Uma puta manhã estressante. Era a única forma de descrever a forma que eu comecei o meu dia. Meus planos não incluíam correr para o psicólogo por não ter reconhecido os rostos a minha volta. Ralf ficou estranho comigo até depois do almoço. Ele me tratava diferente quando Kyara estava por perto. Ele parecia distante, não conversava comigo direito e nem olhava direto para mim. Aquilo me irritava demais. Ralf não podia brincar com meus sentimentos desse jeito. Não gostava de ser bem tratado pelas costas, mas pela frente ser tratado com indiferença.
Ursie foi embora porque tinha "planos". Foi assim que ela me descreveu seu dia. O almoço foi silencioso. A manhã tinha sido bem estressante para todos e eu estava um pouco envergonhado com aquela situação. Assim que todos almoçaram eu fui até a pia lavar as louças.
- não precisa lavar Mason. Eu lavo – falou Ellen colocando os últimos pratos em cima da pia.
- nem pensar Ellen. Eu preciso fazer algo para me sentir útil.
- deixa ele – falou Kyara – talvez seja bom fazer algo. Ocupar a cabeça com algo.
- pois é – falei concordando mesmo sem ter pedido a opinião dela.
- vamos assistir TV – falou Randy se levantando da mesa – quando você terminar junte-se a nós.
- tudo bem. Assim que terminar – falei olhando para trás forçando um sorriso.
Todos saíram da cozinha e foram para a sala. Depois de lavar as louças do almoço eu não fui para a sala, mas sim para meu quarto. Subi as escadas para pegar minha carteira e meu celular. Eu tinha planos quando acordei naquela manhã e agora que tudo havia se resolvido eu decidi seguir com o meu dia. Ao descer de volta eu fui até a sala avisar que eu ficaria ausente. Todos estavam assistindo TV. Ralf e Kyara estavam abraçados em um sofá. Kyara estava bem próxima de Ralf. Sua cabeça deitada em seu ombro. Ellen e Randy estavam sentados em outro sofá.
- vou sair – falei chamando a atenção de todos.
- você está bem? – perguntou Ellen.
- estou sim senhora. Não tem nada a ver com o que aconteceu e manhã.
- onde você vai? – perguntou Kyara.
Não tinha intenção de dizer onde eu ia, mas Kyara era bem intrometida para o meu gosto.
- vou ao cemitério visitar o túmulo do meu pai. Minha mãe não pode me impedir de visita-lo.
- eu te levo – falou Ralf se levantando ao me ouvir dizer aquilo.
- não precisa. Eu vou chamar um Uber.
- Eu não me importo de te levar – falou Ralf insistindo. Seria bom ter a companhia dele, mas eu não podia deixar ele continuar com aquilo. Me tratar de dois jeitos diferentes.
- eu quero ficar sozinho – falei sendo bem direto..
- há... OK – falou Ralf respirando fundo. Ele pareceu triste e frustrado.
- enfim... estou indo. Volto em algumas horas.
- vai com Deus – falou Randy.
- obrigado – falei me virando e saindo de casa.
A pior coisa que fiz o dia todo foi dispensar Ralf daquela forma. Me senti um pouco mal, mas foi necessário. Ele precisa saber que a 'confusão' de sentimentos que ele vive no momento também me afeta. E muito. Ele estava tendo mudanças de humor entre outras coisas.
Ao chegar ao Cemitério da Cidade de Miami eu tive uma leve surpresa. Estava achando cemitério seria um lugar sombrio e um labirinto de lápides, mas a verdade é que era um campo verde com várias lápides no chão. Ao chegar fui até a administração e depois que eu dei o nome do meu pai eles me passaram a localização da lápide dele.
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Deus Americano
Roman d'amourApós um grave acidente, Mason perde a memória e se vê lutando para redescobrir sua identidade. À medida que fragmentos sombrios de sua vida passada começam a emergir, ele sente um profundo desprezo pelo homem que costumava ser. Em meio a essa turbul...