Prólogo

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Mil anos trás

Etria olha para o bosque, as árvores de troncos grandes e folhas fechadas impedindo a luz do Sol de chegar ao solo mofado e repleto de folhas mortas, extremamente frio e solitário, completamente insalubre, e foi ali que fora deixada para morrer pela quinta vez, e sim ela morreu, devorada pelos lobos que ali viviam, não de antes ser picada por insetos .

Fechando os olhos pode reviver, o momento que suas entranhas foram arrancadas, o bafo quente dos lobos e seus dentes rompendo sua carne.

Depois a escuridão se abateu, e as mesmas portas se formaram para ela, portas que sempre a negavam, como se não fosse digna de entrar naquele lugar.
Etria se senta com dificuldade, seu corpo doía, estava suja e suas roupas não existiam mais, eram nada além de trapos mofados, em decomposição, algo que ela adoraria que lhe acontecesse, mas não teria tal benção.

_ Quanto tempo eu demorei dessa vez?

Nos últimos anos da sua vida, era uma pergunta recorrente, quanto tempo ela ficou morta ? .

Engraçado que deveria se acostumar, mas não conseguia, essa estranha imortalidade lhe gerava dor, assim como a maldição imposta pelas consequências de um ritual de magia negra, onde nasceu por consequência se ligando a ele, lembra das palavras do seu pai.

Ele lhe contou sobre sua maldição e em como ela afetava os seres da noite, quando era criança achou que seu pai estava mentindo que não existiam esses seres da noite, mas ela sentiu na própria pele o quanto eles eram reais e o que podiam fazer.

Se fechasse os olhos poderia lembrar da primeira vez que viu uma deles, tinha apenas 8 anos e naquele momento sua vida mudou completamente. Mas seu destino cruel começou bem antes dela nascer, com a sede de vingança e poder daquela que seria sua mãe .

Seu pai era um chamam um homem bom e delicado simples e amoroso tudo que sua mãe não era. Ele se apaixonara por uma humana, que mais tarde se revelaria uma bruxa, entretanto nem isso os separou, a verdade era que eles se amavam verdadeiramente, e desse amor surgiu uma criança.

Etria ouviu essa história tantas vezes, mas como tudo na sua vida o final foi trágico.

A aldeia de bruxos eram frequentemente atacada, pelos seres selvagens, que tinham o prazer em aterrorizar vilarejos, saquear e violar mulheres. Sua mãe era uma grande bruxa, conhecida como a dama lunar, pós sua magia era ligada a mesma. Mas apesar da sua força as mortes ainda aconteciam e sua tribo aos poucos se extinguiu.

Sua mãe sentiu ódio e deixou as trevas entrarem, foi quando o livro apareceu, surgindo de lugar nenhum, mas a seduzindo completamente. Sua mãe se tornou uma leitora voraz daquele objeto misterioso, no entanto não chegava a lugar nenhum.

Quando pensou em desistir o livro se revelou a ela em um ritual, dando exatamente o que a bruxa precisava.

O ritual para imortalidade, era algo que exigia muito poder, mas os deuses pareciam está ao seu favor, pôs logo teria uma lua de sangue, usaria esse momento para o ritual.

Olhou para barriga pronunciada, evidenciando sua gravidez nos últimos dias para o nascimento de seu bebê, seu anjo, fruto do seu único amor. Faria isso por ele, seu bebê não viveria sendo caçado, sobrepujado e abusado pelos seres da noite não! Ele seria um bruxo ou bruxa poderosa e com o livro destruiria cada um deles, aquela raça maldita e cruel merecia somente as trevas e morte que eles propagaram ao seu povo.

O dia do ritual chegou e cada parte do ser da bruxa lunar estava agitada, ela sentia o livro quente em suas mãos e a agitação em suas entranhas, era como se ela pudesse sentir o poder se aproximava, sentiu seu bebê chutar de forma dolorida, e alisou a barriga, ainda não era hora para isso, não agora. No meio de sua aldeia com todos adormecidos, ela traçou o círculo como o livro mandou e disse as palavras.

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