20. Time to face reality

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Freen's pov

Me sentia mal e sentia um enorme aperto no peito. Fui embora da casa de Fred que me seguiu até a porta me falando para pensar bem no que ele havia dito e me assegurando que ele esperaria senso da minha parte já que eu não era mais uma adolescente. 

O caminho até minha casa pareceu eterno, eu chorava ao volante e por mais que tentasse ignorar tudo o que ele havia tudo, não poderia negar de que de certa forma ele tem um ponto. Se os pais de Becky vão ficar furiosos, imagina a sociedade.

Ao chegar, percebi que tinha que dar um tempo de tudo aquilo então decidir passar o final de semana no interior com minha família. Decidi escrever para Becky:

"Becky, boa noite! Me desculpe o horário... você está bem? Amanhã precisamos conversar, eu sei que te disse que passaria o final de semana contigo mas terei que ir ao interior visitar a minha família. Amanhã passo aí para te pegar e conversamos."

Não consegui dormir naquela noite ensaiando o que eu diria para Becky. Eu estava apenas tentando protege-la do mundo cruel em que vivemos e faria o que fosse preciso para vê-la bem, mesmo que isso significasse a minha tristeza. Eu era capaz de abrir mão do que eu mais amava para vê-la bem, não poderia imaginar o que ela poderia sofrer apenas por escolher estar comigo.

Acordei bem cedo e me preparei para seguir em direção à casa da mais nova. Ela logo entrou no carro e de cara notou que havia algo errado.

- P'Freen, por que os seus olhos estão inchados, aconteceu algo com alguém da sua família e por isso você irá visitá-los? - ela disse enquanto me olhava com olhinhos de preocupação.

- Becky... eu te amo. E isso significa que eu faria qualquer coisa para te proteger.

- Freen, o que houve? Seu tom de voz está me deixando preocupada.

As palavras de Fred ecoavam na minha cabeça "vocês serão mal vistas e não irão ser chamadas para nenhum outro trabalho, isso não é profissional."

- Eu não quero que você sofra por estar comigo. Você tem apenas 19 anos, estamos apenas começando as nossas carreiras. Fred não irá publicar as fotos se a gente...

- Se a gente o que?

- Se a gente se afastar e manter apenas contato profissional durante as gravações. Ele queria que eu voltasse com ele para não publicar as fotos mas isso nunca irá acontecer, então a condição é que a gente se afaste.

- Eu não posso acreditar, você quer isso? - ela disse já em lágrimas.

- No momento não temos opção. Eu sinto muito que o mundo seja tão cruel e que as pessoas sejam tão más. Eu não quero que nada disse afete a nossa amizade, ok? eu te amo muito e como mais velha estou tentando tomar a decisão mais sábia.

Ela permaneceu em silencio o resto da viagem, apenas encostou sua cabeça no vidro da janela e chorou baixinho durante todo o percurso. Eu segurava firme a sua mão, assegurando que sempre estaria ali.

Logo chegamos ao estúdio e os outros atores já estavam nos esperando. Algo na nossa cara de enterro deve ter denunciado que algo estava errado pois Nam assim que nos viu correu em nossa direção.

- Meu Deus Freenbecky, quem morreu?

- Está tudo bem, Nam. Apenas um dia difícil.

O diretor nos surpreendeu dizendo que gostaria de gravar as primeiras cenas ainda naquele dia e eu estava aliviada que pelo menos nos primeiros capítulos Mon e Sam ficariam mais distantes. Passamos o dia inteiro fazendo gravações e toda vez que o diretor gritava ação, nos transformávamos nas melhores atrizes do mundo, escondendo o quão feriadas estávamos por dentro.

Eu me sentia muito mal por ter que ser a cabeça naquele momento e não seguir o meu coração. E para piorar, o olhar de coração partido de Becky todas as vezes que olhava para mim fazia com que eu não conseguisse nem enxergar direito.

Ao final do dia, ofereci carona a Becky como de costume mas para minha surpresa dessa vez ela tinha pedido para um táxi levá-la para casa. 

- Becky, me avisa quando chegar e compartilhar a localização comigo, por favor - eu disse enquanto ela entrava no carro.

- Boa noite, P'Freen. Te aviso quando eu chegar - ela respondeu.

Me doía tanto não ser eu quem a entregaria em casa em segurança e me doía ainda mais não ganhar um beijo de boa noite e ter a chance de dormir ao seu lado naquela sexta-feira chuvosa. 

Voltei para casa e a realidade se fez mais presente. Eu precisava de tempo para pensar em como agir e por isso preparei uma pequena mala para seguir em direção ao interior onde nasci e onde até hoje moravam os meus familiares.

Ao chegar em casa, minha mãe me abraçou forte e chamou os meus tios, primos e avôs para almoçarem conosco no domingo.

- Estou tão feliz que você está em casa, filha! - ela disse enquanto me abraçava.

Eu estava feliz por estar ali longe de tudo e de todos, em um local pacato onde não existia pressão para que eu fosse perfeita. Será que eles me aceitariam? Será que se eu apresentasse a Becky como minha namorada os meus familiares tratariam ela bem?

- Filha, você está tão distante... está acontecendo alguma coisa?

- Não mãe... impressão sua. Estou apenas cansada pois estamos trabalhando muito.

- Tudo bem se você não quiser falar sobre o que está acontecendo, mas tem algo errado e eu posso sentir. Não esqueça que as mães têm esse poder. Só posso te garantir que o que quer que seja, sua família sempre estará aqui para te apoiar. Eu te amo mais que tudo nesse mundo, incondicionalmente e para sempre. 

Aquela noite também não conseguia dormir, apenas pensava em como estava a cabeça de Becky há quilômetros de distância. Queria escrever para ela mas não tive coragem, afinal eu quem pedi distância. 

Naquela noite chorei até dormir enquanto a chuva lavava a janela do meu quarto, o mesmo em que dormi durante toda a minha infância e adolescência.

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