ULTIMO ADEUS

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Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem. As pessoas reclamam que a vida nunca lhe deu uma segunda chance. Se pararmos para pensar na verdade percebemos que a vida já faz mais do que muito dando uma primeira chance. Quanto mais eu tento ter uma vida normal mais coisas acontecem tentando me puxar para baixo. Reconheço que perdi muitas pessoas para sempre. Meu pai morreu tentando me dar uma segunda chances e muitas se foram por não terem me dado uma segunda chance como a minha mãe, Bonnie. Outras pessoas que estiveram em minha vida se foram por não ter aproveitado as inúmeras chances que me deram. É engraçado como a vida opera. Quando você menos espera, você ganha uma segunda chance.

- Cala a porra da boca Griffin! – falou Gray com muita raiva. A chuva caia forte lá fora.

- Porque eu devo me calar? Você é que devia ficar de boca fechada, mas tudo o que tem feito é falar desse filho bastardo que você nem queria.

- cala a sua boca – falou Gray apontando o dedo para Griffin. Em seguida ele olhou para mim.

- isso é verdade? – perguntei chocado com aquela revelação.

- é... sim – falou Gray pensativo – mas eu me arrependo.

- Se arrependa o quanto quiser, não faz diferença – falei respirando fundo – acho melhor eu ir para outro lugar – falei pegando a mala e a mochila que estava em cima do sofá.

- não! – falou Gray dando dois passos na minha direção – Fique! – falou Gray olhando para mim. Percebi que seu olhar estava triste.

- Desculpa, mas não é uma boa ideia. Já deu pra perceber que eu não sou bem vindo aqui desde o momento em que desci do avião. Na verdade a culpa é minha. Eu sou o idiota que aceitou vir. Eu vim com essa ideia louca de que você era a segunda chance já que estraguei as coisas com meu pai de verdade.

- eu sou seu pai.

- não. Você não é meu pai. Meu pai cuidou de mim. Apesar que eu sinto nojo ao chamar Leon de pai depois das coisas que fizemos... - falei tentando esquecer. Meu estômago embrulhava sempre que me lembrava daquela última noite. Tentei não me lembrar daquela noite – Você não é meu pai. Você é só um estranho que tem três filhos. Você já tem uma família. Não precisa de mim. meu erro foi achar que você era.

- eu já vou indo – falei pegando a mala e a mochila e me virando.

- você tem certeza? – perguntou Oliver.

- Sim. Eu tenho.

- me deixa chamar um taxi para você.

- obrigado. Eu vou esperar lá fora – falei saindo da casa caminhando pela chuva.

Agora que eu sabia sobre o aborto eu não posso deixar de pensar que talvez o mundo fosse um lugar melhor se eu tivesse sido abortado. Acho que valeria muito mais como pedaços de um feto no lixo do que valho agora.

Quando finalmente cheguei do lado de fora percebi o quão a chuva estava gelada. Havia floresta por todos os lados que olhava e eu conseguia ver a cidade lá embaixo. Parei embaixo de uma árvore enquanto esperava pelo taxi. Ela não protegia de muita coisa, mas foi o suficiente. Cruzei os braços e eu agradeci aos céus quando vi o taxi amarelo virar a esquina.

Quando o taxi parou a minha frente eu joguei a mala no banco de trás e em seguida joguei meu corpo. Antes que pudesse fechar a porta senti alguém agarrar meu braço.

- não vá – falou Gray segurando no meu braço – as estradas estão uma loucura – falou Gray – é perigoso sair nesses condições. Eu não vou deixar você ir.

Deus AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora