeu que ele tinha conquistado amigos no deserto.

- Que porra ele tá fazendo aqui? - Antônio não conseguiu segurar o desgosto.

- Antônio, eu. - Amanda tentou dizer.

- Tudo bem. Somos amigos, Amanda Alice e só isso. - E Antônio saiu sem disfarçar a contrariedade.

- Mas que inferno Alface. - Foi o que Amanda conseguiu dizer antes de acompanhar Antônio e sair da festa sem cumprimentar ninguém.

(Alface não dá uma dentro, facinho do céu 😂)