Alice de França
Depois de passar o dia todo no hospital com direito a apenas uma saída rápida para almoçar, finalmente, chego em casa.
Hoje foi uma grande correria.
Eu sou médica de UTI, então tudo é sempre um caos. Mas, eu não reclamo de jeito nenhum, as vezes bate um cansaço que dá vontade de dormir no meio do corredor, mas eu amo o que faço.
E não é que eu goste das pessoas doentes sofrendo, longe de mim, mas o caos da UTI é o meu favorito, aquela correria me encanta.
Estaciono o carro na garagem e subo as pressas para o meu apartamento. Nada melhor que chegar em casa depois de um dia tão cansativo.
Amanhã é minha folga, pensei em não tirar, mas eu realmente preciso. Na verdade, serão três dias de folga, já que passei três semanas trabalhando direto sem descanso nenhum entre elas. Vou aproveitar e cuidar um pouco de mim também, afinal, eu mereço.
Hoje posso me dar ao luxo de tomar um banho mais demorado, sem me preocupar com a hora de ir dormir.
Vou em direção ao banheiro me despindo no caminho. Entro no box, ligo o chuveiro na temperatura quente - está fazendo frio ainda - e deixo a água escorrer pelo corpo. É como se eu tivesse tendo a alma lavada. Eu amo banhos, principalmente quando eu posso demorar neles.
Depois de 20 minutos, vou para o quarto e visto meu pijama. Eu amo pijamas também. Em seguida, vou para cozinha preparar algo para comer, tem que ser algo rápido e gostoso, estou com minhas tripas brigando para ver quem engole quem primeiro.
Um absurdo dessas queridas.
Decido fazer um macarrão ao molho branco com camarão. Já tenho camarão pronto na geladeira, o macarrão é coisa de minutos para cozinhar, e o molho eu rapidinho faço. Não tem janta melhor para uma pessoa tão cansada e urgente em comer como eu.
Enquanto preparo o macarrão, coloco Sonho do Atitude 67 para tocar. Essa é uma música que toca no fundo da minha alma, porque fala em tudo que acredito.
Aproveito que o macarrão está no fogo e vou dar uma olhada em meu email, faz tempo que não consigo olhar minhas mensagens.
- Não é possível. - falo incrédula e para o vazio do apartamento. Ou não, vai que tenho companhias do além. - Isso só pode ser brincadeira.
Quando eu estava no meu período de residência, eu me inscrevi para uma vaga de médico em uma equipe para acompanhar um lutador em todas as suas lutas, mas isso foi antes de entrar no hospital. Eu queria tanto fazer alguma coisa diferente do que estava fazendo na residência, que quando vi, me inscrevi logo.
Mas poxa, logo agora? Depois de um ano e meio que estou no hospital, que já tenho uma carreira, tenho meus pacientes. Não é justo!
- E agora Alice de França, o que você vai fazer? Se aventurar no desconhecido e ter alguma boa surpresa, ou ficar bonitinha onde já está e não ter nenhuma decepção?
Quem mandou esse assessor só me responder agora, depois de um ano e meio?
UM maldito ANO E MEIO!
É sacanagem! Não passou pela cabeça desse cara que eu já poderia ter uma carreira toda prontinha e linda? Que um ano e meio é muito tempo para se responder alguém e que as coisas, simplesmente, acontecem?
A vida não para, meu querido.
Termino de ler o texto da mensagem e vejo que tenho 24h para retornar, caso contrário, eles entenderão que eu estou dispensando.
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Nocaute - Docshoes
FanfictionNa luta entre o medo e o coração, ele só tem duas opções: esconder-se atrás dos seus receios, ou lutar e viver a mais bela história de amor que já se ouviu falar. A pergunta que fica, é: Qual delas ele irá escolher? . . . . História inspirada em Am...