Capítulo 2

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Que noite maravilhosa!

Isso me encheu de expectativas para esse dia, porque não é possível que depois de uma noite tão agradável, o dia seja uma perda total.

Ao longe vejo um luz ascendendo, vou em direção a ela e encontro meu celular piscando mais do que luzes de natal.

5h:30 am
"Júnior, cadê você?"

5h:40 am
"Júnior, aconteceu algo?"

5h:45 am
"Júnior, porque eu ligo e você não atende?"

5h:47 am
"JÚNIOOOR?"

Júnior Júnior Júnior

Foi tanto Júnior, que eu fiquei com raiva do meu próprio nome.

- O que foi, Luiz? Essa hora da manhã e já tá me perturbando? - respondi indignado.

- O QUE FOI? É SÉRIO ISSO? O QUE FOI? VOCÊ ESTÁ 40 MINUTOS ATRASADO, E TEM 20 PARA CHEGAR AQUI, SEU PIRRALHO!

Pirralho?
Eu tenho 32 anos e ele me chama de pirralho? Só pode ser brincadeira, o que ele acha que tá fazendo? Eu não sou um pirralho, sou um hom...

OH MEU DEUS!
O INTENSIVO...

Estou 40 minutos atrasado e agora só tenho 20 pra chegar lá.

Eu estou muito ferrado!

Corro para o banheiro e tomo o banho mais rápido que eu já tomei em toda a minha vida. Se botasse um foguete e eu para disputarmos uma corrida até a lua, eu ganharia.

Sem sombra de dúvidas.

Faço tudo o que tem que ser feito - ou quase tudo, faltou arrumar a cama. Droga! - e desço as escadas.

Corro até a garagem e retiro meu carro. Saio em disparada pela rua, mas respeitando todos os sinais, pedestres, animais e ETs, é claro.

Resta 7 minutos e tenho mais quatro quarteirões antes de chegar na academia. Eu consigo! Preciso conseguir, ou o Luiz vai comer meu fígado com queijo brie, e eu nem sei se brie combina com fígado. Mas isso não importa, ele vai comer de qualquer jeito.

Quando, finalmente, falta apenas dois quarteirões, um carro com um motorista bem atrapalhado entra de vez na rua onde eu estou, invadindo minha faixa. Giro o volante para minha esquerda direcionando o carro em direção à outra.

Meu coração tá acelerado, adrenalina pura.

Estaciono no acostamento e saio.
Respiro fundo e vou até o carro parado no meio da pista.

O maluco ficou nervoso e apagou o carro, isso poderia ser um grande problema. Que bom que a rua é a de um atalho que peguei e por isso não está movimentada. Madita hora que tomei essa decisão, inclusive. Se eu tinha dúvidas se brie combinava com fígado, agora não tenho mais. Estou atrasado em dobro.

E ferrado! Não esqueça do ferrado.

- Cara, você tem algum problema? - Já cheguei perguntando - como você entra desse jeito sem dar nenhum sinal?

- Desculpa, moço! - essa voz não é de um maluco como eu imaginava, é de uma maluca. - Eu não costumo dirigir, mas hoje eu precisava. Não pensei em dar sinal, só em entrar na rua. Olha, eu não quero problemas, o erro foi meu e eu assumo, só por favor não faz nada comigo, tá? Você é tão grande e forte, meu Deus, muito grande e muito forte, eu seria uma presa fácil, e não tem graça caçar se a presa é fácil, não é mesmo?

Eu ri.
Não é possível que essa maluca esteja falando isso para um cara que ela não conhece.

Ela continua falando e tá difícil de acompanhar. Fico um pouco atordoado, ela não cala a boca nem por um segundo.

Nocaute - Docshoes Onde histórias criam vida. Descubra agora