DUAS DA TARDE

2 0 0
                                    

O toque da campainha e as batidas urgentes fizeram com que Thiago se levantasse de uma vez.

- Meu Deus, quem será? – Thiago falava com Louis sem saber exatamente o que fazer – Diogo?

- Bom dia, viado!

- O que você tá fazendo aqui a essa hora?

- Meu querido, são onze da manhã, você dormiu até agora?

- Não. Quer dizer, sim. Mas acordei cedo e voltei a dormir.

- A gente combinou o almoço, lembra?

- Almoço? Amigo, eu estou completamente sem humor para conviver com pessoas.

- Thiago, você ficou de conhecer o amigo do Fernando, o romântico, lembra? – Thiago bufou em impaciência.

- A gente combinou, mas eu só quase morri, né? Achei que tinha ficado entendido que não iria – tentou se livrar do compromisso.

- De jeito nenhum! Tem o que? Uma semana já! Agora que sobreviveu é que tem que viver, não?

- Diogo, eu realmente...

- O que?

- Você não quer sair e ver gente?

- Não é isso. Eu não quero nutrir expectativas de um encontro duplo, sabe?

- Amigo, não é sobre isso. Ele é romântico, não iludido – riu – Bora, se arruma. O Louis tá querendo se livrar de você, olha a carinha dele de que quer paz em casa – pegou o gato no colo e fez um carinho.

- Ai...

- Olha o choro. Bora!

- Aliás, o que quer dizer romântico? O que vocês estão achando que eu estou procurando?

- Meu filho, ninguém entende o que você está procurando, a gente só quer ver se você se permite se envolver com alguém que não é de balada e nem, como você diz... Que esteja à procura de um pau e só.

- Falando assim parece que eu quero algo que não existe – disse em tom magoado.

- Existe, mas em casa que você não vai achar – Diogo continuava com o Louis no colo enquanto abri as cortinas do quarto – Tá vivendo num mausoléu, amigo, pelo amor, ó! – apontou a escuridão do quarto.

- Você tá muito crítico hoje, credo.

Desde que havia dito que precisava de relações com mais profundidade, Diogo fez de sua missão especial encontrar homens que cumprissem as exigências de um Thiago enfastiado.

- Você tá tomando tudo isso de remédio? – começou a organizar as caixas de anti-inflamatórios e relaxantes musculares.

- Umhum – disse de dentro do banheiro – Cada um pra uma coisa – abriu a porta explicando.

- Entendi por que dormiu até essa hora.

- Nem foi isso só. Fiquei assistindo um filme estranho até de madrugada.

- Eu iria gostar desse filme? – riu enquanto dobrava os lençóis.

- Acho que não. Para com isso, Diogo, tá arrumando minha cama agora? – estranhou o quanto o amigo não conseguia ficar quieto.

- Ah, bicha, estou entediado demais e ansioso demais, tudo junto.

- Pelo almoço?

- Também. A vida. Fernando inventou agora que quer se mudar, tipo, ir de mala e cuia.

- E você não quer ir também?

- Eu não!

Thiago procurava uma roupa e deixava que o amigo se sentisse a vontade de falar mais, se quisesse, mas ele só criticou todas as roupas escolhidas e a que menos odiou foi a que Thiago acabou saindo de casa.

Caminhos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora