OS VERDADEIROS PERSONAGENS

13 3 0
                                    

Apenas uma noite. Esse era meu plano. Passar uma noite tranquila na casa de Ursula, mas nem isso eu consegui. Já estava sendo uma barra ter que tratar Ralf como se fosse um estranho e agora eu tinha que lidar com lembranças as quais eu nem tinha. Justin veio até a casa de Ursula e mexeu comigo. Me contou um monte de coisas sobre mim e agora eu não sabia que se acreditava. Não duvido do que ele me contou, mas eu não sei qual é a real intenção dele. Espero que Justin não esteja esperançoso que eu sinta algo por ele porque eu não sinto absolutamente nada além de repulsa. Tenho repulsa até por eu mesmo.

Acabei perdendo o sono noite passada, mas continuei deitado na cama mesmo depois que Ursula e Laila voltaram de seu encontro. Elas davam muitas risadas e desconfio até que uma delas caiu por causa do salto alto. Porque ouvi um baque e em seguida mais risadas. Devido a luz do corredor eu vi as sombras delas de quando elas passaram em frente a minha porta e foram para o quarto de Ursie. A noite delas tinha sito agitada.

Acabei não dormindo o suficiente. A última vez que olhou no relógio era pouco mais das três da manhã e como eu tinha a leitura do testamento do meu pai eu não podia dormir até mais tarde. Meu celular despertou ás seis da manhã e eu estava sem nenhum pingo de ânimo de sair, mas eu precisava ir para encerrar esse assunto de vez. Tomei um banho e é claro, vesti a mesma roupa que estava. Não estava afim de ir até a casa da família de Ralf só para pegar roupa nova.

Desci ás escadas e fui até a cozinha preparar um café da manhã. Estavam morto de fome. Tentei não fazer muito barulho já que Ursie e Laila tinham chegado bem tarde noite passada. Liguei a TV da cozinha e coloquei em um noticiário enquanto eu preparava um sanduíche.

A medida que fazia o café da manhã eu fui melhorando um pouco do ânimo. Bocejei algumas vezes e enquanto lavavas as alfaces e então o noticiário voltou a falar sobre o atentado no aeroporto.

- Desse massacre apenas uma das vítimas saiu com vida: Mason Rutherford Loudorn de vinte e quatro anos de idade – falou a repórter enquanto a cena de Ralf pulando em cima de mim era mostrada.

Uma coisa chamou a minha atenção naquela cena. Deixei as alfaces dentro da vasilha na pia e me aproximei da TV enxugando minhas mãos com o pano de prato. Aproximei meu rosto da tela enquanto a cena era mostrada e fiquei abismado.

Graças a deus Ursula tinha TiVo. Peguei o controle remoto e voltei a cena e dessa vez eu a coloquei em câmera lenta e dei um pouco de zoom. Me senti um pouco ao ver que o Ralf da TV não era o Ralf que tinha descrito. O Ralf da televisão tinha cabelos castanhos claros e uma barba bem cheia no rosto. Seus cabelos estavam penteados em um topete. Não conseguia os seus olhos, mas aquilo era o suficiente para saber oque Ralf e Ursula tinham mentido para mim. A imagem da TV não mente. Quando eu descrevi Ralf e ele me abraçou todo feliz eu errei.

Aquilo me fez sentir falta de ar.

- não acredito – falei apoiando minha mão no balcão da cozinha – que merda – falei tentando me recompor.

Meus sintomas não eram leves. Não estavam melhorando e a pior parte é que não cura. O que eu faria se não conseguir mais me lembrar do rosto de ninguém? Já era ruim estar em mundo totalmente estranho á minha volta já que não tinha lembranças precisas, agora eu sou obrigado a me olhar no espelho e não me reconhecer?

Larguei o que estava fazendo na cozinha e subi as escadas. Fui até meu quarto e entrei dentro do banheiro e me olhei no espelho. Será que esse sou o verdadeiro eu? Eu tinha uma expressão cansada... e com razão. Estava cansado de todas essas mudanças. Ninguém me diz o que tenho, as pessoas mentem e fingem que estou melhor, mas estou piorando.

Meu celular começou a tocar no andar de baixo e eu peguei minha carteira e desci as escadas correndo.

- alô – falei pegando o celular sem ver quem era.

Deus AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora