Antes de ir para a casa da família de Ralf nós fomos até o hotel onde eu estava hospedado. Eu esperei no carro com Ursula enquanto Ralf pegou minha chave e subiu até meu quarto. Ursula estava em silêncio no banco do motorista e eu estava em silêncio no banco de trás. Doía muito pensar que não veria meu pai uma última vez. Estava chateado por minha mãe não querer que eu estivesse no velório e no enterro, mas por mais que me doa eu não pretendo ir. Não quero estar lá se eu não serei bem recebido e eu provavelmente vou causar um mal desnecessário.
Continuamos em silêncio por um tempo. Percebi que o dia seria bem quente ao ver o sol queimando lá fora. Algum tempo se passou e Ralf voltou com uma mochila nas costas.
- pegou tudo?
- sim. Todas as suas roupas – falou Ralf me entregando a mochila.
- obrigado – falei pegando-a e colocando-a do meu lado.
Ursula ligou o carro e nós seguimos viagem. Durante o caminho nenhum deles conversou comigo. Acho que eles sabiam que eu não tinha muito o que dizer. Durante um bom tempo o silêncio reinou. Ralf fumou um cigarro e Ursula apenas olhava para o GPS ou para a paisagem. Depois de algum tempo de viagem entramos em um bairro carismático. Estava cheio de pessoas na rua, crianças, vizinhos conversando. Era apenas mais uma manhã de quinta.
Ursula conferia o endereço e Ralf conversava com ela contando alguma história. Ele apontou para a casa com um sorriso. Em seguida ela parou em frente a uma casa que assim como as outras tinha seu charme. Havia um pé de cerejeira do Japão com suas folhas cor-de-rosa em frente a casa. Quando Ursula estacionou em frente a cama Ralf saiu do carro e abriu a porta para mim. Limpei os olhos tentando mascarar o choro.
- eu te ajudo – falei Ralf segurando minha mão me ajudando a sair do carro.
- Essa árvore é linda – falou Ursula olhando para a árvore.
- uma cerejeira do Japão – falou Ralf olhando para Ursula e depois para a árvore.
- Olá Filho! – falou uma mulher abrindo a porta da casa e vindo até nós. Provavelmente era sua mãe. Atrás dela saiu um homem e uma mulher mais nova. Parecia ter uns vinte e poucos anos. Um pouco mais velha do que eu. Ela tem cabelos pretos e olhos castanhos claros. Talvez fosse a irmã dele. Ela veio correndo na frente dos mais velhos e abraçou Ralf. Eu senti o baque porque eu continuava sendo me apoiando nele.
- que saudades Ralf! – falou essa garota abraçando-o.
- também senti sua falta – falou ele abraçando-a com uma mão só.
Ao abraçar o irmão ela olhou pra mim.
- é você? – falou ela com um sorriso – o garoto do aeroporto que quase matou meu noivo?
- para com isso Kyara – falou Ralf repreendendo-a.
- desculpa – falou ela não sendo muito sincera.
- noivo? – perguntei confuso.
- sim – falou Ralf dando um beijo no rosto dela – Mason essa daqui é Kyara Jessup. Minha noiva.
- na verdade nós éramos namorados até pouco tempo. Ralf prometeu que ficaríamos noivos quando ele voltasse.
Confesso que aquilo foi um pouco chocante. Fiquei decepcionado. Eu meio que estava percebendo alguns sinais de Ralf, mas agora percebo que realmente era fruto da minha imaginação.
- Olá meu filho – falou o homem se aproximando de Ralf. Era provavelmente o pai de Ralf. Ele tinha cabelos claros, olhos claros e aparentava ter mais de cinquenta anos. Um homem magro que ao contrário do filho sorria bastante – muito prazer – falou o homem estendendo a mão – Sou Randy, pai do Ralf.

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Deus Americano
Roman d'amourApós um grave acidente, Mason perde a memória e se vê lutando para redescobrir sua identidade. À medida que fragmentos sombrios de sua vida passada começam a emergir, ele sente um profundo desprezo pelo homem que costumava ser. Em meio a essa turbul...