MEU SOLDADO

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Nem em um milhão de anos eu iria imaginar que meu pai tinha um irmão gêmeo. Ainda estava surpreso e aos poucos o susto que levei ia desaparecendo. Eu sinceramente achei que o remédio fosse o culpado e que eu estivesse tendo uma alucinação. Gostei muito dele ter aparecido. Meio que faz a dor de ter perdido um pai diminuir um pouco. Era uma dor que nunca acabava. Ainda estava um pouco chateado em relação ao casamento de Ralf e Kyara. Tenho certeza de que o país ficaria feliz em saber que o seu precioso 'Deus' voltou para casa e estava prestes a se casar, mas não eu. Era dolorido ver que apesar de me querer ele estava seguindo em frente.

Acho que é hora de parar de sentir pena de mim mesmo, comprar uma casa ou apartamento, arranjar um emprego e seguir com minha vida. Foda-se as lembranças. Desde que eu consiga olhar para as pessoas e ver quem elas realmente são, eu fico feliz. Era hora de tomar algum rumo na minha vida, mas não tenho certeza se Miami é o lugar certo. Não tenho lembranças aqui então acho que posso usar isso ao meu favor. Sempre quis morar em um lugar mais agitado como Nova York ou Colorado.

Ao chegar a porta de entrada eu tentei abri-la, mas ela estava trancada.

- droga – falei olhando em volta. Era tarde da noite e não havia ninguém na rua a não ser eu.

Dei a volta na casa e a chegar na porta do fundo vi que a porta da cozinha também estava trancada, mas havia alguém na cozinha. Aproximei o rosto tentando ver quem era e levei um susto quando a luz se acendeu. Era Ellen.

- Mason? – falou ela abrindo a porta.

- olá.

- o que está fazendo ai de fora?

- está tudo trancado – falei entrando.

- me desculpa. Deve ter sido o Ralf. Ele provavelmente não sabe que você está fora. Deve ter achado que você estava dormindo.

- ele já chegou?

- sim. Bêbado – falou Ellen chateada – Ele chegou a alguns minutos. Ele está no quarto junto com a Kyara – falou ela se abaixando e pegando alguns cacos de vidro. Só agora eu percebi que ela pegava algo quebrado no chão – foi Ralf que quebrou vazo – falou ela colocando os estilhaços dentro da lixeira.

- você já tentou conversar com ele?

- sim – falou Ellen – ele diz que está tudo bem.

- sabe talvez seja uma boa ideia ele ir ao psicólogo. Seria bom fazer terapia. Eu andei pesquisando e descobri que muito veteranos quando voltam da guerra tem dificuldade em dormir porque tem traumas, pesadelos e outras coisas.

- na verdade essa é uma boa ideia – falou Ellen – vou conversar com ele.

- só não diga que a ideia foi minha.

- porque não?

- por nada, só não diga que a ideia foi minha.

- tudo bem.

- acho que vou para meu quarto – falei tentando ser simpático.

- boa noite.

- boa noite Ellen – falei saindo da cozinha e indo até as escadas. Coloquei a mão no corrimão e hesitei. Aquelas escadas tinham muitas histórias para contar. Subi as escadas e fui para meu quarto. Antes de ir me deitar tomei um banho rápido. O clima estava frio. Gelado e enquanto tomava banho começou uma chuva bem fraquinha lá fora. O suficiente para esfriar bastante o clima. Ao me deitar joguei o cobertor por cima e mesmo no escuro eu apenas encarei o tato. Estava sem sono.

Muita coisa tinha acontecido nesse dia e eu estava meio que ansioso e eu não conseguia sentir sono. Fechei os olhos e simplesmente tentei limpar a minha mente. Não era de ferro. Tinha medo de dormir porque as vezes eu tinha pesadelos. Ouvia explosões me minha cabeça e acordava assustado como se ouvisse um tiro. Fechei os olhos e tentei não pensar em nada. Nem em Ava, nem em Ralf e nem em meu Tio Teddy que apareceu em minha vida tão repentinamente.

Deus AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora