AMNESIA

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A primeira coisa que fiz foi tomar um banho. Um longe e quente banho. Nunca tinha visto um chuveiro com tantos jatos de água. Quando ele tocava a pele era relaxante. Me enrolei em uma toalha que encontrei no guarda roupa e ao sair do banheiro me lembrei que todas as minhas roupas estavam no quarto do Kevin. Me arrependi de não ter ido antes pegar minhas roupas. Pelo menos agora eu sei que antes de tomar banho preciso ir até o quarto e pegar minha roupa.

Abri a porta do quarto devagar e vi que estava silencioso. A porta do quarto de Adrien estava aberta e não havia música. Ele provavelmente tinha saído. Ele deve ter alguns amigos tão loucos quanto ele. Caminhei até o quarto de Kevin e bati na porta. Esperei alguns minutos, mas não ouvi barulho então presumi que não tinha ninguém no quarto e eu estava certo.

Abri a porta e fui até o guarda roupas. Abri de um lado de presumi que era o lado de Kevin. Haviam alguns uniformes de piloto, ternos, sapatos, camisas e outras coisas. Abri o outro lado e me identifiquei com as roupas. Vesti uma camiseta e uma bermuda e calcei um par de sandálias. Sequei meus cabelos e voltei para meu quarto pendurando a toalha na cabeceira da cama. Peguei meu novo iPhone e me deitei na cama para mexer um pouco.

Instalei alguns aplicativos e tive que abrir algumas contas nas redes sociais. Não sei bem se eu tinha antes, mas depois de uma pesquisa decidi criar uma conta no Facebook. Levantei da cama rapidamente e peguei meu antigo celular. Ele estava na mochila. Kevin tinha jogado ele no lixo do hospital, mas eu peguei de volta e coloquei na mochila. Ele não funcionaria mais, mas o chip estava intacto.

Coloquei o chip e uma lista de contatos apareceu. Haviam vários nomes de pessoas que eu não conhecia, telefones de vários hotéis. O nome de Kevin foi o único que reconheci logo de cara. Passei a lista e li todos os nomes e alguns pareciam ser bem familiares. Leon, Lea, Justin... haviam vários nomes, mas esses chamaram a minha atenção.

Alguns segundos depois de colocar o chip algumas mensagens começaram a chegar. Várias mensagens me desejando feliz aniversário. Li uma por uma e em seguida eu as apaguei. Não conhecia aquelas pessoas então não tem o porque responder. Estava começando a duvidar das decisões que tomei antes do acidente. Não estava gostando de descobrir quem eu era. Estava deitado na cama distraído e alguém bateu na porta e em seguida ela se abriu.

- posso entrar? – perguntou Kevin.

- pode – falei me sentando a cama.

- o que está fazendo? – perguntou Kevin com um sorriso.

- mexendo um pouco no celular.

- quer salvar meu contato?

- não precisa. Eu coloquei o chip do meu antigo celular.

- mas... como? – perguntou Kevin.

- você jogou o meu celular no lixo lá em Chicago, mas eu peguei o chip. Como eu preciso me lembrar do passado eu achei que precisaria da lista de contatos.

- OK – falou Kevin estranho.

- olha eu estava pensando sobre o que você falou.

- sobre o que exatamente?

- tirar licença do trabalho para ficar comigo. Não precisa fazer isso. Eu posso ficar sozinho.

- eu já pedi – falou Kevin lambendo os lábios – e eles me deram trinta dias.

- é sério. Não precisava.

- vai ser melhor assim. Pelo menos até você conseguir se lembrar de algo ou pelo menos se familiarizar e criar uma nova rotina – falou Kevin se sentando ao meu lado na cama.

- Ok, mas eu preciso que você me diga uma coisa.

- o que? – perguntou Kevin olhando para mim.

- porque eu tenho a impressão de que você não quer que eu entre em contato com minha família?

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