THE WORKSHOP

8. I have questions

Becky's pov

Fiquei a madrugada acordada tentando assimilar o que havia acontecido. Aquilo não era atuação de forma alguma, primeiro os beijos de língua e depois tudo isso que aconteceu. Não que eu estivesse achando ruim, mas era tudo muito confuso. De uma coisa eu tinha certeza, da minha parte com certeza não era mais a Mon que estava ali, era eu, Becky.

Atuar é algo mágico e até mesmo estranho, nós atrizes e atores emprestamos os nossos sentimentos, o nosso corpo e movimentos para o personagem. Nada do que fazemos ou dizemos representa realmente quem somos quando atuamos, é incrível como a atriz mais doce pode se tornar uma megera amarga apenas ao escutar um "gravando".

Eu era essa atriz. Essa carreira me escolheu e eu decidi seguir meu coração quando expliquei aos meus pais com um longo monologo sobre a importância que a atuação tinha para mim, "com tanto que você não coloque isso acima dos estudos", eles disseram e eu prometi que estudar sempre seria minha prioridade.

Durante toda a minha vida tive todos os privilégios possíveis e tudo o que o dinheiro poderia comprar, inclusive a melhor educação do Reino Unido, férias em lugares paradisíacos e tudo o que eu quisesse vestir, calçar ou usar das melhores marcas do mundo. Apesar disso, meus pais sempre mantiveram eu e o meu irmão com os pés do chão e sempre nos fizeram batalhar pelas coisas. Para ganhar uma nova bolsa eu precisava passear com o nosso cachorro todos os dias, ou tirar uma boa nota em uma prova e até mesmo ajuda meu pai no seu prestigiado escritório de advocacia que atua nos em diversos países da Asia e da Europa.

A atuação para mim começou como um hobbie e logo foi se tornando uma grande parte da minha vida, parte a qual não posso mais viver sem. Apesar de estar muito empolgada com o novo projeto, minha motivação não era o dinheiro mas sim apenas me dedicar e dar o meu melhor para deixar as pessoas felizes. Quando comecei a conversar com os outros atores do elenco e principalmente Freen, percebi que as questões financeiras eram as suas maiores motivações e desde então passei a me motivar também a ajuda-los de alguma forma com o sucesso da minha atuação.

Freen era uma menina tão doce, dava para ver a sua obediência e respeito com a sua mãe com quem estava sempre compartilhando suas conquistas. Quando chegamos naquele dia mais cedo na praia, ela tirou uma foto sorridente para enviar para seus familiares e escreveu o quanto a casa era grande e bonita, o que deixou a sua mãe impressionada.

Me divertia ver a vida com o olhar da Freen já que para mim nem de longe aquela era uma casa tão maravilhosa assim, nem a comida que comemos era tão exclusiva. Ao pensar nela,  não pude deixar de voltar meu pensamento para o que tinha acabado de acontecer mas nesse ponto já estava com muito sono e resolvi finalmente dormir.

Freen's pov

Na manhã de sábado abri meus olhos bem cedo e assim que olhei para Becky, ainda dormindo, não pude deixar de ter flashbacks da noite anterior – meu Deus do céu, o que eu fiz? – disse baixinho enquanto a observava. Eu não sabia se ela estava a vontade para fazer algo como o que fizemos ontem já que essa era a sua primeira experiência.

Decidi levantar e tentar seguir o dia como se nada tivesse acontecido, esperaria ela tocar no assunto ou nunca falaríamos mais sobre isso e nem tentaríamos nada do tipo.

Ao descer me deparei como muitos itens de café da manhã que haviam acabado de chegar via delivery, organizei a mesa e sentei na varanda para esperar Becky acordar para então comermos juntas. Nesse dia a produção tinha preparado um passeio de barco para nós então não poderíamos demorar muito para sair de casa.

Por volta das 08:00 Becky desceu as escadas e corou ao me ver – ela teve o mesmo pensamento que eu agora – pensei enquanto sorria em sua direção.

- Bom dia, Mon. Venha comer – eu disse

- Bom dia, Khun Sam. Sim, tenho muita fome – ela respondeu ainda envergonhada.

Puxei a cadeira para que ela se sentasse e comecei a apresentar todas as comidas que tínhamos a disposição para o café da manhã. Ela tinha cara de sono e parecia tensa, pensei em puxar o assunto da última noite, mas resolvi esperar a iniciativa dela. Agora éramos Sam e Mon, até o final do dia quanto sairíamos dos personagens para fazer uma avaliação da nossa atuação.

- Hoje preparei para nós uma viagem de barco. Você não deve ter estado em barco luxuoso como o meu, não é mesmo? – perguntei com muito sarcasmo.

- Não, Khun Sam. Nunca estive em um barco luxuoso e estou muito feliz por isso – respondeu.

- Você pode vestir um vestido de verão e a sua roupa de banho, vai estar muito quente – eu falei dando ênfase na palavra "quente" enquanto me aproximava do seu rosto.

Ao estar tão perto não pude evitar de dar um beijo leve em seu rosto e logo em seguida em sua boca, o que ela correspondeu – nossa, ela tá ficando boa nisso – pensei enquanto seguíamos. Dessa vez, Becky tomou o controle da situação e me empurrou até uma parede onde passou a me pressionar na tentativa de mostrar domínio.

- Sobre ontem... – ela falou quebrando o nosso contato visual.

- O que aconteceu ontem é o que acontece quando duas pessoas se amam, Mon – respondi segurando o seu queixo para que ela voltasse o seu olhar para mim novamente. Como se tivesse se arrependido de ter levantado esse assunto, ela interrompe abruptamente e me dá pressa para sair.

- Você com essa marra toda querendo mandar em mim só te faz ficar mais fofa, Mon – eu disse causando nela uma reação ainda mais fofa de fazer um biquinho e cruzar os braços emburrada.

- Mas vamos sim, não podemos perder a hora de passear de barco – respondi.