NOVO MUNDO VELHO

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O voo de Chicago para Miami estava sendo tranquilo. Quando recebi alta pela manhã. Kevin ligou no aeroporto logo de manhã e agendou o nosso voo para a tarde. Cochilei boa parte do voo. Estava feliz por ter saído do hospital o problema é que eu não sei se devia estar feliz por estar voltando para casa afinal em minha mente não existe casa. Não me lembrava de nada. Continuava a ter flashes da minha infância, mas nada atual. Nada que pudesse ser reconhecido. Eram como imagens embasadas. Não conseguia decodificar essas lembranças, mas parecia ser algo bom. Meu cérebro estar trabalhando para lembrar.

Estava sentado em minha poltrona na janela. Lá embaixo eu via a cidade minúscula. Algumas vezes tudo o que eu via eram nuvens. Kevin tinha se levantado da poltrona e estava no cockpit conversando com o piloto e o copiloto. Eram amigos deles. Notei que as comissárias de bordo – um homem e duas mulheres – não param de olhar para mim. Tenho quase certeza de que elas eram amigas de Kevin e me conheciam. Kevin deve ter contado o que aconteceu e pediu para que ninguém me incomodasse com perguntas. Eu agradeço a ele por isso. Alguns minutos se passaram e eu vi Kevin caminhar lá da frente até mim. Nós nos sentamos nas quinta fileira.

- você está bem? – perguntou ele se inclinando até mim.

- estou bem.

- quer comer ou beber alguma coisa?

- não. eu estou bem – falei nervoso. Não me sentia bem.

- você costumava ficar enjoado quando voava.

- eu ficava?

- sim. Você sempre tomava um Dramin antes de voar.

- por acaso você não tem nenhuma ai?

- tenho – falou Kevin indo até galley e voltando com uma garrafa de água. Ele se sentou ao meu lado e me entregou o comprimido. Ele abriu a garrafa de água mineral e eu coloquei o comprimido na boca tomando três longos goles de água.

- obrigado – falei devolvendo a garrafa.

- falta pouco para chegarmos em casa.

- OK – falei sorrindo para ele e voltando a olhar para fora do avião.

Kevin continuou sentado ao meu lado e por alguns instantes eu olhei para uma das comissárias de bordo que me encaravam.

- quem é aquela? – perguntei para Kevin. Uma mulher de cabelos pretos e olhos castanhos claros.

- aquela é Laila Adamson. Ela faz paetê da minha tripulação.

- porque ela está me olhando sem parar?

- não sei – falou Kevin levantando a mão chamando Laila que veio até nós.

- pois não? – falou ela com um sorriso.

- você está deixando ele desconfortável Laila – falou Kevin – para de ficar olhando para ele.

- nossa, me desculpa – falou ela preocupada – me desculpa Mason.

- não tem problema – falei olhando para Kevin – não precisava ter feito isso.

- Laila sabe que estou brincando com ela.

Ao me ver dizer aquilo Laila franziu a testa como se estivesse intrigada pelo meu comportamento.

- o que foi? – perguntei vendo a reação dela.

- não é nada – falou Laila passando as mãos no cabelos colocando eles para trás da orelha.

- pode falar.

- é sério. não é nada – falou ela sem graça.

- é sério Laila. Eu não me lembro de nada e se você me conhece qualquer informação pode valer a pena.

Deus AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora