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bri os olhos e me senti estranho. Era como se tivesse apenas piscado. Era sempre muito rápido. Era como dormir. Acima de mim eu vi Rupert. Olhei em volta procurando pelo Dr. Bryan e vi que ele estava diferente. Não era o mesmo homem de quando dormi na minha primeira sessão. Ele era diferente. Completamente diferente para ser mais exato. Respirei fundo e movi os braços, as pernas e consegui me mover. Me sentei no sofá e limpei os olhos. Cada sessão eu sentia algo diferente.
- como você está? – perguntou Rupert.
- muito bem – falei bocejando.
- eu sou tão chato assim? – perguntou Rupert brincado.
- nenhum pouco – falei olhando para Bryan.
- e então? Eu sou o homem loiro ou moreno?
- moreno – falei rindo.
- está funcionando – falou Rupert.
- isso é um milagre – falei rindo – é tão estranho estar feliz por uma coisa que eu fazia antes que era reconhecer as pessoas.
- nós só damos valor a algo quando perdemos – falou Rupert anotando algo em seu caderno.
- é ótimo olhar para as pessoas e saber que elas sãos reais – falei olhando para Rupert – e então? Como eu estou?
- essa é sua quarta sessão e eu acho que está dando certo.
- ótimo.
- e os remédios? Como tem se sentido?
- sabe a única coisa que eu notei de diferente nos primeiros dias foi a insônia. Eu tive insônia. Passava as noites em claro e não dormia mais do que uma hora. De lá pra cá eu tenho melhorado a cada dia. Noite passada eu dormi quase seis horas.
- isso é ótimo – falou Rupert fechando seu caderno de anotações – você já está se adaptando ao remédio.
- maravilhosamente bem – falei me levantando.
- você notou mais alguém diferente? – perguntou Bryan.
- minha amiga Ursula é diferente. Já a namorada dela é a mesma. Você é diferente Dr. Bryan. O senhor sabe, quando acordei na primeira sessão eu surtei. Você é muito diferente.
- alguém mais? – perguntou Rupert.
- eu ainda olhando umas fotos de família na casa da minha irmã e notei que minha mãe é diferente. As feições dela mudaram.
- nós tivemos quatro sessões seguidas de Hipnose. Sexta, segunda, terça e hoje. Acho que podemos diminuir a intensidade para dia sim, dia não e depois para uma vez por semana até que apenas os remédios sejam o suficiente.
- ótimo. Então eu vou poder me focar nas minhas lembranças.
- por falar nisso – falou Dr. Bryan – você já foi ver o seu herói?
- não – falei respirando fundo.
- Herói? – perguntou Rupert.
- sim. O soldado que salvou ele.
- a ta. O Deus Americano – falou Rupert – você ainda mantém contato com ele?
- nós dois meio que tivemos um lance, mas ele meio que está no armário.
Quando disse isso Bryan começou a rir para Rupert.
- o que foi? – perguntei curioso.
- Acho que Rupert pode te ajudar com esse problema – falou Bryan.
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Deus Americano
RomanceApós um grave acidente, Mason perde a memória e se vê lutando para redescobrir sua identidade. À medida que fragmentos sombrios de sua vida passada começam a emergir, ele sente um profundo desprezo pelo homem que costumava ser. Em meio a essa turbul...