ATE QUE A MORTE NOS SEPARE

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Estava cansado e com sono, deitado sob o peito de Ralf, tocando seu corpo, sentindo seu calor e seus músculos, seus braços fortes envoltos em mim. Dormi tranquilamente sentindo seu corpo sobre o meu. Agora era eu quem estava por cima de seu corpo. Sua respiração no topo da minha cabeça fez eu me sentir seguro. De algum forma aquilo me relaxava. Saber que ele estava tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão distante. Não queria esperar por Ralf para sempre, mas eu também não quero perde-lo. Vou tentar não pensar no futuro. Vou tentar me concentrar no momento de agora. Dentro dessas quatro paredes Ralf é só meu e de mais ninguém.

Pela primeira vez eu não tive sonhos. Não tive pesadelos, não tive nada. Eu simplesmente dormi. Esqueci como era essa sensação de apenas me deitar e dormir. Meu último pesadelo me levou a quando era criança. Fico me perguntando se as coisas que sonhos são as lembranças voltando ou são só a minha cabeça brincando comigo. Estava consciente, mas não queria abrir os olhos. Queria ficar lá deitado. Sem dizer nada. Meu rosto deitado em seu peito minha mão sobre a sua barriga.

- bom dia – falou Ralf com sua voz rouca. Senti ele acariciando meu braço. Ele deslizava os dedos vagarosamente.

- bom dia – falei ainda de olhos fechados – dormiu bem?

- eu não dormi!

Abri os olhos ao ouvir ele dizer aquilo e vi que não tinha sido um sonho. Ralf estava mesmo na cama comigo. Não tinha sido apenas um sonho perfeito.

- você não dormiu? – falei saindo de cima de Ralf e voltando meu corpo a posição normal. Ralf olhava fixamente para um ponto qualquer no teto ou na parede.

- mas eu vi você dormir – falei olhando para Ralf. Ele não fez o mesmo.

- durante algumas horas. Eu tive um pesadelo horrível e eu não quis dormir mais.

- não precisa ter medo de dormir. Eu também tenho pesadelos.

- não são os pesadelos que me preocupam.

- o que é?

- O que me preocupa é ter um pesadelo e acordar e descobrir que eu te machuquei como fiz da outra vez – falou Ralf passando o braço por mim fazendo eu me deitar em seu peito de novo – e eu não me perdoaria se isso acontecesse outra vez – Ralf acariciou meus cabelos e deu um beijo.

A Televisão estava ligada em um som bem baixo. Ralf realmente passou a noite toda acordado assistindo TV enquanto eu dormia. Ele me abraçou e eu retribui o abraço ficando um pouco deitado em seu peito.

- nós cometemos um erro – falei voltando o corpo. Dessa vez me sentei e me escorei na cabeceira. Ralf fez o mesmo.

- o que está dizendo? – falou Ralf olhando para mim pela primeira vez desde que acordamos – eu te machuquei? Fui com força demais?

- não é isso. Devíamos ter usado camisinha. Foi irresponsabilidade nossa não usar camisinha.

- desculpa eu nem me lembrei... - falou Ralf chateado.

- não tem problema, mas agora precisamos fazer um exame para saber se estamos limpos. Não quero ofender sua namorada, mas eu não sei por onde ela passou e com certeza você não sabe por onde eu passei. Nem eu mesmo sei.

- não tem problema – falou Ralf aproximando o rosto do meu e dando um beijo na minha bochecha. Em seguida ele manteve seu rosto junto ao meu e deslizou sua boca pela minha bochecha até chegar aos meus lábios – estou tão apaixonado por você. Nem acredito que a noite passada aconteceu.

- você já tinha feito antes?

- o que?

- sexo com homem?

Deus AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora