SERINGAS DO INFERNO

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A espera era infernal. A lista era imensa e mesmo assim eu não podia perder as esperanças. Não é possível que depois de tudo o que eu passei eu vou morrer na fila de espera esperando por um transplante. Estava a duas semanas naquela droga de hospital esperando a morte. Literalmente. Seis horas do meu dia eu passava sentado junto de outras pessoas fazendo diálise. Se eu não fosse as sessões de diálise eu teria insuficiência renal e com isso meus órgãos iriam parar e eu teria uma falência múltipla de órgãos. O que isso significa? Adeus Mason.

Estava a quatro dias nessa maldita lista e já estava puto com isso. As vezes dava vontade de desistir, mas eu não podia. A minha vontade de viver era maior do que qualquer dificuldade. Pior do que morrer seria morrer sem te tentado. Preciso ter a esperança de que vinte e duas mil pessoas receberão um rim antes de mim. Claro que eu tenho outra opção: familiares. Como a vida não é justa eu fiquei sabendo que sou adotado. Isso limita minhas opções. A menos que eu consiga doadores eu estou fudido.

Quando você descobre que é adotado geralmente é um choque. Não pra mim. Choque pra mim é saber que tem vinte e duas mil pessoas na lista de espera por um rim e ninguém faz nada. Eu não me lembro direito como foi minha criação então não tenho muito o que perguntar. Desde o acidente eu sinto como se tivesse sido adotado. Não lembro da minha família.

Isso explica muita coisa. Talvez fosse por isso que minha mãe achasse que eu não merecia o dinheiro afinal ela não deve me considerar um filho de verdade. Não tanto quanto Lea. Será que eu sabia disso antes do acidente? É o que tenho me perguntado desse então. Será que Lea sabe que sou adotado?

- você está bem? – perguntou Tio teddy sentado ao meu lado.

- quanto tempo falta.

- dez minutos – falou ele olhando no relógio.

- eu não acredito que tenho que fazer isso seis horas por dia. Eu tenho dormido umas doze horas por noite então isso significa que são seis horas livres do meu dia para fazer o que quiser, mas eu não posso sair do hospital.

- você precisa ter esperança.

- Graças a Deus você apareceu. Se não fosse você eu estaria nessa sozinho. Minha mãe não liga pra mim a Lea não apareceu. Todo dia ela arranja uma desculpa diferente para não vir.

- vai dar tudo certo.

- O senhor já disse isso tantas vezes que eu nem acredito mais – falei vendo a enfermeira vir até mim. Ela retirou os tubos e as agulhas e meio tio Teddy agradeceu a enfermeira. Estava na cadeira de rodas então tudo o que meu tio fez foi me empurrar para me levar de volta ao meu quarto – meu tio parecia triste desde que o exame dele tinha voltado negativo.

- eu não te culpo – falei para meu tio.

- o que?

- você não é compatível comigo e eu não te culpo.

- Eu sei, eu estou com raiva de mim mesmo por não poder te doar um rim – falou ele respirando fundo enquanto nos aproximávamos do elevador – e aquelas pessoas com que você estava morando?

- eu não posso obrigar ninguém a ser testado. Não posso obrigar ninguém a doar um rim. Eles não quiseram e Ellen já tem um problema relacionado aos rins. Ela não pode doar nem se quisesse.

Nós chegamos ao elevador e meu tio apertou o botão.

- o senhor tem noticias do Ralf? – perguntei curioso.

- não. O pessoal no hospital não dá noticias para terceiros. Só para familiares.

- droga.

Quando a porta do elevador se abriu eu tive uma agradável surpresa. Dr. Bryan saiu de lá de dentro.

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